Um novo projeto: Blog do Sul do Mundo



Aos amigos e amigas que acessam ao Aldeia Gaulesa temos uma boa notícia: iniciamos um novo blog, com uma nova proposta editorial, mas um mesmo compromisso político e social. É o Blog do Sul do Mundo, entrem lá e confiram.

http://www.blogdosuldomundo.net

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O fim do blog Aldeia Gaulesa


E o momento chegou, sem mais rodeios e adiamentos, resolvo anunciar o fim das atividades do blog Aldeia Gaulesa. 
Sim, este blog não receberá mais novos conteúdos e está encerrando, oficialmente, sua continuidade. Contudo, o blog não será apagado, mantendo no ar todo seu arquivo de publicações.
Mas, antes de seguir expondo as razões deste anuncio, cabe um rápido comentário sobre as motivações iniciais deste blog e sua trajetória.

Criei o Aldeia Gaulesa em janeiro de 2007, mas não foi este o meu primeiro blog. No final dos anos 1990 tive uma primeira experiência, na época ainda não tinha o termo "blog" se popularizado e aquela primeira tentativa foi utilizando a plataforma "HPG" (alguém ainda se lembra dela?), durou alguns meses, com bons resultados, mas de vida efêmera. O uso da internet ainda era restrito e as possibilidades técnicas limitadas e custosas economicamente.

Depois disto criei dezenas de outros sites e blogs, alguns coletivos outros individuais, mas a experiência mais exitosa e duradoura sem dúvida foi o Aldeia Gaulesa. Quando o criei em 2007 a ideia era de um blog claramente de esquerda, sem medo de tomar posições políticas, mas que não restringi-se o diálogo apenas para "convertidos" ou filiados a determinado partido. Era criar um espaço de debate e informação no campo da esquerda, mas que não se fecha-se a internismos e questões que pouco interessam a um público um pouco mais amplo.

O espírito geral era de ser mais uma voz de resistência e em defesa da democratização do acesso a informação, uma "aldeia" de resistência em um ambiente amplamente dominado pelos grandes meios de comunicação. Sem alimentar ilusões de que um blog, sozinho, teria capacidade de promover grandes mudanças, mas com a pretensão mais modesta de tentar, de alguma forma, colaborar para a difusão de uma opinião crítica sobre a sociedade.

Durante este período, o blog contou com inúmeros colaboradores, que ajudaram de diversas maneiras para o blog ter vida e público. Foram mais de três mil e trezentos posts, mais de um milhão e meio de acessos e algo entorno de seiscentos mil visitantes únicos. São números que nos orgulham, principalmente se constatarmos que o blog jamais contou com qualquer estrutura profissional, com qualquer aporte financeiro e sendo atualizado basicamente nos meus horários livres.

A bem da verdade, o blog contou com uma conjuntura favorável, quando em meados da década passada a chamada blogosfera emergiu ganhando um amplo espaço nas redes, mostrando uma força tamanha que muitas chegaram a firmar que estava fadado o fim dos “portais de notícia” e dos grandes “jornalões” como canais hegemônicos de informação e opinião. Uma mídia alternativa, com baixíssimo custo e com uma potencialidade infinita de pluralidade de opiniões parecia ser um caminho sem volta. Podemos chamar este período de a “era de ouro” da blogosfera, onde milhares de blogs surgiram em todo o país.

No Brasil, o grande momento deste tipo de comunicação alternativa talvez tenha sido na eleição da Dilma em 2010 e o famoso caso da “bolinha de papel”. A possibilidade das informações passarem a ser fruto de ações individualizadas e fragmentadas, rompendo com o monopólio das grandes empresas de mídia, no entanto, já naquele período demonstrava alguns sinais de fragilidade da blogosfera, que nos anos seguintes se confirmariam. Se 2010 pode ser apontado como o auge da blogosfera progressista, foi também a partir daí que se acelerou seu processo de derrocada. Não pretendo aqui detalhar suas causas, mas constatamos que o enfraquecimento da blogosfera que se iniciou nesta década é incontornável. Ela seguirá, sem dúvida alguma existindo e desempenhando um papel fundamental na disputa de opiniões e informação, mas não com o mesmo alcance e sedendo espaço para outros meios e plataformas, mas bem, isso já é assunto para outro momento.

