Os 70 anos da enchente de 41


Em tempos de desiquilíbrio ambiental crescente, tragédias envolvendo fatores naturais passaram a ocupar com grande frequência a vida das pessoas e os noticiários, diria que até mesmo de forma quase cotidiana. Mas há 70 anos atrás era diferente, tragédias ambientais não eram tão frequentes.
Entre 10 de abril e 12 de maio de 1941, Porto Alegre viveu a maior catástrofe natural da sua história recente, uma enchente de grandes proporções que marcaria para sempre o imaginário da capital gaúcha.
Primeiro, veio a chuva, que atingiu a cidade por praticamente um mês de forma ininterrupta. Depois, como consequência do grande volume das chuvas, venho a fúria dos rios, que violou domicílios e estabelecimentos. Uma enchente de 22 dias quebrou a rotina da cidade de forma violenta, espalhando pânico e desespero.
Para saber mais sobre a enchente que marcou a história da cidade, recomendo o livro A enchente de 41, com pesquisa e textos do jornalista Rafael Guimaraens. Lançado pela editora Libretos, é um excelente apanhado documental que reúne 120 imagens de fotógrafos da época e expõem o trauma e as impressionantes modificações que a cidade sofreu naqueles dias.
Mas qual a causa da enchente em 1941? Afirma Rafael Guimaraens que, “O Guaíba (é muito difícil chamá-lo de lago) voltou-se contra a cidade por uma série de circunstâncias: a chuva intensa que desabou sobre o Rio Grande do Sul durante duas semanas, o fato de Porto Alegre estar a apenas três metros acima do nível do mar, com vários bairros situados em regiões alagadiças, a enxurrada das águas vindas dos rios alimentadores – Gravataí, Caí, Sinos e Jacuí – e, finalmente, o Minuano soprando em sentido contrário impediu a vazão das águas para a Lagoa dos Patos. Assim, mesmo quando parou de chover, a enchente continuou crescendo.”
O número de vítimas foi alto, se estima que mais de 70 mil pessoas ficaram desabrigadas. Mais de 600 empresas demoraram meses para reabrir. Muitas não conseguiram, quanto as vítimas fatais o número não chegou a ser expressivo (em torno de duas dezenas) face o tamanho da calamidade.
Após a tragédia ocorrida, uma série de medidas foram adotadas na capital para evitar novas enchentes desta magnitude. O Arroio Dilúvio foi canalizado, foi erguido o muro da Mauá e um sistema de drenagem foi instalado, para evitar a repetição do problema. Desde então, a cidade não teve mais enchentes de tais proporções.

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