A mídia brasileira em Honduras



Por Argemiro Ferreira

O batalhão de jornalistas enviado a Honduras pela mídia brasileira após o refúgio de Zelaya na embaixada parecia menos motivado pela gravidade da situação do que pela obsessão de provar que o Brasil errou ao abrigar o presidente e garantir-lhe a vida. A obsessão dela, do primeiro dia até este momento, tem sido condenar o governo Lula e defender os golpistas como “democratas”.

Juristas do golpe foram chamados a desfilar diante das câmaras e dos repórteres para dizer que pau é pedra - e golpe não é golpe. Missão impossível - e cômica. Era comovente, em especial, o esforço do império Globo de mídia - jornal, TV & penduricalhos, juntos e em coro, na tentativa de cumprir uma pauta unificada do ideólogo da casa, Ali Kamel, no seu papel de guardião zeloso da doutrina da fé.

De posse previamente das respostas golpistas coincidentes, de Kamel-Micheletti, a Rede Globo investiu contra o ministro Celso Amorim enquanto o Brasil e o governo Lula ganhavam o apoio da comunidade internacional - da ONU, da OEA, do presidente Árias, o mediador costarriquenho, e do resto do mundo. Isso permitiu à repórter Heloisa Villela, sem o viés da Globo, impor a cobertura da concorrente Record.
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