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Neil Gaiman: Nosso futuro depende de bibliotecas, leitura e de sonhar acordado


“Temos a obrigação de imaginar…” sentenciou Neil Gaiman, explicando porque usar nossas imaginações e providenciar para que outros utilizem as suas, é uma obrigação de todos os cidadãos, durante palestra promovida pela Reading Agency sobre o futuro da leitura e das bibliotecas, publicada.pelo The Guardian, e traduzido pelo blog Index-a-Dora
O inglês Neil Gaiman começou a carreira como jornalista. A amizade com Alan Moore o levou a escrever quadrinhos profissionalmente. Seu trabalho mais conhecido mundialmente é a série Sandman, mas o autor tem em seu currículo obras como Orquídea NegraLivros da Magia e Stardust (adaptado para o cinema em 2007). Gaiman também publicou vários romances em prosa, como Deuses AmericanosBelas MaldiçõesOs Filhos de Anansi e Coraline.

Confira abaixo a íntegra da palestra de Neil Gaiman:

Cultura: propriedade comum ou mercadoria



Por Emir Sader


No momento em que se avança no processo de privatização na que já foi um marco na TV pública brasileira – a TV Cultura de São Paulo – e ainda persiste um mandato no Minc que promoveu graves retrocessos na política de propriedade comum e convive de forma promíscua com o Ecad, vale a pena recordar que um dos mais importantes debates contemporâneos se deu justamente sobre a natureza da cultura: propriedade comum ou mercadoria.

Foi uma longa e tensa discussão no âmbito da Unesco, em que os Estados Unidos defendiam a inespecificidade da cultura, como uma mercadoria a mais, que deveria ser submetida às normas do livre comércio e estar no âmbito da Organização Mundial do Comércio. Não poderia haver visão mais mercantilizada da cultura, que aceleraria ainda mais o achatamento da diversidade cultural em beneficio dos modelos de consumo das potências centrais do capitalismo.

A posição - que finalmente triunfou - considera a especificidade da cultura como forma de definir as distintas identidades dos países, dos povos, das nações, que requer tratamento e proteção especifica. Por detrás do debate estava a contraposição entre a cultura como mercadoria e a cultura como patrimônio da humanidade, como propriedade comum. É a forma particular de refletir os grandes debates e dilemas contemporâneos entre esfera mercantil e esfera pública, entre neoliberalismo e pós-neoliberalismo, no plano da cultura.

Até o governo Lula predominou essa visão mercantil da cultura, de que um dos reflexos mais claros foi a Lei Rouanet de incentivo à cultura, em que o governo renuncia a seu papel de fomento da cultura e permite que empresas privadas deixem de pagar impostos para financiar atividades de propaganda das empresas, sem nenhum critério artístico. Ao invés de pagar seus impostos, as empresas privadas promovem sua imagem, em lugar do governo definir os critérios públicos de repartição de recursos.

O mandato do Gil e do Juca havia proposto reformulação da Lei de incentivo à cultura, que não avançou neste mandato, foi revista com os critérios que presidem esse mandato, de menor intervenção do poder público e de favorecimento dos mesmos mecanismos que presidem a lei ainda vigente.

A promiscuidade com o Ecad e a retirada do selo da propriedade comum vão na mesma direção, de ruptura com todos os avanços do mandato anterior, que fortaleceram o Minc no governo Lula e que projetaram uma imagem de governo dos mais avançados no mundo em termos de políticas culturais. A presença de um ministério fraco e sem apoio tem feito com que ressurjam teses de que os temas de propriedade e a própria Ancine deveriam estar subordinadas ao Ministério de Indústria e Comércio, formalizando os retrocessos sobre o caráter público da cultura.

É a mesma lógica de privatização da cultura que tem feito com que os tucanos destruam a melhor TV que o Brasil chegou a fazer, no auge da TV Cultura. Nas programações informativas, de debate politico, nas programações infantis, culturais – ela vai chegado a disputar audiência com a TV Globo em São Paulo. Os tucanos retiraram recursos e jogaram a TV Cultura na lógica de buscar recursos privados e, assim, ter que se submeter aos critérios das agências de publicidade e das empresas privadas, tirando paulatinamente o caráter diferenciado, público, da TV Cultura, até se chegar à desagregação de uma TV totalmente subordinada aos desígnios – e conflitos – internos do PSDB.

A luta pela eleição de um candidato alternativo em São Paulo, assim como por uma substituição no Minc que permita o resgate das políticas culturais de caráter público, é a mesma luta pela democratização da cultura e dos meios de comunicação no Brasil hoje.

