Honduras: antes e depois do golpe
Emir Sader
O golpe militar contra o presidente Mel Zelaya em Honduras colocou um problema novo para o continente, a partir de velhos procedimentos. Apoiado na unidade das elites dominantes em torno das FFAA, do Judiciário e do Parlamento, foi dado um golpe que tirou do poder a um presidente legalmente eleito, que havia proposto ao país uma Assembléia Constituinte – que incluía o direito a reeleição do atual presidente.
A reação popular de apoio ao presidente deposto foi clara e maciça, ao mesmo tempo que os golpistas conseguiam manter – até agora, pelo menos – a unidade das elites tradicionais, com apoios de setores da população. Ao mesmo tempo, a condenação internacional ao golpe foi unânime, com algumas repercussões no plano econômico – como a suspensão da venda subsidiada de petróleo venezuelano e acordos com o BID, conforme o país foi suspenso da OEA.
Mas a condenação internacional tem se mostrado insuficiente, diante da atitude do governo golpista. Zelaya aceitou as propostas do mediador, o presidente da Costa Rica, mesmo se elas impediriam que ele retomasse a proposta de convocação da Assembléia Constituinte, demonstrando sua disposição de pacificação e deixando claro que a intransigência vem dos golpistas.
Diante do impasse, Zelaya anuncia seu retorno ao país para buscar, pela via da luta de massas – ele fala mesmo de insurreição -, o mandato que lhe foi outorgado pelo povo. Demonstra combatividade e confiança no apoio popular. Pode voltar à presidência de forma similar a que retornou Hugo Chavez.
Uma solução política permitiria que Zelaya ou um candidato diretamente vinculado a ele – fala-se de sua mulher, dado que não existe reeleição na super remendada constituição, agora rasgada pelos golpistas. Zelaya tem o direito de submeter ao povo hondurenho seu governo e as propostas de aprofundamento das reformas que apenas começou a colocar em pratica no país – o suficiente para que as elites tradicionais, responsáveis pela situação de país mais pobre do continente, junto como Haiti, reagissem com o golpe militar.
Para a América Latina, é o momento de mostrar que os tempos mudaram, que tal como a Venezuela inaugurou, os golpes militares serão derrotados pelo povo organizado. O golpe deve abrir um caminho novo em Honduras, cansadas de ser a “republica bananeira”, como foi caracterizada por um escritor norteamericano. Houve um antes e um depois do golpe na Venezuela, deve haver um antes e um depois do golpe em Honduras.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
Não sou favorável ao golpe em Honduras, mas não podemos ser cegos diante da realidade. A prova cabal de que Emir Sader não é um intelectual bem intencionado é quando ele afirma que a reação popular de apoio ao presidente deposto foi clara e maciça. Isso não é verdade. Zelaya era um presidente impopular, tanto isso é verdade que o apoio claro e maciço da população foi em relação ao golpe. A maioria do povo apoia o golpe, o que não o justifica. E o pivô de toda essa história é sim Hugo Chávez e sua aproximação com o governo de Zelaya. Zelaya sabe que não conta com forças populares para fazer uma insurreição.
A culpa é do Chavez!!!
Essa é boa, pq não pensei nisso antes? Não será ele o culpado também pela crise do capital? Ou ainda pela derrota do Inter para Timão na Copa do Brasil?
Tem cada maluco por aí...
Parabéns Professor Emir pelo ótimo artigo.
E para fechar a minha "caçada" ao Carlos Tucano da Maia...
"E o pivô de toda essa história é sim Hugo Chávez"...
Adimito, ri alto aqui quando li isso...
Daqui a pouco ele fala "O Bush foi gente boa, defendeu o mundo contra o terrorismo".
hahaha
É bom rir um pouco no meio de tudo isso.
Mais uma vez, Parabéns Erick pelo teu blog e paciência em não responder todos os comentários do Carlos Tucano da Maia.
Obrigado Tux por prestigiar o blog.
Boas colocações.
Sds
Postar um comentário