E se Harry Houdini fosse levado a Guantánamo?
Por Haroldo Ceravolo Sereza
Graças ao Google, o mundo hoje vai passar o dia se lembrando do mágico, ilusionista e escapista Harry Houdini (1874–1926).]
Houdini, nascido Erik Weisz na Hungria em 24 de março de 1874, chegou aos Estados Unidos aos quatro anos, e lá viveu a vida de imigrante pobre. Para tanto, ou seja, sobreviver, começou a trabalhar ainda criança. Aos 9 anos, estreou como trapezista, para depois torna-se um mágico e ilusionista
Neste caminho, adotou o nome Harry Handcuff (algema) Houdini em homenagem a outro mágico, francês, de nome Houdin. O que conta é que Houdini tornou-se o rei da escapada. Não havia chave, grade, corrente ou jaula que fosse capaz de imobilizá-lo.
Com a habilidade de quem conhecia detalhadamente os mecanismos que faziam os cadeados se fecharem, abria-os, fazendo sucesso no teatro de vaudeville norte-americano. Depois, excursionou pela Europa. Passou pela Inglaterra, Escócia, Holanda, Alemanha, França e Rússia, desafiando policiais que, sem sucesso, queriam demonstrar a inviolabilidade de suas prisões.
A biografia de Houdini não é mais interessante do que aquilo que representa. A vitória do mágico contra as algemas, representada para a diversão do público, é a vitória da liberdade contra a coerção.
Quando Houdini fazia vibrar sua plateia com suas exibições, demonstrava também que o gênio humano era capaz de superar as amarras que o limitam. Ainda que efêmera, é a vitória da inteligência sobre o poder, a polícia, o Estado.
Houdini era a prova viva e divertida de que os homens não nasceram para as prisões, embora muitas vezes aceitem que elas existam. Outro truque especial de Houdini era ficar vários minutos debaixo d'água, o que faz lembrar de outro assunto - o método de tortura predileto dos norte-americanos após o 11 de Setembro de 2001, o waterboard.
Trata-se do velho e bastante conhecido "caldo", que também foi muito popular no Brasil entre os profissionais da área, premiados com a impunidade.
Acorrentado, Houdini era capaz de ficar mergulhado por tempo suficiente para a plateia duvidar se ele voltaria vivo.
Se o ilusionista estivesse vivo, aliás, não seria nada mal que algum republicano sugerisse a um democrata de passagem pela Casa Branca que Houdini, perigoso por demonstrar a fragilidade do poder norte-americano, deveria ser levado à base de Guantánamo.
De onde, claro, ele escaparia, num show em homenagem ao melhor da humanidade.
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