Uma juventude que sonha e acredita no Brasil



Novos tempos se consolidam a partir de mudanças de paradigmas culturais. A juventude brasileira de hoje demonstra que está muito mais interessada em valores como a solidariedade e o sonho de mudanças do que em valores individualistas. Se conectam mais com discursos coletivos do que individualistas e querem menos consumismo. Apenas 5% quer ficar rico e 90% tem orgulho de ser brasileiro. É o que revela a pesquisa Sonho Brasileiro, estudo inédito divulgado segunda-feira (13) e que derruba alguns mitos com relação a juventude brasileira.
Não é de estranhar que esta importante pesquisa teve uma repercussão abaixo do que deveria. A grande mídia não é afeita a reconhecer que seu velho discurso individualista não encontra o mesmo eco nesta nova geração. É sempre reconfortante saber que as mudanças, ainda que lentas, estão em curso!
Abaixo a matéria publicada no R7

Geração “sonhadora” quer “oportunidade para todos” e menos consumismo

Por Marina Novaes

Um estudo inédito divulgado nesta segunda-feira (13) em São Paulo mostra que 9 em cada 10 jovens (89%), com idades entre 18 e 24 anos, têm orgulho em ser brasileiros. De acordo com o levantamento, que ouviu mais de 3.000 pessoas de 173 cidades do país, a geração atual é “sonhadora” – segundo avaliação de 34% dos entrevistados – e otimista em relação ao futuro do Brasil (75%).
A pesquisa Sonho Brasileiro, que levou mais de um ano para ser concluída, revela também que os jovens brasileiros querem transformar o mundo em um lugar melhor: 90% disseram querer exercer uma profissão que ajude a sociedade; 28% sonham com “oportunidades para todos”; 18% desejam menos violência; e 13% almejam o fim da corrupção.

Entretanto, diferentemente do que ocorria nos anos 1970 – quando o Brasil vivia a ditadura militar –, os jovens de hoje sabem que podem trabalhar por uma causa coletiva e buscar seus sonhos pessoais, como avalia Gabriel Milanez, pesquisador da Box1824 (agência especializada em mapear tendências de comportamento), que realizou o estudo em parceria com o instituto Datafolha.

- Hoje, 50% dos jovens brasileiros se conectam mais com discursos coletivos que individualistas. [...] Isso mostra que o jovem concorda que tem um papel de transformar a sociedade, ou seja, ele entende que o que é mais aceitável socialmente é ser mais ‘coletivo’.

Isso ajuda a entender porque apenas 5% dos jovens elegeram como prioridade “ficar rico”, e porque o sonho da casa própria está no topo da lista de somente 15%. Ao serem questionados sobre seus sonhos individuais, 55% dos entrevistados optaram pela educação e escolheram como prioridade “a formação profissional e emprego na área escolhida”.

Grana e carreira

O modo como os jovens encaram a carreira é um dos principais “pontos de conflito” em relação à geração dos pais deles, quando a estabilidade financeira estava no topo da lista de desejos. Isso não quer dizer, porém, que os brasileiros perderam o desejo de conquistar dinheiro, apenas mostra que coisas como “realização pessoal” e preocupação social ganharam maior importância, observa Milanez.

- Nós saímos de uma geração muito preocupada com sucesso, estabilidade, em ficar rico logo, etc. Mas, se for pensar no contexto do país, nós tínhamos uma instabilidade econômica muito forte, então havia a noção de que era necessário, antes de tudo, sobreviver. [...] A partir do momento em que nós temos uma economia mais estável, é possível pensar em outros objetivos.

Enquanto 34 % dos jovens classificam a geração atual como “sonhadora”, outros 31% a definiram como “consumista”. Neste sentido, 91% disseram acreditar que as pessoas consomem mais do que precisam e 9% têm medo de ganhar muito dinheiro e ficar infelizes.

A percepção sobre o Brasil também mudou. Para a geração atual, o Brasil já não é mais o “país do futuro”, e sim o país “do presente”. Em cinco anos, porém, os brasileiros viverão no “país das realizações”, como apostam 46% dos entrevistados.
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2 comentários:

Bruno Romano disse...

Um importante dado a ser considerado é que, segundo esse grande estudo, são jovens que não acreditam na via partidária para realizarem suas transformações. Ressalto também que a pesquisa é apoiada pelo Globo e patrocinada pelo Itaú e Pepsi. A juventude sendo disputada sempre, pelos corações e mentes.

ERick disse...

Bem observado Bruno!
A juventude é um alvo privilegiado de disputa, tanto política quanto cultural.
A pesquisa, ainda que aponte os limites que ainda presenciamos, aponta boas perspectivas que até então não tínhamos mensurado. Acredito que eles não esperavam encontrar este resultado na pesquisa deles...rsrs
Um abraço