As razões do ódio
Por Lúcio Costa
Acostumados terem a si e seus confrades como a “opinião pública” bem como, acreditarem que suas opiniões são as de toda a gente as elites oligárquico-liberais acreditavam piamente que as eleições de 2010 iriam por fim a um curto ciclo de governo “lulo-populistas” e trazer as coisas de volta a seu lugar, ou seja, a um governo neoliberal.
Os jornalões ao estilo do Estado de São Paulo, da Folha de São Paulo, O Globo, revistas como Veja e Época tratavam as eleições como favas contadas e Serra como futuro presidente.
No entanto, como diria Garrincha, “faltou combinar com os russos”.
Surpreendidas pelo povo pobre haver dado as costas a seu preposto as elites hoje buscam diminuir o tamanho de sua derrota. Para tal, jogam na expectativa de um cada vez mais improvável segundo turno assim como, buscam construir um discurso que explique as razões de sua derrota e crie melhores condições para as disputas futuras.
Em artigo publicado recentemente FHC brada contra o “assassinato das instituições”, indigna-se ante o apoio dado ao presidente Lula e a Dilma pelas massas beneficiadas pelas políticas econômico-sociais e denuncia o risco a “institucionalização democrática”.
Em jogo ensaiado, os donos da voz através de suas televisões e “jornalões” denunciam o “golpismo” e a “ditadura” e clamam pela democracia.
A turba liberal-oligárquica eleva seu tom quanto maior a proximidade das eleições e a certeza da derrota de Serra.
Daí que, dos manifestos em “defesa da democracia” subscritos pelos gregoris e seu séquito de causídicos da ordem neoliberal; dos libelos da corriola dos jabores e mainardis e das declarações dos velosos tenham passado ao uso de vídeos anônimos a destilar preconceito, intolerância e a destinados a semear histeria anti-povo nas classes médias tradicionais.
O momento e a forma com que a grei neoliberal trouxe a baila o tema da democracia esta a revelar não um compromisso democrático e pluralista, mas ao contrário desnuda a natureza autoritária de seu projeto de sociedade.
Assim como, nas décadas de cinqüenta e sessenta do século XX a UDN – partido que expressava o pensamento liberal-oligárquico das elites burguesas consorciadas ao imperialismo – resistiu ferozmente a incorporação das massas trabalhadoras a vida nacional atualmente o conluio demotucano intenta bloquear e destruir o processo de fortalecimento econômico-social e cultural das classes trabalhadoras.
Ao distorcerem e a atacarem a afirmação do Presidente Lula de que “a opinião pública somos nós” a elite oligárquico-liberal deu nitidez a suas preocupações primeiras: impedir a consolidação de uma opinião pública popular que ruma a estabelecer critérios e processos de definição de opinião autônomos face às elites e aos grandes meios de comunicação de massa comercial assim como, bloquear a consolidação de uma identidade popular constituída em torno de uma agenda política de direitos, igualdade e justiça social.
Desta forma, sob manto da democracia, no dizer de Leonardo Boff, trata-se de levar adiante “uma guerra contra os pobres que estão se libertando”.
Atualmente, a reação das oligarquias liberal-burguesas é em tudo semelhante à atitude que adotaram em princípios dos anos sessenta do século passado frente à formação de uma opinião pública e uma identidade popular que se deslocava à esquerda: a desqualificação do debate democrático, a impugnação dos adversários mediante o reiterado uso da calunia, a disseminação ódio e do preconceito anti-povo.
Aliás, este último está na raiz nas manifestações reiteradas de desrespeito e desprezo das elites face ao Presidente Lula, pois esta elite cevada dentre senhores de escravo e capitães do mato não pode tolerar que um filho do povo, um retirante nordestino, um operário metalúrgico tenha o comando da República, retire milhões de pobres das cidades e dos campos da exclusão social e os convoque ao exercício da cidadania.
Os ataques e expedientes desestabilizadores aos quais lança mão à direita brasileira são idênticos aos empregados face aos demais governos progressistas latino-americanos.
Em Honduras, o golpe militar que depos o presidente constitucional Manuel Zelaya foi precedido por uma violenta campanha da grande mídia comercial em “defesa das liberdades” e “contra a corrupção” destinada a criar as condições para que, sob a benção do Departamento de Estado dos Estados Unidos, os tanques fossem às ruas para “defender a democracia” de um populacho que insiste em tornar-se povo e cidadania.
A reação das elites e da grande mídia empresarial brasileira corresponde igualmente à necessidade de legitimar sua ação no período posterior as eleições.
Em face da eminente vitória popular expressa pela eleição de Dilma à reação neoliberal busca legitimar perante a população e, em especial das classes médias tradicionais, um processo de desestabilização e cerco do governo popular que tenha como resultado bloquear o processo de transição de um projeto pós-neoliberal no Brasil.
De marcar que, igualmente a manobra “democrática”, complementada de quando em quando por pitadas éticas, corresponde à necessidade da direita de constituir uma agenda política capaz de polarizar parcelas dos setores médios e criar uma base social capaz de resistir ao aprofundamento por Dilma das mudanças sociais desencadeadas pelo Presidente Lula.
No entanto, tardaram em chegar os arautos do ódio e do preconceito anti-povo, pois outros são os tempos e as gentes! Já não mais o “espantalho vermelho”, sempre chacoalhado pelas elites em face de mudanças na ordem liberal-burguesa, tem o condão de impor o medo e a resignação.
Em 2010, a decisão madura e serena de nosso povo há de fazer com que novamente a esperança derrote o ódio e mantenha abertas as veredas da revolução democrática nas quais a gente brasileira caminha construindo uma Nação em que miséria e a opressão não sejam mais que cicatrizes na história e, que vai de mãos dadas aos povos latino-americanos na senda da integração e da unidade da América Latina.
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