Mostrando postagens com marcador Record. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Record. Mostrar todas as postagens

Até onde vai o desprezo “olímpico” da Globo?


Sem o direito de transmissão das Olimpíadas de 2012, a emissora se vê diante de um dilema: é possível ignorar o maior evento esportivo do planeta?Por Pedro Venceslau
Durante os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, os milhões de brasileiros que assistem à Rede Globo se viram diante de um dilema. O que é mais importante para o desenvolvimento do esporte no país: um jogo amistoso de futebol de salão ou a final da natação com César Cielo? Artistas tentando acertar um joão-bobo chutando uma bola de calcanhar ou um jogo entre Brasil e Cuba no vôlei? Desde que a Globo é a Globo, é ela quem dita as regras sobre o que é relevante e vale a pena ser visto. Foi a emissora do Jardim Botânico, por exemplo, que tentou introjetar no brasileiro a ideia de que o futebol de praia e as corridas de Stock Car disputadas pelo filho de Galvão Bueno são eventos imperdíveis e de suma importância no cenário internacional. Recentemente, o locutor mais famoso do país conseguiu a façanha de conferir valor épico a um jogo amistoso entre reservas do Brasil e o Gabão em um campo de várzea. Até mesmo uma corrida de kart entre pilotos e ex-pilotos pode se transformar em “vitrine” do automobilismo brasileiro. Se os patrocinadores pagarem bem, que mal tem?
Nos Jogos Pan-Americanos do Brasil, em 2007, a Globo, que detinha os direitos de transmissão, martelou na cabeça do público que o torneio era quase tão importante quanto uma Olimpíada. Cada jogo, cada corrida, cada salto era transmitido em tom ufanista. E as medalhas, uma a uma, foram celebradas como se o Brasil fosse uma potência do esporte. Tratava-se de um evidente exagero, claro. Mas era a emissora, com suas reportagens especiais e locuções apaixonadas, que estava dizendo. Depois que a Record comprou os direitos de transmissão do Pan do México, o evento perdeu subitamente a importância e, em 2011, o torneio foi simplesmente ignorado pela emissora. A questão que intriga jornalistas, esportistas e especialistas é como a Globo vai se comportar nos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres, cujos direitos de transmissão também pertencem à Record. Nesse caso, não há como esconder ou minimizar a importância do maior evento esportivo do planeta.
Na emissora do bispo Edir Macedo, prevalece a ideia de que as Olimpíadas de Londres marcarão o fim de um paradigma e que o público do evento vai migrar de canal para ficar. O canal não mede esforços para concretizar o velho sonho de chegar à liderança no Ibope. “A Record vai exibir, diariamente, de 10 a 12 horas das diversas modalidades dos Jogos Olímpicos. Vamos contar com 320 profissionais em Londres. Nenhum detalhe ficará fora da transmissão”, disse à Fórum o empolgado diretor de jornalismo da emissora, Douglas Tavolaro. A Record também vai montar um quartel-general de 750 metros quadrados, que produzirá 12 horas diárias de programação.
Depois de uma negociação tortuosa, a emissora fechou um acordo que confere à Globosat, braço de TV por assinatura da Globo, o direito de exibição dos Jogos Olímpicos de Londres na TV nos canais SporTV. Valor? R$ 22 milhões. Um dado curioso é que, em 2008, a Globosat pagou apenas US$ 3 milhões para a própria Globo. Em 2012, os executivos do Jardim Botânico apostam em um cenário inédito na TV brasileira para minimizarem o estrago: uma TV aberta disputando audiência diretamente com outra emissora a cabo. As TVs abertas só poderão exibir, por contrato, 3 minutos de jogos e competições. Além do SporTV, a Globo planeja abrir até mais seis canais. Em uma operação milionária, a ideia é atrair um público de 10 milhões de pessoas para a TV paga. 
No mercado de mídia, os rumores apontam para uma negociação entre Globosat e operadoras para viabilizar uma megapromoção de pacotes de TV fechada válida por alguns meses, que envolveriam o período dos jogos. “Eles fizeram uma operação parecida quando lançaram o jornal Extra. Para esvaziar o concorrente, o jornal O Dia, que estava liderando entre os leitores de classe C e chegou a vender mais que a Folha, o grupo Globo fez uma operação casada: vendiam o Extra com muitos brindes e colocaram na praça anúncios casados com O Globo. Levaram um baita prejuízo só para ferir o concorrente”, lembra-se André Balocco, editor-assistente do jornal esportivo Marca Brasil. “No caso do Pan de Guadalajara, eu tinha a palavra da Globo de que eles fariam a cobertura do evento, mas isso não aconteceu. O caso da medalha do [César] Cielo mostrou que eles são capazes de esconder tudo. Deram só uma nota coberta e sem imagem. E era a redenção dele”, conta Crsitina Padigilione, editora de TV e colunista do jornal Estado de S.Paulo. Observadora atenta da disputa Record x Globo, ela faz uma previsão pessimista para os Jogos do ano que vem. “Não me espanta que o Pan seja só um aperitivo do que a Globo fará em Londres em 2012”. 
A discussão sobre o comportamento da maior emissora do país durante o maior evento esportivo do planeta mobilizou as redes sociais, chegou à internet e acabou forçando os constrangidos executivos e apresentadores globais a se manifestar. “Nossa cobertura, de acordo com o que está estabelecido no COI [Comitê Olímpico Internacional], será o que chamamos de fair use. Quer dizer, tem uma partida de vôlei e você tem três minutos para exibir em seus telejornais. Não vamos esconder. Temos um acordo de longo prazo com as federações e confederações olímpicas”, afirmou o diretor-geral da Globo, Octávio Florisbal, em entrevista ao site UOL Esportes. Questionado sobre os motivos que levaram a Globo a perder a primazia histórica sobre os Jogos, ele respondeu em cifras. “Nós tínhamos uma visão de que os Jogos de 2012 deviam valer ao Brasil até US$ 30 milhões. Se passasse disso, daria prejuízo. A concorrente ofereceu o dobro”. 