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Nara Leão e a música livre


Por Erick da Silva


Nara Leão foi uma das maiores cantoras da música brasileira. Sua contribuição para a cultura nacional é inegável. Neste ano de 2012 completaram-se 70 anos de seu nascimento, em janeiro de 1942, na cidade de Vitória, Espírito Santo.
Tentar resumir a trajetória de Nara Leão não é fácil e nem tentarei me aventurar por este caminho, mas apenas destacar que ela esteve diretamente envolvida no nascimento da bossa nova, participou na fundação do movimento da “Tropicália”, a partir de 1964, foi uma das artistas com atuação mais engajada na luta contra a ditadura, tendo destaque o espetáculo Opinião, ao lado de João do Vale e Zé Keti, um espetáculo de crítica social à dura repressão imposta pelo regime militar.
Mesmo com toda a sua rica e reconhecida trajetória musical, qualquer pessoa que queira comprar um CD de alguns de seus álbuns de sua discografia de mais de duas dezenas de discos se deparará com uma ingrata surpresa: os discos de Nara Leão não existem. Salvo poucas coletâneas que compilam alguns de seus principais sucessos, as músicas de Nara Leão foram reeditadas em CD em apenas duas caixas (metade em 2002, outra em 2005). Os álbuns de Nara esgotaram nas lojas há algum tempo e nunca mais foram repostos em catálogo. Segundo informações divulgadas pela imprensa, a gravadora Universal, que detém o direito de todos os trabalhos lançados pela cantora entre 1964 e 1989, não tem nenhum plano de lançar os álbuns de Nara.


Os discos de Nara hoje, estão completamente indisponíveis. Só é possível encontrá-los em LPs e CDs vendidos a preço de ouro em sebos ou na internet. Este exemplo demonstra bem os efeitos nefastos para cultura brasileira do papel das gravadoras. Inegavelmente, as grandes gravadoras operam com uma lógica marcadamente voltada para o seu lucro imediato.
Felizmente, a música hoje não depende apenas do formato físico, e a internet venho a democratizar e possibilitar que um amplo conjunto de pessoas possam apreciar as músicas da Narinha. Num primeiro momento esta foi uma iniciativa de fãs que disponibilizavam na rede os seus discos e músicas da Nara Leão, sem fins lucrativos e a margem das gravadoras, democratizando o acesso as canções para um sem número de fãs e pessoas que passaram a conhecer a cantora a partir do acesso as suas músicas. Infelizmente, salvo raras e honrosas exceções, suas músicas não costumam figurar nas programações das rádios comerciais ou na TV. Se alguns julgam a internet como a “grande vilã” dos músicos (por facilitar a “pirataria”), este caso prova justamente o oposto. Se não fosse a internet, o talento e a obra de Nara Leão estaria restrita a apenas alguns poucos.
"Em 19 de janeiro de 2012, minha mãe faria 70 anos. E esse é o meu presente: compartilhar sua obra para que todos possam se deliciar, ouvir e pesquisar à vontade."
A frase foi publicada por Isabel Diegues, filha mais velha de Nara Leão , em sua página no Facebook. O presente de Isabel é o www.naraleao.com.br, site onde está disponível toda a discografia da cantora. Isabel promoveu a criação de um site dedicado a sua mãe, sem contar com nenhum apoio público ou da gravadora, onde está disponível fotos, documentos, biografia e todos os discos lançados por Nara.
A única música que ficou de fora foi “E que tudo mais vai pro inferno”, gravada por Nara em 1978 em um disco dedicado ao repertório de Roberto e Erasmo Carlos. Roberto, a partir da década de 1980, passou a rejeitar a canção, sucesso dele na Jovem Guarda, parou de cantá-la e decidiu não autorizar mais gravações e reedições da música. Nesse caso vale recorrer à “busca informal” e encontrar o arquivo na internet para conhecer a versão de Nara para a “música maldita”.
Através do site, pode-se escutar sua bela discografia (ainda que não de para baixar) e apreciar seu talento e conhecer um pouco mais desta magnifica cantora. Em vida Nara Leão foi uma figura central no desenvolvimento da nova música brasileira que emergiu nos idos dos anos 1960. Hoje, postumamente, ela pode de alguma maneira simbolizar os novos rumos que a música brasileira necessariamente terá que percorrer. Em rede, com livre acesso para que qualquer pessoa possa ter acesso a música.
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Quase 100% dos jovens britânicos baixam música "ilegalmente"

A quase totalidade (96%) dos jovens britânicos entre os 14 e os 24 anos admite fazer cópias ilegais de música. Os dados são divulgados no resultado de uma nova sondagem feita pela organização British Music Rights.

Foram entrevistadas 1100 pessoas e a sondagem revelou também que a média de canções ilegais nas coleções dos entrevistados é de 842 (numa média total de 1770 canções presentes nos tocadores de mp3). Os maiores "piratas" admitem fazer o download de 5000 canções por mês.

Site oficial: http://www.bmr.org/

Ao lado, uma sátira da democratização promovida pelo mp3, que conservadores e donos da indústria cultural devem temer tanto quanto temiam o comunismo no auge da guerra fria.