A crise que passa o Governo da Yeda, em uma avalanche sem fim de denúncias e escândalos, também tem servido para observarmos o quão rebaixado e permeado de preconceitos se dá as relações da “turma” que está envolvida na trama, o blog RS Urgente (acesse aqui), noticia que, durante o andamento da CPI do Detran, Vaz Netto direciona suas baterias contra o deputado Frederico Antunes, do PP, Ele diz:“Eu vou detonar esses caras, vou plantar uma nota que o Frederico está com as contas dele aí na…ou com aluguéis dele aí na praia pagos por propina de A, de B e de C. Vou começar a foder com este nego filho da puta”.
Abaixo, segue o artigo do Veríssimo.
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Um novo gênero invadiu a imprensa brasileira de uns anos para cá: a transcrição de conversas telefônicas em investigações de corrupção
O que mais impressiona não é a quantidade de corruptos, mas a sua falta de articulação verbal.
Ninguém completa uma frase, os erros de concordância se sucedem e a lógica gramatical é constantemente assassinada sem dó.
Fora o fato de que, muitas vezes, recorrem a códigos e linguagem cifrada para driblar o presumido grampo, o que só aumenta a confusão.
– Olha, mandei o embrulho, é, viu? As linguiças.
– As linguiças? (Risos)
– As linguiças pra vocês.
– Hein? – (Risos nervosos) Repartirem aí
– E o pacote é... Vem como? Alô.
– Vai pelo Magrão...
– O Magrão que você diz é o...
– É o Magrão.
– Ah. Sei (risos histéricos)
Não invejo os técnicos da Polícia Federal e do ministério público
São obrigados a decifrar diálogos e achar sentido em falas truncadas, hesitações, barbaridades inconscientes q constituem um diálogo normal.
Porque a verdade é que nós todos falamos assim.
Basta ouvir a gravação de uma conversa nossa ao telefone para nos darmos conta: somos todos culpados, dependendo de como nos interpretarem.
E os poucos que falam corretamente, colocam os pronomes onde devem e fazem sentido são os maiores suspeitos.
Obviamente ensaiaram sua fala para enganar os grampeadores.
Descontado tudo isso o novo gênero não deixa de ter seu encanto. Conheci uma pessoa q folheava rapidamente um livro antes de comprá-lo ou não.
Dizia que não interessava o autor ou o tema do livro, só interessava se tinha bastante diálogo.
Nossos jornais e revistas andam cheios de diálogos realistas que são fascinantes mesmo quando ininteligíveis.
Como o Al Capone, que escapou da punição por todos os seus crimes e foi enquadrado por sonegação de impostos alguns dos nossos corruptos que escaparem da punição por suas falcatruas (o que no Brasil não é difícil), poderiam ser enquadrados, com base nas suas conversas gravadas, por crimes contra o idioma.
Ninguém completa uma frase, os erros de concordância se sucedem e a lógica gramatical é constantemente assassinada sem dó.
Fora o fato de que, muitas vezes, recorrem a códigos e linguagem cifrada para driblar o presumido grampo, o que só aumenta a confusão.
– Olha, mandei o embrulho, é, viu? As linguiças.
– As linguiças? (Risos)
– As linguiças pra vocês.
– Hein? – (Risos nervosos) Repartirem aí
– E o pacote é... Vem como? Alô.
– Vai pelo Magrão...
– O Magrão que você diz é o...
– É o Magrão.
– Ah. Sei (risos histéricos)
Não invejo os técnicos da Polícia Federal e do ministério público
São obrigados a decifrar diálogos e achar sentido em falas truncadas, hesitações, barbaridades inconscientes q constituem um diálogo normal.
Porque a verdade é que nós todos falamos assim.
Basta ouvir a gravação de uma conversa nossa ao telefone para nos darmos conta: somos todos culpados, dependendo de como nos interpretarem.
E os poucos que falam corretamente, colocam os pronomes onde devem e fazem sentido são os maiores suspeitos.
Obviamente ensaiaram sua fala para enganar os grampeadores.
Descontado tudo isso o novo gênero não deixa de ter seu encanto. Conheci uma pessoa q folheava rapidamente um livro antes de comprá-lo ou não.
Dizia que não interessava o autor ou o tema do livro, só interessava se tinha bastante diálogo.
Nossos jornais e revistas andam cheios de diálogos realistas que são fascinantes mesmo quando ininteligíveis.
Como o Al Capone, que escapou da punição por todos os seus crimes e foi enquadrado por sonegação de impostos alguns dos nossos corruptos que escaparem da punição por suas falcatruas (o que no Brasil não é difícil), poderiam ser enquadrados, com base nas suas conversas gravadas, por crimes contra o idioma.
Luis Fernando Veríssimo
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