Entre os “artistas” da programação esportiva da casa, o dilema da transmissão também pegou na veia. “Eu sou muito cobrado: por que você não fala da Fórmula Indy? Simples. Porque eu não tenho o direito de falar na Indy, meu amigo! Existe uma ideia errada de que a Globo deve falar de tudo porque o cara quer ver na Globo...”, disparou o apresentador Tiago Leifert, porta-voz informal da emissora, em entrevista à edição de dezembro da revista G.Q. “A Globo deve usar em Londres a mesma estratégia do Pan: informar os resultados por meio de computação gráfica e entrevistas in loco. O que pegou no Pan foi que o telespectador estava acostumado a acompanhar a transmissão pela Globo”, pondera a diretora de redação da revista e do portal Imprensa, Thaís Naldoni.
Amadorismo
É consenso entre os profissionais da crônica esportiva e televisiva – e até dentro do governo – que a Record está a quilômetros de distância da Globo em termos de qualidade de transmissão e cobertura de grandes eventos esportivos. “A cobertura da Record [do Pan] foi amadora, com direito até a links perdidos. O público estranha muito isso, porque está acostumado ao padrão global”, diz André Balocco, do Marca Brasil. Para a colunista de TV do Estadão, um dos gargalos da transmissão da Record no Pan de Guadalajara foi o despreparo do comandante-geral da operação. “Aconteceram muitas falhas no processo que poderiam ter sido evitadas com mais coordenação. Faltou comando...”, diz Cristina Padiglione. “Foram erros crassos, que englobaram desde o posicionamento das chamadas 'câmeras exclusivas', postas em locais sem nenhuma estratégia, sem iluminação, passando pelos narradores e repórteres que carregaram no ufanismo. Chegaram a dizer que um evento era ao vivo, quando não era. Os repórteres se comportavam como fãs”, lembra Thaís Naldoni, da revista Imprensa. 
Outra marca da Record foi a transformação da rixa com a Globo em modalidade olímpica. A emissora usou tempo de seus telejornais para criticar, por meio de longas reportagens, a concorrente. Apesar de ter mostrado quase 40% de horas a mais no Pan do México do que a Globo no evento do Brasil, a Record ainda não consegue separar o público dos entreveros comerciais. O bispo Honorilton Gonçalves, todo-poderoso homem do canal, disse diversas vezes que a Globo “escondeu o Brasil”.
A disputa entre os dois canais preocupa o governo. “Quando a Globo deixa de dar o registro para alguma modalidade, isso causa prejuízo ao esporte. O Jornal Nacional cobriu muito pouco o Pan de Guadalajara”, afirma um interlocutor próximo ao ministro do Esporte, Aldo Rebelo. Oficialmente, a pasta prefere manter distância do enredo comercial. Mas, nos bastidores, o ministério atuou como mediador em vários momentos. “Essa negociação sobre o tempo que cada canal sem os direitos poderá transmitir dos jogos é muito complicada. Nunca fica bom para todo mundo. Até 2016, será imprescindível que as emissoras entrem em acordo”, completa o assessor. Em tempo: o ministro Aldo Rebelo sabe que, mais cedo ou mais tarde, vai enfrentar com o Comitê Olímpico Internacional tensões parecidas com as que marcam a relação com a CBF...
Record fatura alto com patrocínios
A Record já vendeu nove cotas de patrocínio para os Jogos de Londres. Segundo a emissora, o faturamento total será de R$ 277 milhões. Os patrocinadores serão Caixa, Cerveja Petrópolis, McDonald’s, Nestlé, Petrobrás, Procter, Coca-Cola, TIM e Visa.
"Minhas expectativas são as melhores possíveis. Tenho certeza que teremos um boom no investimento publicitário, da mesma forma que nos anos anteriores em que tivemos eventos desse porte. E, dentro cenário, sendo a Record a detentora exclusiva dos direitos de transmissão das Olimpíadas de Londres, aposto todas as fichas e acredito que a emissora terá um dos melhores desempenhos de faturamento e de audiência de toda a sua história", Walter Zagari vice-presidente comercial da Record.
Ibope e o mistério da audiência
No ano em que a Globo estará fora dos Jogos Olímpicos, a entrada da Nielsen, uma das maiores empresas de pesquisa do mundo, no mercado de aferição da audiência de TV em 2012, acabará com o monopólio do Ibope.
Senhor absoluto da audiência em tempo real da TV brasileira desde 1988, o Ibope ganhará um concorrente de peso em 2012. A Nielsen, uma das maiores empresas de pesquisa do mundo, entrará no mercado com o dobro de domicílios que compõem a amostra do Ibope. Na reunião em que o projeto foi apresentado aos canais de TV, apenas a Globo não compareceu. Para o cientista político Carlos Novaes, que criou e comandou entre 2003 e 2005 o único empreendimento que ousou enfrentar o Ibope até hoje, o Datanexus, a ausência era mais que esperada. À Fórum, ele contou os bastidores de seu projeto e as dificuldades que encontrou no caminho. “O Datanexus tinha a melhor tecnologia da época, com um sinal preciso e emitido por celular. A nossa mostra era muito mais apurada, pois não aceitávamos barreiras. Colocamos aparelhos em favelas, coisa que o Ibope não fazia”, conta. Financiado pelo SBT, o instituto logo apresentou números que colocavam em dúvida não só a alta audiência da Globo, mas de toda a TV brasileira. 
No dia em que convidou todos os dirigentes das emissoras para uma reunião em que apresentaria os novos números do mercado, Novaes se lembra que também naquela ocasião, só a Globo não apareceu. Durante sua apresentação, o cientista político revelou um dado perturbador: a audiência total da televisão brasileira é 10% menor do que pensava o mercado. “Na saída, o Johny Saad, da Band, me disse: ‘Então você está dizendo que meu negócio é 10% menor? Que vantagem eu levo?’. Resultado: as emissoras acabaram ignorando o novo instituto. Sozinho, o SBT acabou seguindo mesmo caminho.” Desconfio que será difícil (A Nielsen dar certo no Brasil). Há uma comunidade de interesses entre os diretores de marketing, das agências e as TV, que estão confortáveis com os números do Ibope”, diz Novaes.
.

