Por Raul Pont
O sistema
eleitoral de dois turnos autoriza e legitima qualquer partido a apresentar
nominata completa no processo eleitoral. Nesse sentido, a posição majoritária
no PDT(60% dos convencionais) pela candidatura própria é natural e devemos
acompanhar o processo com diálogo e abertura, pois estivemos juntos no governo
estes três anos e poderemos nos encontrar no 2º turno de 2014. Afinal, a
candidatura Ana Amélia é uma adversária comum, conforme declarou o deputado
Vieira da Cunha, potencial candidato ao Piratini.
O sistema eleitoral, no entanto, não
pode ser o único critério de análise da conjuntura. O PDT, tudo indica, estará
com Dilma em 2014. É a tendência lógica, pela identidade no governo, pela
relação histórica com a presidenta e pelo sensível enfraquecimento nacional do
PDT (com a criação do Solidariedade), sem chance de arriscar candidatura
própria nacional.
Lá, como aqui, o PDT faz parte do
governo, tem Ministros, aqui Secretários e nos Parlamentos tem votado com o
governo no país e no RS.
Apresentar-se como oposição em 2014
não será tarefa fácil pois o espaço conservador já está ocupado e com o PMDB
lançando candidatura, mais ainda.
Dificilmente ocuparia um espaço à
esquerda, pois com um candidato sem essa trajetória e uma figura estranha ao
trabalhismo para o Senado, a chapa majoritária teria um perfil conservador e à
direita do governo Tarso Genro.
A possibilidade de aliança com o DEM
- já anunciada - tornaria o quadro mais difícil ainda para justificar
candidatura própria. A base trabalhista reagiria negativamente assim como o
eleitor próximo, como ocorreu quando o PDT buscou o atalho da aliança com o PDS
(ARENA) para crescer e alcançar o poder. Foi um desastre.
A convenção expressou, também, uma
forte corrente que compreendeu a importância do projeto comum e da experiência
de governo nestes três anos. Foram 40% dos convencionais em um processo que se
dizia já liquidado e que há meses vinha sendo preparado em reuniões regionais
que aprovaram a tese da candidatura própria. O risco de cisão é um dado
presente e que crescerá com a conjuntura.
Se considerarmos as questões reais
que se colocarão daqui para frente não é surpresa afirmar que esse quadro
poderá ser revertido até o momento das convenções oficiais de registro formal
das candidaturas.
Aonde buscar aliados? São possíveis
e somam numa campanha já demarcada pela polarização?
Qual o tempo de rádio e TV para
alavancar um conhecimento público dos candidatos e divulgar teses que sejam
capazes de singularizar o projeto?
Como vislumbrar uma aliança com o
PMDB, já tendo chapa com Governador e Senador? Numa hipótese otimista em que o
PMDB aceitasse indicar o vice (tese já pouco provável), o que fazer com Simon
ou Rigotto?
O palanque com o DEM certamente
também seria incômodo. Afinal, Onix e seus comparsas querem acabar com a raça
da Dilma, do Lula e do Tarso. Já vimos em 2010 como é difícil conciliar e dar
crédito a um palanque que não pode falar sobre a sucessão presidencial.
Neste final de semana, o PPS
reafirmou sua disposição de apoiar Eduardo Campos do PSB a presidente. Era,
junto com o DEM, um possível parceiro do PDT no “Manifesto aos Gaúchos” lançado após um dos tradicionais almoços de
“identidades comuns”, há duas semanas atrás.
O fenômeno da flexibilização e da
volatibilidade dos acordos e identidades programáticas, no último período, tem
dominado as declarações e gestos públicos, para se desfazerem em pó em novos e
contundentes pronunciamentos em outra direção.
O difícil e complexo quadro nacional
exige que os Partidos preocupados com o futuro, com o longo prazo, com projetos
que necessitam longa maturação, estejam à altura desse momento histórico.
A última década mudou o Brasil, em
crescimento econômico, distribuição de renda e inclusão social. Mas, como diz a presidenta Dilma,
isso é só o começo. As maiores e verdadeiras batalhas estão por vir com a
reforma política, a democratização da comunicação, com a taxação das grandes
fortunas, com a qualidade de vida nas grandes metrópoles, com a disputa
ideológica e cultural de valores e de concepção de mundo que precisamos ter
para cimentar um projeto igualitário de outra sociedade etc... etc...
Esse é o norte, o horizonte que deve
unificar socialistas, comunistas, trabalhistas e democratas populares num
projeto de emancipação nacional, integração continental e desenvolvimento
econômico sustentável para o Brasil.
Essa é a estratégia que deve
subordinar nossas táticas eleitorais no país e nos Estados. Se por
idiossincrasias pessoais e particularismos regionais não estivermos à altura de
compreender e construir uma unidade comum nessa pluralidade e diversidade de
posições, poderemos amargar novos ciclos de conservadorismo, de reacionarismo e
de atraso para nossa gente e para o país.
De nossa parte, o PT reafirma nossa
vontade de manter o atual bloco que apoiou nosso governo nesses três anos no
Estado, apresentando para isso a indicação do companheiro Tarso à reeleição e a
composição com os nossos aliados na vice-governadoria, no senado e no próximo
governo.
Por isso nos dirigimos em particular
aos companheiros do PDT para que considerem os argumentos aqui arrolados e para
que possamos caminhar juntos em 2014, já no 1º turno.
Saudações
fraternas
Raul
Pont
Deputado
estadual PT/RS
10/dezembro/2013
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