Em um clima político onde tanto se fala em oposição entre as “elites” e o “povo”, eis um estudo que dará o que falar. E com razão: pesquisadores americanos e canadenses documentaram, na edição de segunda-feira (27) da revista “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS), a existência de uma relação inversa entre elevação na hierarquia social e ética do comportamento individual. Ou seja, dizendo de maneira mais direta: quanto mais rico você é, mais você está sujeito a se comportar de maneira moralmente lamentável.
A equipe americana-canadense conduzida por Paul Piff (Universidade da Califórnia em Berkeley) tem seus argumentos. Os pesquisadores realizaram nada menos que sete protocolos experimentais diferentes, e todos convergem para a mesma conclusão.
O primeiro foi simples: consistiu simplesmente em observar num cruzamento os veículos flagrados não respeitando a preferencial. A segunda experiência, muito parecida, consistiu em registrar as situações nas quais um pedestre que estivesse atravessando na faixa tenha sido cortado por um carro. Em ambos os casos, os pesquisadores classificaram os veículos em cinco categorias, das “latas-velhas” (grupo 1) até os sedãs de luxo (grupo 5). Resultado: quase 30% dos veículos do grupo 5 passaram na frente de veículos que tinham a preferencial, um índice quatro vezes superior aos grupos 1 e 2, e três vezes superior aos grupos 3 e 4. Correlação quase idêntica com o devido respeito aos pedestres...
Mas, você pode dizer, não é porque você tem um belo carro que você necessariamente é rico. O que não é mentira. Os pesquisadores também complementaram esses dois experimentos com outros, conduzidos em laboratório. A cada vez, uma centena de indivíduos foram convidados a observar situações diversas: obtenção de um objetivo às custas de uma infração moral, captação de um bem de maneira indevida em detrimento de um terceiro, mentira durante uma negociação, apoio a um erro em contexto profissional. Depois os participantes preencheram um questionário respondendo em que medida eles estariam dispostos a reproduzir esses comportamentos. A cada vez era evidenciada uma correlação entre o status social dos participantes e sua capacidade de infringir a ética.
Um último experimento consistiu em colocar cerca de 200 pessoas diante de um jogo de dados de computador: uma soma em dinheiro lhes era prometida caso a pontuação (que eles mesmos anotavam) atingida após duas jogadas fosse alta. Mas, é claro, o jogo estava viciado e a pontuação não podia exceder 12 pontos. Portanto, os que apresentaram pontuações superiores a esse número trapacearam. Mesmo levando em conta diversos parâmetros como etnia, sexo, idade, religião, orientação política, não tem jeito, “a classe social mais elevada prevê um comportamento mais antiético”. A que se deve essa ligação entre elevação social e baixeza moral? Em parte, respondem os pesquisadores, “a uma percepção mais favorável da ganância”.
O primeiro foi simples: consistiu simplesmente em observar num cruzamento os veículos flagrados não respeitando a preferencial. A segunda experiência, muito parecida, consistiu em registrar as situações nas quais um pedestre que estivesse atravessando na faixa tenha sido cortado por um carro. Em ambos os casos, os pesquisadores classificaram os veículos em cinco categorias, das “latas-velhas” (grupo 1) até os sedãs de luxo (grupo 5). Resultado: quase 30% dos veículos do grupo 5 passaram na frente de veículos que tinham a preferencial, um índice quatro vezes superior aos grupos 1 e 2, e três vezes superior aos grupos 3 e 4. Correlação quase idêntica com o devido respeito aos pedestres...
Mas, você pode dizer, não é porque você tem um belo carro que você necessariamente é rico. O que não é mentira. Os pesquisadores também complementaram esses dois experimentos com outros, conduzidos em laboratório. A cada vez, uma centena de indivíduos foram convidados a observar situações diversas: obtenção de um objetivo às custas de uma infração moral, captação de um bem de maneira indevida em detrimento de um terceiro, mentira durante uma negociação, apoio a um erro em contexto profissional. Depois os participantes preencheram um questionário respondendo em que medida eles estariam dispostos a reproduzir esses comportamentos. A cada vez era evidenciada uma correlação entre o status social dos participantes e sua capacidade de infringir a ética.
Um último experimento consistiu em colocar cerca de 200 pessoas diante de um jogo de dados de computador: uma soma em dinheiro lhes era prometida caso a pontuação (que eles mesmos anotavam) atingida após duas jogadas fosse alta. Mas, é claro, o jogo estava viciado e a pontuação não podia exceder 12 pontos. Portanto, os que apresentaram pontuações superiores a esse número trapacearam. Mesmo levando em conta diversos parâmetros como etnia, sexo, idade, religião, orientação política, não tem jeito, “a classe social mais elevada prevê um comportamento mais antiético”. A que se deve essa ligação entre elevação social e baixeza moral? Em parte, respondem os pesquisadores, “a uma percepção mais favorável da ganância”.
Reportagem de Stéphane Foucart, publicada pelo jornal Le Monde e reproduzida no IHU.
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Um comentário:
Bem, se estão me dizendo, acredito que houve o estudo.
Mas, pela madrugada, cuidado com simplificações grosseiras.
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