Por Erick da Silva
O balanço das eleições
municipais de 2012 apresentam um quadro geral que aponta um
fortalecimento do campo democrático e popular e um enfraquecimento
das forças ligadas ao neoliberalismo e o conservadorismo.
O grande vitorioso
nestas eleições foi o PT. Foi o partido mais votado em todo o país
(foram mais de 17 milhões de votos no 1º turno) e esteve coligado
em chapas vitoriosas em um número expressivo de cidades. O partido
conquistou 635 prefeituras nos dois turnos da votação e manteve a
sua tendência história de crescimento constante. Comparando com às
eleições de 2008 o Partido ampliou em 14% o número de
prefeituras.
Estas eleições
confirmaram uma tendência que, desde a vitória de Lula em 2002,
apontam para o crescimento do PT e partidos aliados e um declínio
constante do bloco conservador capitaneado pelo PSDB. Ainda que
nestas eleições tivemos uma relativa fragmentação da base aliada
e da oposição em diversas capitais e municípios importantes, o
resultado geral confirma esta tendência.
Antes das eleições,
alguns duvidavam que o PT pudesse ter um desempenho tão positivo
nestas eleições. Como apontou Marcos Coimbra, “Difícil
imaginar um quadro de opinião tão desfavorável como o que foi
montado para o partido nestas eleições. Apesar dele, sai como
principal vitorioso. No plano objetivo e no plano simbólico. Sem que
houvesse qualquer razão técnica para que o julgamento do “mensalão”
fosse marcado para o período eleitoral, o Supremo Tribunal Federal
estabeleceu seu calendário de tal maneira que parecia desejar que
ele afetasse a tomada de decisão dos leitores.” Não
resta dúvida de que as oposições, seja ela nos partidos, na mídia,
no Judiciário ou na sociedade, tudo o que puderam fazer para que as
eleições de 2012 se transformassem em derrota para Lula e o PT foi
feito.
Mas
não funcionou. Estas adversidades não conseguiram
influenciar significativamente e pesaram mais outros elementos da
conjuntura: a avaliação positiva do governo Dilma, a grande
identificação e enraizamento popular do PT, a força política do
ex-presidente Lula, etc.
Não podemos
desconsiderar os fatores locais que determinam os resultados, no
entanto, a conjuntura nacional e estadual tem uma importante
influência e definem o posicionamento das forças políticas
localmente.
Sem dúvida o partido
sofreu derrotas eleitorais em municípios estratégicos e que
historicamente o PT administra ou administrou, como os casos de
Recife, Porto Alegre, Belo Horizonte, Fortaleza, etc. caberá ao
partido se organizar e refletir sobre estes resultados. No entanto,
no âmbito geral, estas derrotas não encobrem a grande vitória que
o PT teve no país.
A oposição sai ainda
mais fragilizada nestas eleições. O bloco PSDB/DEM/PPS, nas
eleições de 2008, detinha 1416 prefeituras, nestas eleições
caíram para 1103. A derrota de Serra e a vitória de Haddad em São
Paulo é sem dúvida a mais significativa deste cenário. A cidade
foi uma verdadeira trincheira da direita, servindo de “trampolim”
para Serra concorrer a presidência contra Dilma, esta vitória
poderá significar uma mudança política significativa no médio
prazo para a cidade e o estado de São Paulo.
Entre os grandes
partidos apenas o PT e o PSB conseguem melhorar o desempenho de 2008.
O PMDB, mesmo perdendo 180 prefeituras, segue o partido com o maior
número de administrações municipais. O PSD já aparece como o
quarto partido em número de prefeituras. Este resultado do PSD pode
fortalecer a tendência de reagrupamento das forças políticas
ligadas a centro-direita, de adotar como estratégia de sobrevivência
política, um abrandamento da crítica ao PT e o governo federal,
ancorado em uma boa dose de casuísmo e cálculo pragmático,
isolando politicamente ainda mais o PSDB.
Projetando as disputas
futuras e a eleição presidencial de 2014, o campo político que
compõe o governo federal saí desta disputa ainda mais fortalecido e
reduzindo o espaço para uma alternativa oposicionista. Devido a
isto, a mídia logo se apressou em especular uma alternativa ao PT
dentro do próprio campo de sustentação do governo Dilma. Mirando o
crescimento do PSB, buscou enxergar aí a sua alternativa. No
entanto, esta possibilidade carece de elementos concretos que vão
para além do terreno da própria especulação.
O crescimento do PSB,
ainda que importante, não o credencia automaticamente a ser uma
alternativa com alguma viabilidade eleitoral, como sonham alguns
articulistas políticos na mídia. Um grande número de prefeituras
não são, por si só, credenciais para partidos sonharem com voos
maiores. O PMDB é exemplar neste sentido, nas últimas eleições
tem mantido-se como o partido com o maior número de prefeituras, no
entanto, não consegue apresentar candidatos próprios para a disputa
presidencial. Não há nenhum elemento político que justifique uma
candidatura socialista e nem sinais de que o PSB planeje romper com o
governo federal. Apenas o que existe é o sonho conservador de ver
materializada alguma candidatura antipetista competitiva, visto que
as possibilidades de uma candidatura tucana (Aécio Neves ou Serra)
tendem a naufragar novamente.
O fato é que nestas
eleições, os partidos que compõem o governo Dilma foram os grandes
vitoriosos. A conjuntura permanecendo nestas condições, com a
eficaz resistência do governo aos efeitos recessivos da crise
capitalista internacional, para elevar os índices de crescimento da
economia e seguir expandindo as políticas sociais, não há dúvida
que a presidenta Dilma se consolida como a grande favorita nas
próximas eleições.
Tabelas: SORG PT
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