Saudosistas da ditadura celebram o golpe de 1964


Para aqueles que acreditam que a Ditadura Militar, instaurada em um golpe no dia 01 de abril de 1964, já é página do passado eis que alguns setores saudosistas das forças armadas resolveram prestar suas "homenagens" a virulenta ditadura que governou o país até 1985.
Oficialmente o exército retirou a data do calendário oficial apenas este ano, mais precisamente no dia 17 de março, sem maiores explicações. Talvez em uma demonstração de que o tema da ditadura militar ainda não é uma questão bem-resolvida no interior das Forças Armadas, optou por dar contornos "burocráticos" para uma decisão de evidentes contornos políticos sensíveis no interior da corporação.
Prova disso é que, antes da decisão, já se organizavam solenidades em homenagem ao golpe, chamado por eles de "Revolução Democrática", como o convite que segue abaixo organizado pelo Comando Militar do Nordeste, que já estava programado para o final de março.


Ainda que sem referência direta à decisão do exército de retirar a comemoração do calendário oficial, os Clubes Militar, Naval e de Aeronáutica divulgaram na tarde de hoje (28/03) um manifesto conjunto para lembrar os 47 anos do golpe que tirou do poder o presidente João Goulart.
A nota diz "homenageiam, nesta data, os integrantes das Forças Armada da época que, com sua pronta ação, impediram a tomada do poder e sua entrega a um regime ditatorial indesejado pela nação brasileira" (Sic!), diz o documento, assinado pelo general Renato Cesar Tibau da Costa, pelo vice-almirante Ricardo Antônio da Veiga Cabral e pelo tenente brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista.
Não resta nenhuma dúvida que este ainda é um debate inconcluso, e que tais manifestações apenas evidenciam isto. A decisão de retirar a comemoração do golpe do calendário oficial provavelmente foi uma decisão política para evitar constrangimentos ainda maiores, afinal, a Presidenta da República é uma ex-presa política, vítima da máquina repressora das forças armadas.
Este episódio é mais uma evidência da necessidade de o Brasil aprofundar o debate e resgatar as verdades históricas que permeiam este período. A decisão de constituir uma Comissão da Verdade pode ser um passo decisivo neste sentido, inclusive como forma de defesa e fortalecimento da democracia brasileira.

4 comentários:

Anônimo disse...

COMISSÃO DA VERDADE JÁ!! Com coisas deste tipo não se brinca. Eles tramam um Golpe! E vão continuar tramando. Não podemos deixar esta corja de assassinos a serviço do Estado brasileiro passarem impunes. Enqunato a Comissão da Verdade não vinga, eles vão se reorganizando para darem o bote qunado o estado der algum sinal de fraqueza.

Professor Eduardo Lima disse...

Concordo com o senhor. Se não hover Comissão da Verdade quem pode garantir que os militares não darão um golpe de novo?

No meu site criei um memorial das vítimas da ditadura, por favor dê uma olhada: http://www.comunistas.spruz.com/dynamic-page.htm

José Renato Moura disse...

Os "Clubes" ainda se compreende, pois são entidades particulares, de milicos de pijama. Mas um órgão (no caso, uma grande fração, um Comando), não dá para admitir.

Por outro lado, se a festa fosse aqui, 70% do Governo Tarso estaria lá, prestigiando.

Geopolêmica disse...

A questão é que ainda tem muita gente viva e que atuou na ditadura, torturou, matou, etc. Esses caras não querem nem pensar em ver a verdade vindo à tona. Se não se tem mais os generais daquela época, tem-se muitos ex-sargentos, tenentes e soldados. E a própria situação "corporativa' dos militares, que após a perda do poder em 1985 ficaram um tanto "sem rumo" e com o final da Guerra fria, perdidos.