Espionagem americana se espalhou pela América Latina


De janeiro a março passado, de acordo com os documentos, agentes da NSA realizaram ações de espionagem na América Latina usando ao menos dois programas: "Prism" (no período de 2 a 8 de fevereiro) e "Boundless Informant" (de janeiro a março).

O "Prism" possibilita acesso a e-mails, conversas online e chamadas de voz de clientes de empresas como Facebook, Google, Microsoft e YouTube. Através dele, a NSA levantou dados sobre petróleo, energia e narcóticos do México. Esse programa, no entanto, não permite o acesso a todo o universo de comunicações. Grandes volumes de tráfego de telefonemas e de dados na internet ocorrem fora do alcance da NSA e seus parceiros no uso do Prism.

Para ampliar seu raio de ação, a agência desenvolveu outros programas com parceiros corporativos capazes de lhe abrir acesso às comunicações internacionais. É o caso do "Boundless Informant", para catalogação de telefonemas e acessos à internet.


Alvo prioritário

A Colômbia foi o segundo alvo prioritário na América Latina nos últimos cinco anos - logo depois do Brasil e do México - na atividade de espionagem da Agência de Segurança Nacional. Informações de documentos da agência mostram uma coleta de informações na Colômbia em fluxo expressivo e constante, embora variável, no período entre 2008 e o primeiro trimestre deste ano, até março passado.

A importância das operações na Colômbia é destacada em mapas da agência. Em parte, pode ser justificada pela intensa cooperação entre os governos de Washington e Bogotá na ofensiva contra as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (Farc-EP). Mas, além dos aspectos militares, há também econômicos - como petróleo.

A Colômbia mantém uma aliança militar com os EUA sem paralelo nos demais países da América do Sul. Isso a torna área privilegiada para as agências americanas, como a NSA, na rotina de coleta de informações ao Norte e ao Oeste da América do Sul.

Os documentos da NSA não contêm números específicos, mas a escala de cores usada na elaboração dos mapas da agência permite a conclusão de que, nos meses de março deste ano e do ano passado, a Colômbia era considerada um alvo de espionagem tão relevante quanto o Brasil e o México.

Chávez foi monitorado 

Também foram espionados, de forma constante mas em menor intensidade, Venezuela, Argentina, Equador, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, Paraguai, Chile, Peru e El Salvador.

Colômbia, Equador e Venezuela também foram monitorados, em 2008, pelo programa X-Keyscore, capaz de rastrear e identificar a presença de um estrangeiro em um país através do idioma usado por ele em e-mails.

Em março do ano passado, a Colômbia e a Venezuela voltaram a figurar com destaque entre os alvos da espionagem, conforme documentos na NSA. Os agentes trabalharam com o software, conhecido como "Fairview". O volume de dados coletados, aparentemente, foi menor que o filtrado do Brasil no mesmo período, segundo os mapas da NSA sobre o período.

Em março deste ano, a Colômbia se tornou prioritária para a NSA tanto quanto o Brasil. Foi quando morreu Hugo Chávez.

Com informações do jornal O Globo
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