A Líbia será o Iraque do Sarkozy?
Por Cornelius Buarque
No filme “Charlie´s War”, protagonizado por Tom Hanks e Julia Roberts, vemos como a incidência de uma socialite sobre um deputado norte-americano motivou a entrada dos EUA na disputa entre o Afeganistão e a URSS em 1978.
Emblemática é uma cena já quase no final do filme onde o deputado tenta aprovar uma verba para a construção de uma escola e não consegue.
No Afeganistão (2001) e no Iraque (2003) aconteceu isso. As pessoas num primeiro momento "comemoram" a libertação de um regime opressor mas posteriormente vem a desilusão com o completo abandono do país e o império do caos.
Começam as táticas de guerrilha e soldados começam a morrer. Aquilo que gerou grande popularidade, se torna um problema. Caso clássico do feitiço virando contra o feiticeiro.
Em 2003, George W. Bush deu por vencida a guerra contra Saddam apenas 90 dias após o seu início. É muito fácil bombardear um país por via aérea ou marítima onde o risco de baixas é mínimo.
Quando começou a ocupação por terra e a necessidade de entrar em becos e vielas cercados por prédios, o pânico toma conta.
Obama e Sarkozy se deram conta disso e seguirão um conselho de Nicolau Maquiavel quando ele disse que “o melhor exército é o exército mercenário”. Diversos veículos de notícias confirmam a autorização para a atuação da CIA no treinamento e o uso de recursos orçamentários para armar rebeldes.
Semana passada foi publicado o manifesto sobre a insustentabilidade do déficit orçamentário americano. Para o povão não tem dinheiro, para a guerra sim. É muita cara-de-pau.
Infelizmente, temos a retomada da estratégia suja utilizada na época da Guerra Fria. O financiamento dos Contras na Nicarágua se assemelha muito ao que é tentado fazer hoje na Líbia.
Como bem colocou o professor Reginaldo Nasser, "Ao que tudo indica Sarkozy quer repetir a estratégia política da campanha de 2007 quando procurou seguir o conselho de Karl Rove (estrategista de Bush). Em vez de tentar construir uma maioria é mais eficaz promover questões polêmicas como imigração, identidade, criminalidade e islamismo que podem provocar a fragmentação das oposições. O resultado, no longo prazo, é um maior nível de dissenso social ou de violência."
O resultado disso, no longo prazo é incerto e suscetível a grandes instabilidades. A Líbia pode acabar se configurando num grande desastre político para a França, assim como foi o Iraque para os EUA.
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