Ex-agente da ditadura é preso por porte ilegal de armas
Por R7
O oficial da reserva Sebastião Curió Rodrigues de Moura, testemunha chave e um dos comandantes da repressão empreendida pela ditadura militar (1964-1985) contra a Guerrilha do Araguaia, foi preso em sua residência nesta terça-feira (29) e responderá a um processo criminal por porte ilegal de armas.
A prisão ocorreu durante uma operação de busca e apreensão de documentos que se referem à guerrilha e que estão em posse do Major Curió, como o oficial é conhecido.
Encaminhado ao Batalhão de Polícia do Exército, por ser militar, ele foi liberado por habeas corpus no mesmo dia.
Autorizada pela Justiça, a diligência foi realizada pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, que buscam documentos e pistas que possam levar à localização dos corpos dos guerrilheiros, a maioria integrantes do PCdoB, mortos pelas Forças Armadas entre 1972 e 1975 na região do Bico do Papagaio, no sul do Pará.
Em entrevista concedida em 2009, Curió revelou que 41 deles foram executados fora do campo de batalha, quando já não ofereciam resistência.
Durante a ação, foram apreendidos diversos documentos, um computador e fitas, que serão periciados pelo INC (Instituto Nacional de Criminalística). Os mandados foram concedidos pela 1ª Vara da Justiça Federal, a pedido do MP.
Segundo a procuradora da República Luciana Loureiro, “as buscas e apreensões são uma tentativa de localizar documentos que possam revelar o paradeiro de corpos de militantes políticos que participaram da guerrilha do Araguaia”.
No fim do ano passado, o Estado brasileiro foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos por não ter apurado crimes cometidos pela ditadura no combate aos guerrilheiros. O país é obrigado a acatar a sentença.
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