O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, é alvo de uma nova denúncia de corrupção. Além das gravidades das denúncias, chama a atenção o silêncio midíatico sobre este grave caso, este silêncio, pela importância que tem o futebol no Brasil é injustificável e escancara as ambíguas (para dizer o mínimo) relações entre a grande mídia e o "Don Corleone" do futebol brasileiro.
AS denúncias não são novas, documentos obtidos com exclusividade pela Agência Estado de uma corte na Suíça confirmam que cartolas da Fifa admitiram que receberam subornos milionários nos anos 90. A informação foi revelada em audiências diante do juiz da cidade de Zug, em um caso fechado no ano passado. “Nos procedimentos, os acusados negam responsabilidade criminal, mas não o recebimento dos fundos”, afirmou um dos documentos do Tribunal. A corte se recusa a dizer quem seriam os envolvidos, já que um acordo extra-judicial encerrou o processo.
Mas, ontem, a BBC colocou no ar um programa que revelou que os envolvidos seriam o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e o ex-presidente da Fifa, João Havelange. Ambos, segundo a tevê pública britânica, teriam fechado um acordo para impedir a publicação dos nomes dos envolvidos. A revelação foi ao ar enquanto Joseph Blatter, presidente da Fifa, insistia em discurso no Japão que a entidade era “limpa”. Em uma semana, ele enfrenta eleições na entidade e no centro do debate estarão as repetidas suspeitas de corrupção que envolvem a entidade.
Qual será o desenrolar destas novas e importantes revelações que vieram a tona é a grande questão. Esperamos, ainda que sem grandes esperanças, que sirvam para moralizar as corrompidas estruturas políticas do futebol.
Abaixo segue a matéria da BBC:
A Fifa está impedindo a divulgação de um documento que revela a identidade de dois dirigentes da Fifa que foram forçados a devolver dinheiro de propinas em um acordo para encerrar uma investigação criminal na Suíça no ano passado.
Uma reportagem do programa de televisão Panorama, da BBC, apurou que um dos dois dirigentes é o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que integra também o Comitê Executivo da Fifa.
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, que tentará ser reeleito para o cargo no próximo dia 1º de junho, declarou recentemente a adoção de uma política de "tolerância zero" para casos de corrupção.
No entanto, advogados que atuam em nome da Fifa estão contestando a decisão de um promotor de Zug, cidade no nordeste da Suíça, que determinou a divulgação de detalhes do caso.
O acordo encerrou uma investigação sobre propinas pagas a altos dirigentes da Fifa na década de 1990 por uma empresa de marketing esportivo, a ISL (International Sports and Leisure).
Até sua falência em 2001, a ISL comercializava os direitos de televisão e os anúncios publicitários da Copa do Mundo para anunciantes e patrocinadores.
Empresa de fachada
No ano passado, o Panorama acusou três integrantes do Comitê Executivo da Fifa, que escolhem as sedes das Copas do Mundo, de receber propinas da ISL. Além de Teixeira, foram citados o paraguaio Nicolas Leoz e o camaronês Issa Hayatou.
Pagamentos feitos aos três dirigentes - no caso do brasileiro, a uma empresa ligada a ele - estavam em uma lista secreta obtida pelo Panorama de propinas pagas a dirigentes esportivos pela ISL em um total de US$ 100 milhões.
A lista de pagamentos incluía uma empresa de fachada em Liechtenstein, chamada Sanud, que recebeu um total de US$ 9,5 milhões.
Uma investigação do Senado brasileiro em 2001 concluiu que Teixeira tinha uma relação muito próxima com a empresa. O inquérito descobriu que fundos da Sanud haviam sido secretamente desviados para Teixeira por meio de uma de suas companhias.
Eleição
O jornalista suíço Jean François Tanda, que requisitou a divulgação de detalhes do acordo na Justiça, diz que a Fifa está atrasando a liberação do documento ao "esticar os prazos, um após o outro".
"A meta agora é evitar que a decisão seja divulgada antes do fim de maio ou do começo de junho", quando a eleição para presidente da Fifa será realizada, diz Tanda.
Além de Ricardo Teixeira, a investigação do Panorama cita o ex-presidente da Fifa João Havelange e conclui que a decisão da promotoria suíça ao encerrar o caso também aponta que a Fifa falhou em coibir o pagamento de propina.
Blatter teria conhecimento de casos de propinas pagas a colegas do Comitê Executivo da Fifa pelo menos desde 1997, quando um suborno de US$ 1 milhão destinado a Havelange, então presidente da Fifa, foi enviado por engano para a entidade.
Tanto Ricardo Teixeira como João Havelange se recusaram a responder perguntas feitas pela BBC. A Fifa se recusou a comentar alegações específicas e se limitou a reafirmar que, em relação ao acordo com a promotoria suíça, o caso está encerrado.
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