Especulação imobiliária: após incêndio, Cabaret pode virar um "espigão"


Por Erick da Silva

Porto Alegre consolida-se como um paraíso para a especulação imobiliária. Não é difícil notar como este fenômeno tem prosperado nos últimos anos na cidade. Coincidência (ou não), a partir do governo Fortunati, a expansão de grandes empreendimentos imobiliários tem prosperado em grande velocidade.
Os problemas desta expansão imobiliária são muitos. Além dos evidentes impactos ambientais que muitas destas grandes obras tem causado, foram levantandos fortes suspeitas de corrupção na liberação de licenças ambientais (veja mais aqui), problemas sociais que obras equivocas (ou mal planejadas) estão causando na cidade, onde até vidas estão sendo postas em risco (veja mais aqui), uma outra dimensão também está sendo atingida por esta lógica: a do patrimônio histórico da cidade.
Recentemente, um incêndio atingiu um antigo casarão localizado na Avenida Independência, onde funcionava no local a casa noturna "Cabaret". A Zero Hora informa que, após o incêndio, os empresários sócios da boate buscam um novo local para reabrir suas atividades e que o local em que funcionava a casa noturna deverá se transformar em um prédio comercial. Segundo o jornal, o proprietário pretende transformar o Cabaret e as outras duas casas ao lado (foto acima) em um novo empreendimento de Porto Alegre. "A ideia do proprietário era unificar as três casas e criar um prédio comercial, inclusive com garagem.", informa a matéria.
O problema para os planos do empresário é que as três construções foram identificadas como patrimônio cultural do município e parte da estrutura precisa ser preservada. Os prédios estão listados na Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural (Epahc), como inventário, uma classificação não tão rigorosa quanto o tombamento, mas que também impõe responsabilidades ao dono.
O departamento informa que já foi notificado formalmente pelo proprietário do incêndio e aguarda um laudo que aponte o quanto da estrutura foi afetada e o que poderá ser preservado. Caso o incêndio não seja criminoso — a causa das chamas ainda não foi esclarecida pela Polícia —, o que acarretaria em uma multa financeira, as paredes externas e o telhado deveriam ser mantidos.
Ficam algumas perguntas: Porto Alegre precisa de mais um "espigão", a erguer-se nas alturas, colocando abaixo três edificações históricas da cidade? Fortunati seguirá conivente com esta escalada do "concreto armado" na cidade? A descaracterização da história da cidade seguirá sem que nada seja feito para reverter isto? Fica o alerta!
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