Argentina condena último "presidente" da ditadura à prisão perpétua
Em movimento oposto ao que ocorre no Brasil, argentinos levam às últimas consequências a responsabilização e punição de crimes do regime militar. Talvez um bom caminho a ser observado pelo Brasil para promover uma justiça histórica plena em nosso país.
A Justiça argentina condenou à prisão perpétua, nesta quinta-feira, o último presidente da ditadura, Reynaldo Bignone, de 83 anos, e o ex-oficial da polícia Luis Patti, de 59 anos (no detalhe da foto). Ambos são acusados de sequestros, torturas, assassinatos e de causar o desaparecimento de pessoas durante o regime militar (1976-1983).
Bignone e Patti vão cumprir pena em uma prisão comum. A sentença foi transmitida ao vivo pelas principais emissoras de televisão do país. “Por crimes de lesa humanidade são condenados à prisão perpetua”, leu a juíza María Lucía Cassaín. Famílias das vítimas da ditadura e integrantes de diferentes entidades de direitos humanos comemoraram a decisão.
Do lado de fora do tribunal, na localidade de San Martín, centenas de pessoas ergueram bandeiras argentinas e cartazes com fotos de desaparecidos nos chamados anos de chumbo no país. “Não poderíamos esperar menos que a prisão perpétua para todos eles”, disse o secretário de Direitos Humanos do governo argentino, Eduardo Luis Duhalde.
A presidente da entidade Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, disse que “este dia era muito esperado”. E acrescentou: “Muitos países da região estão olhando o que está ocorrendo na Argentina na área de direitos humanos. É um grande avanço.”
Na opinião de Duhalde e Carlotto, foi acertada a decisão de enviá-los à prisão comum, sem nenhum privilégio, já que “são pessoas perigosas”. A filha de Carlotto foi morta durante a ditadura. Ela localizou o corpo da jovem, mas ainda procura o neto, que hoje teria 32 anos, e poderia ter sido adotado ainda bebê com outra identidade. A entidade dedica-se a buscar esses bebês, que agora têm mais de 30 anos.
Esta foi a segunda vez que Bignone foi condenado por crimes de lesa humanidade. Em um julgamento no ano passado, ele foi condenado a 25 anos de detenção, também em prisão comum. À época, ele acusou integrantes das entidades de direitos humanos de “falsidade” e afirmou que “nada fez de errado”.
Com informações da Agência Brasil
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