Por Erick da Silva
Todo o processo eleitoral é um momento impar para a disputa de projetos políticos. Este quer se encerrou não foi diferente.
Se no primeiro turno das eleições a disputa programática não teve a dimensão que gostaríamos que tivesse no debate eleitoral, o segundo turno das eleições presidenciais foi o momento em que se exasperou esta disputa no Brasil.
Seja pelo confronto direto de projetos de país, explicitado, por exemplo, na defesa do patrimônio público (Dilma) contra as privatizações (Serra), onde a noção de projeto de país tornou-se mais perceptível para importantes parcelas da população. Ou ainda na comparação das gestões FHC e Lula. A defesa das conquistas do governo Lula pesou favoravelmente a candidatura Dilma.
A tentativa do Serra de levar o debate eleitoral para o campo dos valores morais, introduzindo de maneira torpe o tema do aborto, acabou surtindo pouco ou nenhum efeito favorável para a candidatura tucana. Pelo contrário, a guinada obscurantista de Serra acabou servindo como elemento mobilizador de importantes setores (intelectuais, artistas, etc.) para a campanha Dilma, que viram o caminho perigoso que os tucanos estavam tomando.
O papel da imprensa é outro elemento que necessariamente temos de abordar. Claramente, a mídia monopolista sofreu um duro baque nestas eleições. Globo, Folha de SP, Estadão, Abril etc sofreram uma desmoralização sem precedentes. Apesar do apoio em “bloco” que eles deram para Serra, a influência destes veículos sobre o resultado eleitoral foi baixa, não cumprindo mais o papel que eles outrora poderiam ter.
A campanha de Dilma surpreendeu os incrédulos. Não foram poucos os “analistas políticos” que duvidaram da viabilidade eleitoral da candidatura de Dilma, afirmavam que Lula não conseguiria transferir o seu apoio popular para ela e, mesmo que por ventura consegui-se, Serra era um nome “muito mais preparado” e “conhecido” pelas pessoas, por tanto, era franco favorito. Na prática, se viu o oposto. Dilma cresceu e ponteou as pesquisas durante a campanha inteira.
Poderia ainda elencar uma série de outros aspectos importantes que apontam para um mesmo sentido: a vitória política de Dilma. As teses neoliberais foram amplamente rejeitadas. O projeto que se estabeleceu no governo Lula foi amplamente vitorioso. Para a percepção de milhares de pessoas, das mais diversas ou difusas maneiras, isso ficou claro e é por esse motivo que Dilma venceu. Além de conquistar a maioria dos votos, venceu o debate político de projeto de nação.
Esta é a esperança e a certeza que mobilizou a maioria da população em apoio a Dilma e é esta a confiança que está depositada no novo governo. A certeza que Dilma poderá ampliar o processo de mudanças iniciadas no governo Lula.
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