Walter Benjamin: Revolucionário Barroco, Judeu Melancólico


Gleyton Trindade


Walter Benjamin foi certamente um dos mais enigmáticos pensadores do século XX e provavelmente o mais singular dos pensadores marxistas. Crítico literário, teólogo, filósofo e filólogo, judeu e marxista, Benjamin está, como diz Michael Lowy, “distante de todas as correntes e no cruzamento dos caminhos”. (Redenção e utopia. O judaísmo libertário na Europa Central. Companhia das Letras, São Paulo: 1993.) Não é por menos que autores de várias correntes, da teologia judaica ao marxismo revolucionário, fizeram de Benjamin um ícone cuja obra foi ardorosamente disputada.

Fascínio ainda mais alimentado pela conturbada vida que Benjamin experimentou. Vida marcada por fracassos, Benjamin é um representante dos “derrotados da história” que suas Teses sobre o conceito de história enunciam. Filho de uma família burguesa decadente de Berlim, Benjamin viu sua carreira acadêmica impossibilitada pela recusa de sua tese de livre docência pela Universidade de Frankfurt. Perseguido pelo regime nazista na Alemanha na década de 30, foi obrigado a fugir do país, passando a viver, com muitas dificuldades, do pouco dinheiro que conseguia de suas publicações, especialmente junto à Revista do Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt. Conhecendo-se as cartas que Benjamin escreveu durante esse período nota-se que ele via a si próprio como o escritor da era moderna “pós-aurática” que tanto analisou. Como um Baudelaire, poeta obrigado a vender sua obra como se fosse mercadoria recebendo o mínimo como pagamento. De fato, a situação de Benjamin não era muito melhor que a de Baudelaire. Tanto mais pela difícil relação de Benjamin com o Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt do qual Adorno era um dos diretores.

Tanta dificuldade culminaria com seu trágico suicídio na fronteira entre a França e a Espanha enquanto fugia da invasão alemã. Para o melancólico Benjamin a visão de um mundo que destruía a si próprio era insuportável. Num mundo marcado pela destruição causada por uma noção de progresso linear Benjamin se via como o anjo do quadro de Klee que tanto admirava: impotente e frágil. Ao contrário deste anjo, no entanto, Benjamin não queria presenciar o monte de ruínas que inevitavelmente se acumularia sob seus pés.

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