A legitimidade do protesto contra a Yeda


Desde o iluminismo francês, quando naquela oportunidade expressou as necessidades e anseios da sociedade burguesa do século XVIII, o chamado“século das luzes”. Movimento este que denunciava o Antigo Regime, abrindo caminho para diversos movimentos sociais. A partir de uma noção de função e papel do estado, direitos civis e rompimento com uma idéia de poder autocrático.
Pensadores como Rousseau e Montesquieu foram influência direta para os movimentos democratizantes na Europa e na América, que posteriormente originariam, num longo e lento processo, os modernos estados democráticos ocidentais.
Uma importante noção desenvolvida já naquele tempo é a de que quando o Estado não cumpre suas funções, a população tem o direito de se rebelar contra ele. Constituindo aí um importante elo de movimentação social para a construção democrática, ainda que com limites. Não é a toa que governos de cunho autoritários e ditatoriais sempre buscam impedir esse direito ao protesto.
No Rio Grande do Sul, a atual governadora, Yeda Crusius, pelas inúmeras políticas anti-populares e de cunho neoliberal, além de diversas denúncias de corrupção ao longo de toda a gestão tem tentado, repetidas vezes, impedir ou cercear as manifestações populares. Quando não conseguindo, trata de tentar desqualificar as mesmas, não conseguindo esconder a visão autoritária da governadora.
Diversas foram as ações da Yeda que comprovam isso, desde uma opção por uma política de enfrentamento aberto, comandado pelo “cão de guarda” Capitão Mendes, que quando esteve no comando da polícia militar tratou com violência e repressão as diferentes manifestações sociais. Com um ódio particular pelo MST, alvo de ataques constantes e arbitrários. Essa tática, obviamente, foi um desastre completo, não arrefeceu os movimentos sociais, que apenas intensificaram as suas mobilizações e ainda ampliou o desgaste político.
Nasce desta postura inicial autoritária e violenta da reação do governo Yeda, aliada as políticas desastrosas por outro, que explicam o processo de radicalização das mobilizações sociais no RS. Não surgiu por obra do “acaso”, como a governadora gosta de querer fazer transparecer, em uma tentativa frustrada de vitimização, mas tem uma origem muito conhecida e sabida.
O quadro só não é pior pela proteção constante da mídia, do grupo RBS em particular, que sempre garante uma “blindagem” para a governadora. O recente protesto dos sindicalistas liderados pelo CPERS em frente a casa da governadora teve esse mesmo tratamento que os anteriores.
Por um lado, uma ação violenta e truculenta da Polícia Militar para reprimir a manifestação e por outra uma cobertura midiática distorcida por parte da RBS, colocando a governadora como vítima. Dois problemas imprevistos ocorrem na execução da desta resposta da direita: por um lado a repressão foi excessiva, tendo jornalistas agredidos e prisões arbitrárias de manifestantes e a reação destemperada da governadora.
O Brasil inteiro noticiou o “papelão” da governadora, menos a Zero Hora, que chegou ao cumulo de comparar o Cpers ao MST numa tática que lembra um pouco a estratégia da direita na Guerra Fria., onde busca no “temor” aos “comedores de criancinhas” e na desinformação, reforçar uma visão preconceituosa e anti-democrática da esquerda ou de qualquer opinião que não seja a deles.
O direito ao protesto passa a ser questionado, como conseqüência, nessa visão conservadora. Liberdade apenas para o mercado, ainda mais se for alimentado a incentivos fiscais, arroxos salariais e flexibilização nas leis trabalhistas e ambientais. Nada disso é novidade no governo da Yeda, e tem sido uma marca de seu governo.
Nunca esconderam a falta de apreço pela democracia, o direito ao protesto não é coisa de “comunistas” como a RBS e a Yeda querem fazer crer, ele acompanha a própria noção de estado democrático republicano. Romper com essa noção apenas reforça a certeza de que esse governo não deve continuar, e que o protesto, mais que uma opção passa a ser uma necessidade.

3 comentários:

claudia cardoso disse...

Muito bom, Erik!

Carlos Eduardo da Maia disse...

Uma coisa é o protesto natural, quando as pessoas do povo naturalmente vão para as ruas protestar, como ocorreu com o Collor e com Diretas Já, e outra coisa é o protesto articulado e manipulado por minorias participativas. São situações diferentes. Essas poucas pessoas que estiveram na frente da casa da Yeda representam quem? Por acaso elas representam o povo? É evidente que não. O protesto foi articulado pelo CPERS porque quer enfraquecer o governo Yeda que quer mexer nos interesses particulares e corporativos da direção do sindicato. O CPERS não representa o povo. O PSOL não representa o povo. Legítimo o protesto é, mesmo que em frente a casa da governadora, porque existe aqui uma peculiaridade, a casa de Yeda pode sim ter sido adquirida por picaretagem (eu acredito nisso). Mas essa picaretagem da Yeda justifica o fim do seu governo? Muita picaretagem se faz na esfera federal do governo do PT, como toda a sociedade brasileira bem sabe, isso justifica o fim do governo do PT? É evidente que não.

Tux disse...

É...Estou achando que o Carlos Tucano da Maia utiliza algumas coisas estranhas no sangue dele...Pô, uma pessoa dizer que.. "Uma coisa é o protesto natural, quando as pessoas do povo naturalmente vão para as ruas protestar, como ocorreu com o Collor e com Diretas Já," realmente NÃO sabe...Parece aqueles cachorros vira-latas que latem sempre que vem um carro, que no caso dele, sempre que um carro socialista, sai feito louco, querendo morder, sem pensar direito no que diz/late.

Cara, realmente ou tua memória é fraca, ou te faz... As Diretas Já protesto natural? O que tu defines por natural? (Pesquisa no Google as chamadas que rolavam na TV nessa época) Filhote, eu estava lá no dia... Não fui forçado a nada, não sou professor e SIM, protesto porque sou o "povo" que segundo a tua questionavel opinião, não estava lá representado... De certo, o povo como você, tucano, que fica sentando vendo Globo o dia todo, não estava representado...
Eles roubam tanto, porque ficamos de braços cruzados, achando que comentar em blogs alheios irá fazer alguma diferença..O dia que eu te ver protestando por alguma coisa nas ruas, mudo a minha opinião, mas alguém que fica o TEMPO TODO amenizando as falcatruas da Yeda, Brito, etc, não vale... Povo gaúcho é conhecido por lutar, gente assim, é vergonha para nossa terra. (Quando falo nossa, não te inclui tá?)