Doze pessoas- cinco delas com ligações atuais ou recentes com o governo do estado e com a campanha da governadora Yeda Crusius, ocupantes de postos na cúpula do Detran e ligadas aos diretórios do PP e do PSDB- foram detidas nesta terça-feira (06) sob a acusação de desvio de R$ 40 milhões em recursos públicos desde 2002. A fraude no sistema de obtenção e renovação das certeiras de motorista foi revelada pela Operação Rodin, da Polícia Federal, em ação conjunta com o Ministério Público e a Receita Federal, e envolve o diretor-presidente do Departamento Estadual de Trânsito do RS (Detran), Flavio Vaz Netto, o ex-diretor-presidente do órgão, Carlos Ubiratan dos Santos, o ex-diretor-geral da Assembléia Legislativa e atual diretor da CEEE, Antônio Dorneu Maciel, o diretor técnico do Detran, Hermínio Gomes Junior e um dos coordenadores da campanha da atual governadora, o empresário Lair Ferst, sua irmã, Rosana Ferst e seu cunhado, Alfredo Teles.
Também foram detidos os advogados Rubens Höehr e Patrícia Bado, esposa de Carlos Ubiratan;o ex-diretor da Fatec, Dario Trevisan e as funcionárias Luciana Cordeiro e Silvestre Selhorts, além de Ferdinando Fernandes e José Fernandes, proprietários da empresa Pensant.
Eles vão responder por crimes de formação de quadrilha, fraude em licitações, tráfico de influência, sonegação fiscal, estelionato, peculato e corrupção ativa e passiva. São acusados de montar um esquema paralelo de obtenção de renovação de carteiras de motorista operado a partir da contratação, pelo Detran, sem licitação, da Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência (Fatec), ligada à Universidade Federal de Santa Maria, para a elaboração de provas para as carteiras de motorista no estado. A Fatec repassou os testes para três empresas e um escritório de advocacia que superfaturariam os serviços e pagariam propina aos diretores do Detran. Especula-se que a fraude tenha colaborado para elevar os custos de obtenção da carteira, estimados em R$ 800,00 e considerados dos mais altos do país.
Governadora foi avisada
A investigação da PF durou mais de um ano e foi impulsionada por declarações do ex-secretário de Segurança Pública, Enio Bacci, demitido em abril deste ano. Nesta terça-feira, ele afirmou que as prisões realizadas pela Polícia Federal são apenas a ponta do iceberg de irregularidades no Detran e lembrou ter alertado a governadora sobre os problemas no órgão, antes de ser demitido. Na época, Yeda Crusius rebateu as declarações de Bacci, dizendo: “Ele não pode inverter a verdade. Ele sabe porque foi demitido” . Bacci também afirmou que o chefe da Casa Civil do governo do Estado, Luiz Fernando Záchia, teria apoiado a nomeação de Hermínio Gomes Junior, do PMDB, para a Diretoria Administrativa e Financeira do Detran.
Záchia negou que tenha respaldado a indicação de Hermínio, salientando que as nomeações resultaram de indicações de partidos da base aliada de Yeda. “Se nós pegarmos as três funções de gestão no Detran, uma é indicação do PP, outra é de uma indicação do PMDB, e outra é uma indicação do PSDB. Todas de pessoas com tradição, de pessoas com reputação, com experiência na área”, explicou. Ele disse que Hermínio Gomes Júnior foi diretor do Detran durante o governo de Germano Rigotto (PMDB) e que tem “experiência técnica na área de transportes”.
CPI
O líder da bancada do PT, Raul Pont, defendeu o acompanhamento pela mesa diretora da Assembléia Legislativa do escândalo envolvendo a cúpula do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). O parlamentar justificou o pedido argumentando que um dos acusados – o diretor da Companhia Estadual de Energia Elétrica, Antônio Dorneu Maciel – já ocupou o cargo de diretor geral da Casa e foi apontado pelo ex-diretor administrativo, Ubirajara Macalão, como responsável por contratos sob suspeição.Quem são alguns dos acusados:
Flávio Vaz Netto
- Procurador do Estado desde 1990
-Secretário Estadual Substituto da Secretaria de Minas, Energia e Comunicações do governo Jair Soares
- Secretário Estadual dos Transportes do governo Antônio Britto
-Presidente do Conselho Administrativo do Porto de Rio Grande e do Porto de Porto Alegre no governo Britto
- Diretor Administrativo da Corsan nos anos de 1996/97, governo Britto
- Delegado Federal do Ministério da Agricultura e do Abastecimento do governo Fernando Henrique Cardoso
-Secretário Estadual Substituto na Secretaria de Obras Públicas e Saneamento do governo Rigotto.
- Assessor jurídico da Secretaria Estadual da Justiça
- Diretor-presidente do Detran no governo Yeda Crusius
Dorneu Maciel
-Diretor administrativo da CEEE desde 2003
-Ex-diretor-geral da Assembléia Legislativa, entre 1995 e 2001. Foi citado por Ubirajara Macalão, pivô do escândalo da fraude dos selos, como envolvido no esquema. Macalão disse que Maciel o teria orientado em 1996 a providenciar a compra de selos para todos os deputados que fizessem a demanda. Na época presidente da Assembléia, Sérgio Zambiasi, descreveu assim a importância do trabalho de Maciel:
“O Sr. Antonio Dorneu Maciel é um homem de inigualável poder de articulação e imensa capacidade de trabalho; é um soldado lutando por uma causa. A sua dedicação à Assembléia Legislativa e ao seu Partido é um exemplo a nos inspirar. Ele viveu e respirou este Parlamento durante todos esses anos, como respira o seu Partido, para o qual trabalha”.
Lair Ferst
-Empresário, casado com a ex-Miss Brasil Deise Nunes.
-Um dos coordenadores da campanha de Yeda Crusius, em 2006. No dia 21 de outubro de 2006, a colunista política de Zero Hora, Rosane Oliveira, apontou-o, junto com Sandra Terra, como um dos nomes fortes para ocupar um futuro secretariado de Yeda.
Hermínio Gomes Junior
-Diretor técnico do Detran, ligado ao PMDB.
-Ex-servidor da caixa Econômica Estadual.
-Ex-diretor da Câmara Municipal de Porto Alegre entre 2002 e 2003.
Carlos Ubiratan dos Santos
-Diretor da Trensurb
-Diretor do Detran entre 2003 e 2006, indicado pelo então secretário de Segurança José Otávio Germano, do PP.
Fonte: PT Sul
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