Os ataques contra Paulo Henrique Amorim



Rapidamente tem se espalhado pela internet informações distorcidas e até mesmo manipuladas contra o jornalista e blogueiro Paulo Henrique Amorim (PHA), espalhando a informação de que ele teria sido condenado por racismo. Uma grande mentira: não houve condenação (mas um acordo, ainda em primeira instância)  e o autor do processo (o também jornalista Heraldo Pereira, da Globo) reconheceu (ao assinar o tal acordo) que não teria havido ofensa de cunho racista. Este fato não chega a ser uma surpresa.
Invariavelmente, ataques deste tipo florescem na rede, contando por um lado, com a desinformação e a desatenção de alguns e de outro, em uma ação orquestrada com clara intenção de manipular fatos. PHA foi um dos pioneiros a utilizar a blogosfera a serviço da democratização da informação. Seus comentários atingem grande repercussão na rede, não é de estranhar que muitos dos "alvos" de PHA se utilizem deste último acontecimento para disseminar desinformações e injúrias.
Por outro lado, mais uma vez a blogosfera progressista tem estado vigilante e rapidamente tem buscado desfazer a onda de mentiras que assola a rede e repor a verdade aos fatos. Não poderíamos ficar alheios a isto e prestamos aqui nossa total solidariedade e apoio ao jornalista PHA> 
Abaixo reproduzo um bom artigo que o jornalista Leandro Fortes comenta este episódio.



