por Luiz Carlos Azenha
Arnold Schwarzenegger é republicano. Mas ficaria melhor num partido independente. Se tivesse a fortuna do prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, poderia ter bancado sua carreira sem se preocupar com filiação partidária.
Schwarzenegger já foi considerado um possível candidato a presidente dos Estados Unidos. Mas seria muito complicado, já que ele não nasceu nos Estados Unidos e seria necessário mudar as leis federais, o que é politicamente impossivel.
Porém, o problema dele nem é esse. O governador da Califórnia está com a popularidade em queda. O estado enfrenta uma gravíssima crise fiscal. Os republicanos usaram a oportunidade para cortar profundamente os gastos sociais. O estado vive uma profunda polarização política que reflete a profunda polarização econômica, entre os muito ricos e os muito pobres (pelos padrões estadunidenses). Entre os muito pobres estão os hispânicos moradores do entorno de Los Angeles. Qualquer semelhança com a nossa grande São Paulo é mera coincidência.
Na Califórnia, Schwarzenegger sobrevive politicamente atraindo os independentes, os republicanos moderados e os verdes. Mas sua popularidade depende mesmo é do cinema e da fama de dizer o que pensa. O governador é criticado por fugir das grandes questões estaduais falando em projetos mirabolantes e prometendo um futuro de cidades limpas e grandes avanços tecnológicos enquanto a Califórnia, como se sabe, corta programas sociais por falta de dinheiro. Existe, portanto, um grande fosso entre o marketing pessoal do ator e a vida real dos californianos.
Adversários políticos dele também dizem que Arnold Schwarzenegger prefere Washington e a Europa a Sacramento, a capital política da Califórnia. Longe de casa, ele não precisa dar satisfação a seus eleitores sobre problemas prosaicos, como as enchentes... digo, o estado falimentar das finanças públicas.
Não vamos culpar o cara por todos os problemas da Califórnia. O fato é que o estado perdeu nos últimos anos centenas de milhares de moradores de classe média, que fugiram dos problemas locais, especialmente do trânsito infernal, para estados vizinhos, especialmente Arizona, Nevada, Oregon e Colorado. E, com a fuga dessa gente, houve uma redução relativa da base sobre a qual o governo estadual recolhe impostos. Como os ricos tem suas bancas de advogados trabalhando diuturnamente para evitar os impostos, não é de estranhar a crise fiscal. Aliás, o próprio governador foi acusado recentemente de tentar exterminar alguns impostos pessoais, depois de promover grandes cortes no Orçamento. Em resumo, a Califórnia deixou de ser a locomotiva dos Estados Unidos.
Pescado em Vi o Mundo
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