Os 6 filmes comerciais mais longos da história do cinema

Ana Carolina Prado

Ficou cansado com as quase 3 horas de Avatar? Não consegue se imaginar prestando atenção na TV por 4 horas para ver E o Vento Levou? Pois imagine ver um filme que durasse 6 dias. Sim: o filme mais comprido de todos os tempos se chama Cinématon e tem exatamente 152 horas de duração. Você precisaria de mais de 6 dias para assisti-lo. Sem pausa pra dormir, comer ou ir ao banheiro, que fique bem claro. O diretor é o francês Gérard Courant, que levou 32 anos para concluir a idéia, iniciada em 1978. A história? Bem, não tem história. São mais de 2 mil vinhetas com cerca de 3 minutos que apresentam celebridades, artistas, jornalistas e amigos do diretor fazendo o que lhes desse na telha, como fumar ou comer uma nota de dinheiro. Não é à toa que o jornal Daily Mirror disse que esse é o filme mais chato de todos os tempos.
Mas Cinématon não é um filme comercial e, por ser experimental, não entrará na nossa lista. Pode ir preparando um bom suprimento de comida, pois você ficará ocupado por um bom tempo se quiser assisti-los. Conheça os 6 filmes comerciais mais longos da história do cinema:
6º – Shoah (1985), com 566 min ou 9 horas e meia ou 3,5 sessões de Avatar ou 2,5 sessões de E o Vento Levou


O diretor francês Claude Lanzmann realizou entrevistas ao longo de 10 anos com dezenas de pessoas de várias nacionalidades que estiveram envolvidas com o Holocausto – de sobreviventes dos campos de concentração a historiadores, além de testemunhas (como os camponeses que viviam nas redondezas de Auschwitz) e até antigos oficiais nazistas. Para contar suas experiências, alguns sobreviventes foram levados às ruínas dos campos de concentração em que foram mantidos. O nome Shoah vem do hebreu שואה, que significa “catástrofe”.
5º – Evolução de uma Família Filipina (2004), com 593 min ou cerca de 10 horas ou 4 sessões de Avatar ou quase 3 sessões de E o Vento Levou


O cineasta filipino Lav Diaz adora um filme comprido. Ele fez outros dois que têm cerca de 9 horas cada (“Morte na Terra de Encantos” e “Heremias Livro 1: A Lenda da Princesa Lagarto”). Este de 10 horas aborda o colapso de uma família de agricultores pobres, fazendo um paralelo com a história das Filipinas entre 1971 e 1987, sob o governo de Ferdinando Marcos. Com a forte oposição que enfrentava, o presidente instaurou a lei marcial, desencadeando uma guerrilha de maoístas e separatistas muçulmanos.
>> Se quiser encarar: o filme será exibido neste sábado, 12 de junho, na mostra ”Descobrindo o Cinema Filipino” do Centro Cultura Banco do Brasil de São Paulo. A sessão será às 10h, com intervalos às 14h e 18h – o público pode entrar com a sessão em andamento ¬¬.
4º – Como Yukong Moveu as Montanhas (1976 ), com 763 min ou aproximadamente 12h e 43min ou quase 5 sessões de Avatar ou 3 sessões de E o Vento Levou


O filme foi feito entre 1972 e 1974 a convite do primeiro-ministro chinês Zhou En-Lai e mostra os últimos dias da Revolução Cultural chinesa liderada por Mao Tsé-tung. Com o foco nas pessoas comuns, os cineastas holandeses Joris Ivens e Marceline Loridan Ivens produziram um relato da vida diária chinesa pós-revolução. É a China falando dela mesma para o público ocidental.
3º – Out 1 (Não me Toque) (1971), com 773 min ou 12h e 53 minutos ou quase 5 sessões de Avatar ou 3 sessões de E o Vento Levou


O enorme filme foi dividido em 8 episódios que têm entre 90 e 100 minutos cada e conta com um elenco de conhecidos atores franceses, como Jean-Pierre Léaud e Michel Lonsdale. Apresentando um panorama da França pós greve geral de maio de 68, o longa mostra o cotidiano e as dificuldades de dois grupos de teatro. O diretor francês Jacques Rivette construiu várias subtramas e usou técnicas estilísticas ousadas, como tomadas filmadas através de espelhos. O filme foi depois reeditado para uma versão bem mais curta de 4 horas chamada “Out 1: O Espectro” (ok que 4 horas é duro de agüentar, mas você prefere 4h ou 13h? Reflita).
2º – Resan – A Jornada Resan (1987), com 873 min ou cerca de 14h e 30 min ou 5,5 sessões de Avatar ou mais de 3,5 sessões de E o Vento Levou


O documentário foi gravado entre 1983 e 1985 em vários países, incluindo Suécia, México, Nova Zelândia, Moçambique, União Soviética e Japão. Pessoas comuns de várias nacionalidades foram entrevistadas e deram sua opinião sobre assuntos como armas nucleares, gastos militares, meios de comunicação e pobreza. O cineasta inglês Peter Watkins visitou grupos ou famílias em vários países para descobrir o que eles sabiam e o que pensavam sobre a corrida armamentista e o desenvolvimento de armas nucleares que estava rolando naquela época de Guerra Fria. Ele também quis saber se as pessoas tinham consciência do papel dos meios de comunicação de massa e sistemas educacionais em moldar uma determinada visão de mundo. O filme chegou a ser exibido na íntegra em alguns festivais, mas foi dividido em 19 partes.
1º – Berlin Alexanderplatz (1980), com 931 min ou 15h e meia ou quase 6 sessões de Avatar ou 4 sessões de E o Vento Levou


O filme comercial mais longo da história do cinema chegou a ser exibido inteiro em uma sala dos EUA, com intervalo de 2 horas para o jantar e depois foi dividido em 14 partes para a TV. Adaptado do romance do escritor expressionista alemão Alfred Bruno Döblin, a produção conta com vários atores alemães conhecidos no elenco (como Barbara Sukowa e Hanna Schygulla) e é considerado por críticos como o melhor trabalho de Rainer Werner Fassbinder. O filme mostra a Alemanha dos anos 20 sob o olhar de um malandro, Franz Biberkopf, que acabou de sair da prisão por ter matado a namorada enquanto estava bêbado. Ele busca uma nova vida, mas não consegue emprego e se entrega à bebida, vagando pela cidade de Berlim.

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