Uma segunda-feira trágica para um reacionário latino-americano


Após a vitória de Rafael Correa no Equador, Hugo Chávez regressa para a Venezuela e a Bolívia nacionaliza  a administradora espanhola de aeroportos.

Por Erick da Silva

Esta foi uma segunda-feira trágica para um reacionário latino-americano. As redações nos jornais dos monopólios privados mal conseguem disfarçar o desconforto. Os "analistas" amestrados de plantão são chamados para  tentar encontrar uma explicações para a derrota.
"Populismo", "Ditadura Chavista", os bordões, de forma errática, são lançados repetidamente sem conseguir disfarçar o rancor e a incompreensão típicas de todo direitista.
A ressaca da direita começou neste domingo,quando foi confirmada, de forma consagradora, a reeleição do presidente Rafael Correa no Equador. Uma vitória que, ao mesmo tempo consagra, e mostra uma clara opção do país pelo desenvolvimento com justiça social. Mas que também, aponta os desafios e as perspectivas colocadas para o próximo período. Legitimado pelo respaldo popular, Correa terá condições ainda melhores para executar mudanças ainda mais profundas.
Na coletiva de imprensa após a confirmação do resultado, ele disse textualmente: "Ou mudamos agora o país ou não o mudamos mais”. O projeto de criar uma ordem social baseada no socialismo do sumak kawsay, o "bem viver” dos nossos povos originários, exige atuar com rapidez e determinação. Mas, isso é sabido pela e pelo imperialismo; e, por isso, se pode prever que vão redobrar seus esforços para impedir a consolidação do processo da "Revolução Cidadã”
Nesta segunda, eis que o presidente venezuelano Hugo Chávez anuncia, via Twitter, o seu regresso a Venezuela, para desgosto de todos os agourentos que torciam (ainda que discretamente) por um desfecho trágico na doença de Chávez.
Ele regressa, após dois meses de tratamento em Cuba e recebe do presidente Correa, em sua coletiva, a dedicatória pela vitória "Aproveito a oportunidade para dedicar esta vitória a esse grande líder latino-americano que mudou a Venezuela, comandante Hugo Chávez Frías". 
A notícia foi recebida com festa pelo povo venezuelano, ainda era madrugada e os fogos de artifício já começavam a surgir por todos os cantos. A festa na capital venezuelana começou assim que o sol nasceu. Milhares de apoiadores do presidente se concentraram do lado de fora do hospital onde Chávez está internado e na emblemática Praça Bolívar, local de concentração do chavismo em Caracas.
Chávez deverá prosseguir o seu tratamento médico em Caracas e o vice-presidente Nicolás Maduro continuará liderando o governo neste período.
Nesta segunda-feira "vermelha", a Bolívia nacionalizou a administradora espanhola de aeroportos. O presidente Evo Morales anunciou a nacionalização do pacote acionário da empresa que administra os três maiores aeroportos do país, em La Paz, Cochabamba e Santa Cruz. Trata-se da Sabsa (Serviços de Aeroportos Bolivianos S.A.), filial do grupo espanhol Abertis-Aena.
Segundo o governo boliviano, a filial do grupo espanhol não concretizou os investimentos previstos para a manutenção e ampliação dos aeroportos. Apesar do “capital irrisório” que os executivos da empresa colocaram no país, esta teve “lucros exorbitantes”.
A Espanha por por meio do ministro José Manuel García-Margallo, como esperado, protestou. A Bolívia, com essa medida, recupera um importante patrimônio público do povo boliviano e garantirá os bons serviços que a empresa espanhola jamais cumpriu. A Sabsa é a sexta filial de empresas espanholas nacionalizadas pelo governo boliviano em menos de um ano.
O ano começa bastante positivo para as esquerdas latino-americanas e reafirmam uma perspectiva otimista para os governos pós-neoliberais da região. O "deus mercado" que reinou soberano durante a década de 1990, hoje vê cada vez mais enfraquecidas as suas bases na região.
Os processos de integração em curso - Mercosul, Alba, Unasul, etc. - deverão prosseguir e se fortalecer. A crise dos EUA e da Europa, ainda que produziram efeitos econômicos desafiadores, possibilitará o fortalecimento de um caminho autônomo e sustentável regionalmente. 
Para desespero dos reacionários latino-americanos, o ano apenas começou e as perspectivas de médio prazo não são nada alentadoras para eles. A direita latino-americana, enquanto permanecer apenas reproduzindo velhas cantilenas recauchutadas do período da Guerra Fria, adornadas em moldura neoliberal, jamais entenderão o processo em curso. 
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3 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Muito bem, muito bem, a esquerda latino americana está dando as ordens no continente faz mais de uma década. Mas, com algumas exceções, continuamos pobres, manipulados e ignorantes.

Enquanto isso, Dilma privatiza portos e aeroportos. Por isso o Brasil está na vanguarda.

Unknown disse...

Hugo Chávez é o cara. Corajoso, fiel ao seu povo.
beijos!

Anônimo disse...

Felizmente, a esquerda latino americana segue com força e deverá prosseguir com as mudanças em curso.
César