A direita, Lênin e Gramsci



Por Cornelius Buarque

Após três derrotas, o campo político denominado direita anda meio perdido no Brasil. A pauta de privatizações, corte do gasto público, choque de gestão e rejeição ao aborto não produziu adeptos fervorosos e não se mostra capaz de mobilizar corações e mentes em torno de um projeto eleitoral.
As vitórias de LULA podiam ser explicadas pelo carisma, capacidade de comunicação, persistência ou algo que o valha. A vitória de Dilma significa a vitória de um projeto e a derrota de outro.
Para se reorganizar, tal campo político pode seguir o conselho de Vladimir Lênin, quando disse que “sem teoria revolucionária, não há ação revolucionária”. Nesse contexto se insere o projeto de refundação do PSDB. Definir um campo político, um espectro ideológico e a partir daí fazer a disputa político-eleitoral. Ficar apenas apostando no carisma de seus líderes já se mostrou improdutivo.
Já outro partido, o Democratas(DEM), dá alguns sinais de ter entendido a mensagem em parte. Na convenção realizada em 15/03, o senador José Agripino Maia, eleito o presidente da sigla declarou que o DEM pretende ser “o partido da nova classe média”. Aqui recordo do marxista italiano Antônio Gramsci e do conceito de intelectual orgânico, aquele oriundo da própria classe a qual representa. Será muito mais produtivo se tal partido abrir espaço para pessoas daquilo que é denominado nova classe média. São aquelas pessoas que ascenderam socialmente graças às políticas realizadas no governo do presidente LULA e que saíram da denominação de “povão” para a denominação “nova classe média”. Não consta que haja entre as fileiras do DEM alguém oriundo do “povão”. Provavelmente tal partido deverá tomar um banho de “povo” para atender a tal pretensão.
A falência do “subprime” nos EUA corresponde para os neoliberais à queda do Muro de Berlim para a esquerda. A esquerda brasileira soube sobreviver, conviver, superar e crescer após isso. A dúvida que fica é se a direita conseguirá?

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