Nos porões da ditadura militar, em 25 de outubro de 1975, foi torturado até a morte por asfixia o jornalista Vladimir Herzog. Tornando-se um símbolo da luta contra a ditadura militar no Brasil.
Nascido na cidade de Osijek, em 1937, na Iugoslávia (atual Croácia), filho de um casal Judeu: Zigmund e Zora Herzog.Fugindo do controle que havia na seu país pela Alemanha Nazista e pela Itália Fascista, o casal decidiu emigrar, com o filho, para o Brasil, na década de 1940.
Herzog formou-se em Filosofia pela Universidade de São Paulo em 1959. Depois de formado, trabalhou em diversos órgãos de imprensa no país, notavelmente no O Estado de S. Paulo. Nessa época, resolveu passar a assinar "Vladimir" ao invés de "Vlado" (seu nome de batismo) pois acreditava que seu nome verdadeiro soava um tanto exótico no Brasil. Vladimir também trabalhou por três anos na BBC de Londres.
Na década de 1970, assumiu a direção do departamento de telejornalismo da TV Cultura, de São Paulo. Também foi professor da Escola de Comunicações e Artes da USP e, nessa época, também atuou como dramaturgo, envolvido com intelectuais de teatro. Em sua maturidade, Vladimir passou a atuar politicamente no movimento de resistência contra a ditadura militar no Brasil de 1964-1985, como também no Partido Comunista Brasileiro.
Em 24 de outubro de 1975 — época em que Herzog já era diretor de jornalismo da TV Cultura — agentes do II Exército convocaram Vladimir para prestar depoimento sobre ligações que ele mantinha com o Partido Comunista Brasileiro (que era proibido pela ditadura).
No dia seguinte, Herzog compareceu ao pedido. No entanto, o depoimento de Herzog foi dado por meio de uma sessão de tortura. Ele estava preso com mais dois jornalistas, George Benigno Duque Estrada e Rodolfo Konder, que confirmaram o espancamento.
No dia seguinte, 25 de Outubro, Vladimir foi encontrado enforcado com a gravata de sua própria roupa. Embora a causa oficial do óbito, divulgada pelo governo ditatorial da época, seja suicídio por enforcamento, há consenso na sociedade brasileira de que ela resultou de tortura, com suspeição sobre servidores do DOI-CODI, que teriam posto o corpo na posição encontrada, pois as fotos exibidas mostram Vlado enforcado.
Foto divulgada pelo DOI-CODI simulando o "suicídio" de Herzog
Porém, nas fotos divulgadas há várias inverossimilhanças. Uma delas é o fato de que ele se enforcou com um cinto, coisa que os prisioneiros do DOI-CODI não possuíam. Além disso, suas pernas estão dobradas e no seu pescoço há duas marcas de enforcamento, o que mostra que supostamente sua morte foi feita por estrangulamento.
Na época, era comum que o governo militar ditatorial divulgasse que as vítimas de suas torturas e assassinatos haviam perecido por "suicídio", o que gerava comentários irônicos de que Herzog e outras vítimas haviam sido "suicidados pela ditadura". O assassinato de Herzog gerou protestos em toda a imprensa mundial, mobilizando um processo internacional em prol dos direitos humanos na América Latina, em especial no Brasil.
Agora, 35 anos após a morte de Vladimir Herzog, a sua morte nos serve de triste lembrança de tempos em que o estado julgava sumariamente a todos aqueles que ousassem pensar diferente.
Mais do que apenas fazer o merecido exercício de lembrar o legado de figuras como Vlado, devemos reafirmar o nosso compromisso com a defesa da democracia. Mais do que isso, devemos lutar pela abertura dos arquivos da ditadura militar. O Brasil não pode continuar com esta lacuna em sua história. É necessário que se faça justiça histórica em nosso país. Crimes cometidos pelo estado, devem ser entendidos como eles realmente são: crimes!
.
2 comentários:
Estou atrás de uma fonte confiável para a escolha do 25 de outubro para o Dia da Democracia.
Será que guarda alguma relação com o assassinato do Herzog?
Qdo foi instituída esta data?
Olá Alcir
Até onde eu sei, a data do dia 25 como dia da democracia não tem relação com o assassinato do Herzog.
Mas não sei te dizer desde quando que foi instituida esta data.
De fato, faltam fontes confiáveis na web sobre este tema.
Sds
Postar um comentário