A morte de Bin Laden e o triunfo do “Comandante Obama”



Por Martín Granovsky

O novo diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), que acaba de ser proposto por Barack Obama, o general David Petraeus, será confirmado pelos senadores. Se restava alguma dúvida, seu último posto foi o chefe das forças da OTAN no Afeganistão. Assumirá como diretor da CIA com o troféu de Osama Bin Laden morto e as mãos livres para reforçar as operações militares encobertas.

Petraeus foi o arquiteto das operações de George Bush no Iraque e, nos últimos anos, apoiou os ataques contra bases da Al Qaeda não só no Afeganistão, mas também no Paquistão, onde Bin Laden foi morto. A morte de Bin Laden ocorre alguns meses antes de se completarem dez anos do atentado que destruiu as Torres Gêmeas de Nova York, em 11 de setembro de 2001. Em termos práticos e simbólicos, a operação da CIA confirma que Washington se aproxima do ponto de deixar o lugar de primeira potência econômica nas mãos da China, mas segue sendo a primeira, longe de qualquer outra, em capacidade de uso da força, incluindo aí operações de contrainsurgência.

Por isso, Obama, no discurso realizado na noite de domingo, lembrou que o ataque foi dirigido contra as Torres Gêmeas e também contra o Pentágono, na primeira agressão externa contra território norteamericano em sua história. Por isso, também, recordou que deus instruções a Leon Panetta definindo que a missão principal da CIA era encontrar Bin Laden vivo ou morto. Uma mensagem de gratificação e, ao mesmo tempo, de respaldo: Panetta foi designado e está por assumir como ministro da Defesa, onde deverá diminuir brutalmente o gasto militar e reorientá-lo. Também é chave no discurso a menção aos oficiais encarregados de operações encobertas: “Ninguém conhece seus nomes, mas o povo norteamericano deve estar agradecido a eles”, disse o presidente que assumiu no dia 20 de janeiro de 2009, e no final do ano que vem lutará para ser reeleito e iniciar outro mandato em 2013.

Obama sublinhou a palavra “eu” quando disse que ele mesmo deu a ordem de lançar o ataque contra o santuário onde Bin Laden estava refugiado no Paquistão. Ele transformou-se no presidente que liquidou o inimigo número um da superpotência. “Não vamos tolerar que nossa segurança seja ameaçada”, disse Obama.

O Washington Post anunciou, antes da notícia do assassinato de Bin Laden e ao comentar a nomeação de Petraeus, o começo de um período com “uma CIA cada vez mais militarizada”. Petraeus dirigiu a guerra do Iraque, um país governador pela tirania de Saddam Hussein que não era albergue de terroristas nem defendia o fundamentalismo islâmico. Logo em seguida, dirigiu a guerra do Afeganistão. O Washington Post assinalou que ser diretor da CIA significa, para Obama, liderar a terceira guerra: o combate, mediante operações encobertas ou dirigidas contra alvos específicos no Paquistão. Desde que o atual presidente assumiu, houve 192 ataques com mísseis em solo paquistanês, com um registro de 1890 terroristas ou suspeitos de sê-lo mortos.

Uma volta da história parece ir se completando. Obama acaba de anunciar o corte de impostos para os mais ricos, uma medida que vai no sentido inverso de sua promessa de voltar à sociedade menos desigual dos anos 60. E, com a morte de Bin Laden, obteve uma vitória no campo que parecia o seu flanco mais débil: o militar. Nesta madrugada, conservadores e liberais, direitistas e progressistas dos EUA, festejavam nas ruas a vitória do “comandante Obama”.

Tradução: Katarina Peixoto

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