Racista é PQP, não PHA



por Leandro Fortes

Paulo Henrique Amorim, assim como eu e muitos blogueiros e jornalistas brasileiros, nos empenhamos há muito tempo numa guerra sem trégua a combater o racismo, a homofobia e a injustiça social no Brasil. Fazemos isso com as poderosas armas que nos couberam, a internet, a blogosfera, as redes sociais. Foi por meio de pessoas como PHA, lá no início desse processo de abertura da internet, que o brasileiro descobriu que poderia, finalmente, quebrar o monopólio da informação mantido, por décadas a fio, pelos poderosos grupos de comunicação que ainda tanto fazem políticos e autoridades do governo se urinar nas calças. PHA consolidou o termo PIG (Partido da Imprensa Golpista) e muitos outros com humor, inteligência e sarcasmo, características cada vez mais raras entre os jornalistas brasileiros. Tem sido ele que, diuturnamente, denuncia essa farsa que é a democracia racial no Brasil, farsa burlesca exposta em obras como o livro “Não somos racistas”, do jornalista Ali Kamel, da TV Globo.
Por isso, classificar Paulo Henrique Amorim de racista vai além de qualquer piada de mau gosto. É, por assim dizer, a inversão absoluta de valores e opiniões que tem como base a interpretação rasa de um acordo judicial, e não uma condenação. Como se fosse possível condenar PHA por racismo a partir de outra acusação, esta, feita por ele, e coberta de fel: a de que Heraldo Pereira, repórter da TV Globo, é um “negro de alma branca”.
O termo é pejorativo, disso não há dúvida. Mas nada tem a ver com racismo. A expressão “negro de alma branca”, por mais cruel que possa ser, é a expressão, justamente, do anti-racismo, é a expressão angustiada de muitos que militam nos movimentos negros contra aqueles pares que, ao longo dos séculos, têm abaixado a cabeça aos desmandos das elites brancas que os espancaram, violentaram e humilharam. O “negro de alma branca” é o negro que renega sua cor, sua raça, em nome dessa falsa democracia racial tão cara a quem dela usufrui. É o negro que se finge de branco para branco ser, mas que nunca será, não neste Brasil de agora, não nesta nação ainda dominada por essa elite abominável, iletrada e predatória – e branca. O “negro de alma branca” é o negro que foge de si mesmo na esperança de ser aceito onde jamais será. Quem finge não saber disso, finge também que não há racismo no Brasil.
Recentemente, fui chamado de racista por um idiota do PCdoB, partido do qual sou, eventualmente, eleitor, e onde tenho muitos amigos. Meu crime foi lembrar ao mundo que o vereador Netinho de Paula, pagodeiro recentemente convertido ao marxismo, havia espancado a esposa, em tempos recentes. E que havia dado um soco na cara do repórter Vesgo, do Pânico na TV. Assim como PHA agora, fui vítima de uma tentativa primária de psicologia reversa cujo objetivo era o de anular a questão essencial da discussão: a de que Netinho de Paula era um espancador, não um negro, informação esta que sequer citei no meu texto, por absolutamente irrelevante. Da mesma forma, Paulo Henrique Amorim se referiu a Heraldo Pereira como negro não para desmerecer-lhe a cor e a raça, mas para opinar sobre aquilo que lhe pareceu um defeito: o de que o repórter da TV Globo tinha “a alma branca”, ou seja, vivia alheio às necessidades e lutas dos demais negros do país, como se da elite branca fosse.
Não concordo com a expressão usada por PHA. Mas não posso deixar de me posicionar nesse momento em que um jornalista militante contra o racismo é acusado, levianamente, de ser racista, apenas porque se viu na obrigação de fazer um acordo judicial ruim. Não houve crime, sequer insinuação, de racismo nessa pendenga. Porque se pode falar muita coisa sobre Paulo Henrique Amorim, menos, definitivamente, que ele é racista. Qualquer outra interpretação é falsa ou movida por ma fé e vingança pessoal de quem passou a ser obrigado, desde o surgimento do blog “Conversa Afiada”, a conviver com a crítica e os textos adoravelmente sacanas desse grande jornalista brasileiro.
.