A crise envolvendo o ministro chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, já está custando um preço alto demais ao Governo Dilma. Até o momento, aos argumentos apresentados como defesa pelo ministro são frágeis.
É inaceitável, do ponto de vista ético, que um ex-ministro de estado, utilizando-se de informações privilegiadas, devido ao cargo que ocupou no governo, se utilize disto para seu enriquecimento. O crescimento de patrimônio de Palocci, segundo o que tem sido noticiado, foi multiplicado por 20 em quatro anos. Essa informação não foi, até o momento, negada pelo ministro. Como "defesa" ele apontou que diversos ex-ministros tucanos fizeram o mesmo, o que, com todo o devido respeito ao ministro, não serve como justificativa.
Ele também afirmou que esta é uma prática legal, pois bem, pode ser legal, mas é claramente imoral e fere o principio da ética pública. Alias, todas estes argumentos em defesa de Palocci foram feitas por meio de notas ou a pedido de algum assessor, ou parlamentar solidário ao ministro.
Até o momento Palocci não teve a postura honrada de ir ele próprio se defender. O que tem contribuído para ampliar ainda mais o desgaste do governo. Desgaste que tem cobrado o seu preço.
Os efeitos da tensão sobre o ministro da Casa Civil causaram, até aqui, ao menos uma derrota no Congresso – a aprovação, na Câmara, de pontos polêmicos no novo Código Florestal – e levaram "neoaliados" a se aproveitarem a situação e impor novas derrotas.
A suspensão do chamado "kit anti-homofobía", por pressão da bancada religiosa, que reuni deputados evangélicos e católicos conservadores, que ameaçou assinar o pedido de CPI para investigar as denúncias contra Palocci, caso o governo não suspendesse o material didático. E agora, aproveitando a aparente fragilidade na condução política do governo, tenta barrar o Projeto de Lei 122, que tipifica o crime de homofobia e, entre outros pontos, criminaliza discursos contra homossexuais em pregações e cultos.
Por todo este quadro adverso fica cada vez mais latente o equívoco na manutenção desta estratégia de defesa do Palocci. Até que ponto é "estratégico" mobilizar o governo e sua base em defesa de um projeto pessoal? Pois é disto que estamos falando, a acumulação de patrimônio de um integrante do governo que tem gerado um alto e perverso custo político ao governo. A manutenção de Palocci apenas ampliará, de forma perversa, os focos de tensão do governo federal com sua base e com a oposição.
O Governo Dilma representa a continuidade do projeto transformador iniciado com o Governo Lula. A Presidenta Dilma está assumindo um importante desafio histórico, que é o de acabar com a miséria extrema no Brasil. O Plano de Superação da Extrema Pobreza - Brasil sem Miséria, tem por foco retirar cerca de 16,2 milhões de brasileiro da extrema pobreza. Um projeto desta magnitude não pode sofrer nenhum abalo por conta da crise política causada pelo Palocci.
No Governo Lula o estado brasileiro iniciou sua reconstrução após o processo de desmonte dos anos neoliberais. Um estado que soube enfrentar a primeira grande crise financeira o século XXI com maestria e garantiu um incremento ao crescimento econômico. Este projeto transformador, que teve a preocupação permanente com a transparência e com o combate a corrupção, com ações preventivas e investigativas através da CGU e da Polícia Federal.
Este projeto que o Governo Dilma tem o desafio de aprofundar não pode ser abalado por projetos pessoais. O Governo Dilma é muito maior que o ministro Palocci e ele deve colaborar com isto.
Pela situação em que se colocou, mesmo que Palocci venha a apresentar alguma defesa, ele não tem mais condições de ocupar o posto que ocupa. A Casa Civil exige um grau de articulação política e de legitimidade que as "nuvens de suspeição" que pairam em Palocci o interditam de desempenhar este papel. Pelo seu histórico, não temos garantias alguma de que logo mais adiante não surgiria outro "caseiro" a colocar em suspeição o ainda ministro Palocci.
Pelo bem do governo da presidenta Dilma, em defesa do projeto generoso que está em curso no Brasil, Palocci deveria renunciar!
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