Folha demite jornalistas por comentários no Twitter


A tão propalada "liberdade de imprensa" que a Folha de SP e cia, a todo instante, costumam a todo instante evocar, mais uma vez se prova apenas uma peça de oratória, ou melhor, a liberdade de imprensa só serve quando é para servir os interesses do dono do jornal. Quando se trata de críticas ao jornal, logo a máscara caí e fica evidente a falácia.
Semana passada, dois jornalistas vinculados ao grupo Folha (um do jornal Folha de SP outra do Agora) foram demitidos, de forma arbitrária, por "ousarem" expressarem suas opiniões no Twitter. Opiniões estas que em nada haviam atingido a "imagem da empresa".
Abaixo reproduzo post do Rodrigo Vianna que relata a ridícula situação.

“Folha” acha que jornalista é servo?

Por Rodrigo Vianna 

Na última quarta-feira, eu estava na porta do Hospital Sírio-Libanês, cobrindo a morte de José Alencar para a TV Record. No mesmo horário, dois jornalistas (um da “Folha” e outro do “Agora” – diário que também pertence ao grupo “Folha”) trocavam impressões sobre a cobertura jornalística do fato. Ressalte-se: trocavam impressões usando contas particulares do twitter.
Foram demitidos!
Nesse domingo, a “ombudsman” da “Folha” tocou no assunto. Ela transcreveu o diálogo no twitter que acabou levando à demissão:
Repórter da Folha: ”Nunca um obituário esteve tão pronto. É só apertar o botão.”
Repórter do Agora: ”Mas na Folha.com nada ainda… esqueceram de apertar o botão. rs” (risos)
Repórter da Folha: ”Ah sim, a melhor orientação ever. O último a dar qualquer morte. É o preço por um erro gravíssimo.”
Suzana Singer, que foi minha chefe e a quem respeito, preferiu não dar os nomes dos jornalistas. Imaginou (presumo) que assim os “preservaria”. Como se a história já não estivesse na internet…
Na mesma coluna, a “ombudsman” dá a opinião sobre o caso:
Um diálogo ruim, de todos os pontos de vista. É insensível jogar na cara do leitor que há obituários prontos à espera do momento de publicação. Não faz sentido um jornalista criticar, publicamente, um site da mesma empresa. E não deixa de ser desagradável lembrar um problema recente -a divulgação errada, pela Folha.com, da morte do senador Romeu Tuma.
Êpa! Peraí. Desde quando a “Folha está preocupada com a “sensibilidade” do leitor. A “Folha” é o jornal que publica ficha falsa em primeira página, e que abre espaço para relato sem provas de que Lula teria falado em “currar” um garoto na prisão. E a Suzana acha que os leitores ficariam “sensíveis” se soubessem que jornalistas preparam obituários com antecedência?
Outra coisa: a Suzana acha “desagradável” lembrar um “problema” recente? Desagradável pra quem? Pros leitores? Ou pro jornal? O mundo jornalístico sabe que o jornal ”matou” o Tuma antes da hora, ajudando assim a eleger o Aloysio.
Na verdade, na crítica de Suzana, a única justificatica plausível é essa: “Não faz sentido um jornalista criticar, publicamente, um site da mesma empresa.”
É isso que interessa na demissão: um recado para outros jornalistas – calem a boca! É atitude de velhos senhores de engenho. Se os empregados se reúnem para reivindicar melhores condições de trabalho, o “patrão” nem discute. Chama o capataz e manda dar uma surra nos líderes da “baderna”. Pra servir de exemplo!
Sob todos os aspectos, a demissão dos jornalistas parece-me absurda: os dois foram “punidos” por expressar, em perfis no twitter, a opinião pessoal.  Ok, eles trabalham na “Folha”. Mas a relação não é (ou não deveria ser) do servo com o senhor proprietário da gleba. O jornalista, fora do horário de serviço, e longe das páginas que pertencem à família Frias, é um cidadão que pode e deve expressar suas opiniões e impressões. O jornalista vende sua força de trabalho, não o cérebro!
E há mais um ponto estranho. A ombudsman parece incomodada com o fato de a troca de tuitadas ter revelado um “segredo”: jornais, revistas, TVs e sites de internet preparam previamente obituários de personalidades importantes.
Ora, isso é tratar o leitor feito débil mental. É evidente que os jornais preparam isso tudo com antecedência. O leitor minimamente esclarecido sabe – ou intui – essa verdade. Ou alguém acha que tudo se materializa minutos depois da morte (na TV e nos sites) por mágica? Além do mais, se havia leitores que não sabiam, agora eles já sabem: jornais, sites, TVs e rádios  preparam obituários – mas não querem que você, leitor, saiba disso!
O jornal que tenta calar a “Falha” (site de paródias da “Folha”, tirado do ar por medida judicial), o jornal que chamou ditadura de “ditabranda”, o jornal que é o mais vendido do país, é um jornal que demite profissionais que dão opinião no twitter.
A “Folha” acha que jornalista é servo da gleba? Não chega a espantar.
Aqui, você lê a versão de Carol Rocha – uma das jornalistas demitidas. O outro demitido foi Alec Duarte, da “Folha".

 

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