Wikileaks revela as ligações obscuras de Jobim com os interesses norte-americanos
Que o ministro da Defesa Nelson Jobim era um dos ministros mais conservadores e que destoavam do conjunto do governo Lula, quase todos já percebiam. A novidade, que venho à tona com as revelações feitas pelo grupo ativista Wikileaks, são as relações promíscuas que Jobim estabelecia com os EUA.
As mensagens confidenciais reveladas pelo Wikileaks (leia mais aqui), divulgados no Brasil pelo jornal Folha de S.Paulo nesta terça-feira (23/11), mostram que, para os EUA, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, é um aliado, mais do que isso, é elogiado e descrito como "talvez um dos mais confiáveis líderes no Brasil".
Em contraposição ao Itamaraty, onde os telegramas mostram que o governo norte-americano considera o MRE (Ministério das Relações Exteriores) do Brasil um adversário que adota uma "inclinação antinorte-americana".
Em documento enviado no dia 25 de janeiro de 2008, o então embaixador norte-americano em Brasília, Clifford Sobel, relata aos seus superiores como havia sido um almoço com Jobim dias antes. No encontro, o ministro brasileiro teria contribuído para reforçar a imagem negativa do MRE frente aos norte-americanos.
Indagado sobre acordos bilaterais entre os dois países, Jobim mencionou o então secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães. Segundo o relato de Sobel, "Jobim disse que Guimarães 'odeia os EUA' e trabalha para criar problemas na relação [entre os dois países]".
Ou seja, aquele que deveria promover a defesa dos interesses nacionais brasileiros critica a política externa do Brasil e “dá a ficha” de um colega ministro, o embaixador Samuel Pinto Guimarães, que foi vice-ministro das Relações Exteriores como alguém que “odeia os Estados Unidos”. O embaixador americano poderia até supor isso, mas, uma informação dessas, “de dentro”, vale ouro.
Trecho de um dos memorandos elaborados pelo ex-embaixador dos EUA no Brasil, Clifford Sobel |
Já em memorando datado de 13 de março de 2008, Sobel afirma que o Itamaraty trabalhou ativamente para limitar a agenda de uma viagem de Jobim aos EUA. Ao tratar sobre essa visita, realizada entre 18 e 21 de março de 2008, os EUA afirmaram que "embora existam boas perspectivas para melhorar nossa relação na área de defesa com o Brasil, a obstrução do Itamaraty continuará um problema".
Nelson Jobim, que ventilou-se a sua continuidade no cargo durante o governo da presidenta Dilma, mantinha relações que extrapolam os limites aceitáveis para o cargo que ocupa. A função de um ministro da defesa seria, primordialmente, estar em sintonia com o governo e com os interesses nacionais. Na prática, atuou como um verdadeiro “quinta coluna” dos interesses norte-americanos no governo brasileiro.
Após estas denúncias, fica evidente a impossibilidade de Jobim permanecer no governo federal.
Um comentário:
Ficou muito legal!!!!
hehe
Um abraço e tudo de bom amigo!
Postar um comentário