Com cerca de 99% dos votos apurados, os resultados mostram que Colom foi o vencedor do primeiro turno em 18 dos 22 departamentos da Guatemala. No total, ele obteve 28,39% dos votos, contra 23,66% de Molina.
Estavam aptos a votar cerca de 5,9 milhões de guatemaltecos. Segundo o Tribunal Supremo Eleitoral, o índice de ausência foi de 41%, considerado como algo natural pelas autoridades políticas do país, onde o voto não é obrigatório.
Tendência latino-americana
A eleição do último domingo deu seqüência ao fortalecimento das forças progressistas vigente em todo o continente latino-americano desde 1998, ano
"Creio que o povo não vai eleger meu adversário porque já está cansado de 50 anos de governos neoliberais e do crime organizado", afirmou Colom em sua primeira entrevista coletiva após a confirmação do segundo turno contra Molina, marcado para o dia 4 de novembro.
Colom disse acreditar que o povo optará pela paz no segundo turno, descartando escolher alguém que fez parte dos governos que permitiram o massacre de mais de 250 mil guatemaltecos durante os 36 anos de conflito armado no país.
Um pouco de história
Durante a segunda metade do século passado, a Guatemala viu uma variedade de governos civis e militares como em poucos países da região. Durante 36 anos, o país foi assolado por uma verdadeira guerra civil, na qual os militares ficaram caracterizados por um comportamento extremamente truculento.
Somente em 1996 foi possível assinar um acordo de paz, que pôs fim de maneira formal ao conflito, que deixou mais de um milhão de refugiados ao longo de mais de três décadas. Desde então, três presidentes estiveram à frente do país: Alvaro Irigoyen, Alfonso Cabrera e Óscar Perdomo, todos representantes das forças conservadoras da Guatemala.
Colom foi candidatos nas duas últimas eleições, em 1995 e 2003, sendo que na segunda tentativa terminou na segunda colocação, atrás apenas do atual presidente. Na ocasião, venceu em 14 dos 22 departamentos do país, mas sofreu uma grande derrota na Cidade da Guatemala, onde está a maior concentração de eleitores.
Repressão x políticas sociais
O candidato da UNE se define como um social-democrata e, após conhecer o resultado do primeiro turno, disse estar confiante nas possíveis coligações para o segundo turno.
Colom esteve à frente nas pesquisas durante toda a campanha eleitoral. Somente na última semana ele chegou a ser ultrapassado em menos de um ponto percentual por Molina, justamente quando o ex-militar decidiu apostar de modo mais enfático em um discurso de combate repressivo à violência no país, preocupação que está entre as que mais atingem a população como um todo, em todas suas camadas.
Por outro lado, Colom manteve-se firme nos quatro pontos fundamentais de seu Programa de Governo: a geração de empregos, o combate à pobreza, o crescimento da produção e a governabilidade. Diante do "discurso de uma nota só" de seu adversário, o candidato da UNE deixou claro que não está em seus planos utilizar medidas de repressão violenta para combater a criminalidade no país. "Trabalharei com medidas de prevenção, de caráter social, e com o fortalecimentos das instituições para combater esse problema", diz.
Ao longo das próximas semanas, os candidatos que não passaram ao segundo turno devem se manifestar oficialmente a respeito dos apoios que virão a ser concedidos. O fiel da balança certamente será o candidato governista Alejandro Giammattei, que recebeu cerca de 17% dos votos e ocupou a terceira colocação no primeiro turno.
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