Merece registro a triste constatação que são poucos (quase inexistentes) os mecanismos de fomento e incentivo, no Brasil, para a construção de espaços de mídia e comunicação alternativa. Tentar fazer mídia alternativa em nosso país é uma tarefa heroica!

A noção de pluralidade que potencialmente a informação nas redes permite, está cada vez mais condicionada a presença hegemônica dos grandes veículos e ao poder financeiro. Hegemonia relativa e com fragilidades, mas ainda sim uma presença cuja força é inquestionável. As próprias redes sociais, fundamentais para uma difusão de informação, hoje caminham para um fechamento cada vez maior, no Facebook, a maior rede em número de usuários, quem não pode pagar para ser visto, desaparece.

Felizmente, a internet não se resume ao Facebook e aos portais, a comunicação alternativa e direta entre as pessoas segue e seguirá viva. O que não tem mais sentido é tentar, através dos poucos recursos disponíveis para um blog, acreditar que isoladamente, possa dar conta de responder ao conjunto de fatos da conjuntura imediata. Ainda que o Aldeia Gaulesa nunca tenha tido exatamente esta pretensão, sempre teve em sua pauta central debater os temas da conjuntura imediata. Paulatinamente, no entanto, não tivemos mais folego para manter uma linha editorial neste sentido. Sem nenhum investimento e algum grau de profissionalismo, não é possível, diariamente, debater os principais fatos do momento por uma perspectiva crítica. A falta de meios materiais se impõe...

A vida também se encarrega de colocar novas perspectivas e desafios e, no meu atual momento, não é mais possível dedicar tantas horas diárias para manutenção deste espaço. Nos últimos meses o ritmo de atualizações já havia caído drasticamente. Tive o desprazer, ao longo desta caminhada na blogosfera, de acompanhar muitos blogs parceiros de luta e caminhada acabarem. A imensa maioria sem anunciar formalmente seu fim, alguns até mesmo ensaiando retornos, que no entanto foram efêmeros e sem continuidade. Acho ruim um blog acabar desta forma e por essa razão que optei por anunciar o fim do blog e não simplesmente acabar com ele por falta de atualização, quase como uma "morte por inanição".

O Aldeia Gaulesa não receberá mais nenhuma atualização, assim como não será mais permitido a publicação de nenhum comentário.

O blog não será retirado do ar, todos os posts e comentários seguirão disponíveis na rede. Como historiador, defendo a importância da manutenção de registros de memória. Na web, onde muitas vezes reina uma instantaneidade fugaz, que não deixa registros públicos, manter viva esta memória digital é um esforço necessário.   

Por fim, quero agradecer a todas e todos que, de alguma forma, acompanharam este blog. Seja aqueles que escreveram artigos, sugestões de pauta, comentários e observações das mais variadas, ajudaram na divulgação do blog ou ainda simplesmente lendo os posts que circularam no Aldeia. Foi esta rede, informalmente formada, que fez o blog existir de fato, sem isso, não teria todos estes anos na ativa. A todo/as vocês meus sinceros e fraternos agradecimentos. 

A luta segue e muito em breve nos encontraremos novamente em uma nova "trincheira de resistência" na web. 


PS: Esta "Aldeia Gaulesa" na blogosfera se encerra em um momento muito particular e carregado de sentidos políticos. Uma outra "Aldeia Gaulesa" se ergue na Europa: a Grécia de Alexis Tsipras, Varoufakis e o Syriza. A Grécia que ousa se erguer de forma soberana, legitimada por um plebiscito onde 60% decidiu, por um novo caminho. Decidiu dar um basta as políticas de austeridade, impostas pela Troika (FMI, União Europeia, Banco Central Europeu), presas em sua ortodoxia neoliberal, que repedidas vezes, nas últimas décadas, tem se mostrado desastrosas. Esperamos que esta tentativa grega tenha sucesso e que inspire os povos europeus a buscarem outras alternativas emancipatórias que rompam com a ditadura dos mercados.

