Marcha da Maconha em Porto Alegre - Maio/2011 (Foto: Vicente Carcuchinski)
O debate sobre a falência das políticas proibicionistas com relação a maconha é mais do que urgente. Recentemente, as inúmeras "Marchas da Maconha" em todo o Brasil buscaram trazer a tona este importante debate. O principal papel das marchas era o de dar visibilidade ao debate, neste sentido, as marchas foram vitoriosas. Infelizmente, houve um tratamento desigual e, por vezes, colocado como motivo de "piada" pela mídia comercial ou de repressão, como no caso de São Paulo.
Um documentário que coloca o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como protagonista, cujo enredo defende a descriminalização da maconha colocou o tema na pauta da grande mídia. Sou profundamente crítico a tudo o que representou e representa o FHC, mas critica-lo de ante-mão, seja com "piadas" sobre a maconha ou ainda de forma "pseudo-séria" para desqualificá-lo é burrice. Só joga água no moinho conservador em nada colabora para um qualificado e necessário debate sobre o tema.
Não podemos nos esquecer que ao longo dos oito anos do governo FHC nada foi feito para romper com a lógica repressiva proibicionista. Nem podemos nos esquecer a dura repressão que ocorreu durante a Marcha da Maconha em São Paulo, estado governado pelos tucanos. (veja aqui)
Agora, o que não quer dizer que as pessoas não estão sujeitas a mudar de opinião, o mais importante, independente das reais ou obscuras intenções que possam estar contidas nesta virada de FHC é o desbloqueio no debate. Quando veríamos, por exemplo, a rede Globo exibir uma matéria com o mínimo de equilíbrio, sem os tradicionais maniqueísmos que predominam no tema?
O fundamental neste debate é romper bloqueios que, em geral, se alicerçam apenas em preconceitos e desinformações. Um debate amplo e profundo, sem hedonismo e que envolva o conjunto da sociedade de forma plena e democrática é a melhor maneira de encontrarmos uma saída que supere a atual política fracassada em curso.
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Um comentário:
Cara, o grande feito do governo Dilma é a desideologização do Brasil. Nós, brasileiros, temos que passar por cima dos ressentimentos, das brigas políticas e lutarmos por uma sociedade melhor e mais justa. Não importa o lado "ideológico". FHC -- que fez um bom governo, mas é criticado por aqueles que continuam o seu projeto econômico -- defende a descriminalização da maconha e é criticado por uns abobados só porque ele é FHC. Um absurdo. O aspecto mais fascinante do pós modernismo é exatamente isso, não existe lado (ideológico, religioso) determinado. Eu sou acusado de ser direitista, mas defendo o aborto, a descriminalização da maconha, a inclusão social dos excluídos. E faço e defendo isso e não sou de esquerda. Nós temos que melhorar o nível do debate político, tirar a ideologia que cega e torna as pessoas medíocres, do meio do bom debate que gera a boa luta.
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