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Parada para balanço


Autor: Laerte.
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A quem a história não esqueceu: A Revolta da Chibata



Por Erick da Silva

Em 1910, no dia 22 de novembro daquele ano, após ser dado o toque de recolher, o ataque já estava pronto. Iniciava-se o movimento que entraria para a história como a “Revolta da Chibata”.
Os marinheiros tomaram naquela noite a então poderosa marinha de guerra brasileira e dirigiram os seus canhões contra a capital da república.
O movimento lutava por melhores condições de vida para a categoria. O soldo era muito baixo; as condições de trabalho eram precárias; recebiam alimentação de péssima qualidade, muitas vezes estragada; as mínimas faltas eram castigadas com surras, solitária, ginástica punitiva. Em plena República, 22 anos após a abolição da escravatura, a punição física pela chibata ainda era realidade. Práticas discriminatórias eram correntes, os oficiais orgulhavam-se de seus “sangues limpos” e desprezavam os marujos, que eram em sua quase totalidade formada por negros e mulatos.

João Sicsú: PT, um partido sem projeto de desenvolvimento



Por  João Sicsú

Está chegando a hora da verdade. As previsões sobre as consequências da política de aperto (fiscal e monetário) do governo se transformaram em números oficiais. O desemprego não para de crescer, a formalização do trabalho diminuiu, o crescimento econômico ficou negativo e os investimentos públicos e privados desabaram.

Os quatro governos do PT sempre mostraram a sua cara logo no início de cada gestão – ou até mesmo antes da posse. Em 2003, iniciou com uma política de aperto fiscal e monetário. A despeito da opção errada, fez um governo regular graças ao cenário internacional favorável e à pressão das centrais sindicais pela ampliação do crédito e a valorização do salário mínimo. Em 2007, iniciou lançando o PAC. Foi uma positiva e extraordinária mudança em relação ao pensamento que havia predominado de 2003 a 2005. Resultado: apesar de grandes dificuldades no quadro internacional (a crise financeira de 2008-2009), foi um governo que obteve excelentes resultados econômicos e números muito bons na área social.

Descaso: BM do Sartori manda população apelar ao Batman



A notícia pode parecer vinda diretamente de sites humorísticos como o Sensacionalista, mas infelizmente não é, ela realmente aconteceu: O tenente-coronel Francisco Vieira, comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), declarou, na noite deste sábado, que quem frequenta a Serenata Iluminada, no Parque Redenção, não quer a presença da Brigada Militar. “Agora aguentem. Chamem o Batman”, ironizou.

A afirmação foi feita em um grupo nas redes sociais após ter sido indagado por jornalistas sobre o policiamento no local.

A situação da segurança pública no Rio Grande do Sul tem aceleradamente se deteriorado na gestão do governador Sartori, este episódio é simbólico desta condição.

Laerte e as 10 tiras que abalaram o mundo


Laerte produziu, algum tempo atrás, esta divertida e icônica série de tiras em quadrinhos inspiradas na Revolução Russa. Um belo dia, quando um rapaz curava-se de sua ressaca, surgi em sua frente ninguém menos que Valdimir Ulianov Lenin.  Assim começa a série das "10 tiras que abalaram o mundo".

A distopia reacionária da redução da maioridade penal


Por Erick da Silva

Um dos sonhos de todo reacionário brasileiro (mas não somente) é a redução da maioridade penal, que deverá em breve ser votada no congresso nacional comandado pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ). Os argumentos favoráveis em torno desta proposta são, em geral, permeados por uma boa dose de preconceito social e ausência de dados empíricos.

Não importa se 10 em cada 10 especialistas afirmem que tal medida em nada melhoraria o quadro da segurança pública no país. Para estes "nobres" deputados e deputadas favoráveis a redução da maioridade penal dos atuais 18 anos para 16, o que importa é dar "uma resposta para a sociedade". Mesmo que ela não passe de um embuste.