A crise terminal da candidatura Serra
Quando em agosto de 2009, na “imparcial” revista Veja, o Carlos Augusto Montenegro, dono do Ibope, deu uma entrevista em que sentenciava que "Lula não elegerá Dilma e o PT está acabando" e afirmava ainda que o favoritismo de José Serra era irreversível, muitos jornalistas da grande mídia saíram a dar coro a “análise” do empresário.
José Serra já poderia se preparar para no dia 1º de janeiro de 2011 subir a rampa do Palácio do Planalto, tal era a certeza de sua vitória. Frente a tal favoritismo, Aécio Neves (que também pleiteava disputar a presidência da república pelos tucanos) só restou retirar-se da disputa e deixar o caminho livre para a vitória liquida e certa do Serra.
No entanto, a vida real (não a imaginada por eles) esta dando sinais inequívocos do erro absoluto das opiniões (travestidas de análise) do Montenegro. Hoje, março de 2010, faltando ainda mais de três meses para o início oficial da campanha eleitoral, o cenário se apresenta muito diferente.
Os números da última pesquisa DataFolha são avassaladores. Dilma colou em Serra. Registrando pela primeira vez empate técnico entre os dois principais candidatos. Na pesquisa, Serra tem 32% (contra 37% em dezembro) e Dilma 28% (23% em dezembro). Seguindo esta tendência, uma vitória do Serra já começa a ser o cenário mais improvável deste pleito.
Com isso, a direita enfrentara nos próximas semanas uma verdadeira encruzilhada para tentar evitar este quadro desfavorável. Especula-se inclusive uma eventual desistência de Serra. O que, a esta altura do campeonato seria um verdadeiro suicídio político para eles, afinal, como recuperar o tempo perdido para a construção e projeção de um outro nome que até então não estava colocado na disputa?
O fato é que a candidatura do Serra enfrenta uma grave crise e, talvez, não seja mais reversível, A mesma pesquisa da Datafolha revela um outro dado que materializa esse quadro: Serra é agora o mais rejeitado, 25% não votariam nele de jeito nenhum, contra 19% em dezembro.
Soma-se a este cenário desfavorável o verdadeiro desmoronamento político do principal partido aliado do PSDB nessas eleições. Os sucessivos escândalos envolvendo o DEM fragilizaram de forma profunda a sigla, já não possibilitando mais a eles terem condições de indicarem o vice do Serra, ou mesmo terem uma relevância eleitoral maior.
A nova "cartada" da candidatura Serra é uma tentativa desesperada, do tucanato paulista, de tentar convencer Aécio a ser vice de Serra, e com isso gerar um novo “fato” positivo para a campanha Serra e com isso tentar reverter a curva descendente da candidatura. Tal estratégia não deve ter grande efeito por dois motivos principais: o primeiro é o próprio Aécio aceitar, jornalistas e articulistas mineiros colocam tal cenário como praticamente improvável de acontecer e, além disso, uma chapa “puro sangue” demonstraria mais uma impossibilidade de ampliação política do que, propriamente, uma “força eleitoral”.
Serra está já derrotado? Afirmar isso seria uma temeridade, afinal ele ainda tem aliados importantes no “andar de cima” que irão se esforçar para tentar, de todas as formas, garantir a vitória de seu candidato, como o seminário do Instituto Millenium realizado essa semana não deixa dúvida.
Mas inegavelmente, a situação para a direita esta crítica. Serra vê sua candidatura entrar em processo terminal. As condições para a consolidação de um cenário de vitória da esquerda, com a Dilma, se colocam de forma ainda mais favoráveis.
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Um comentário:
Como diria o grande Renato Russo, ainda é cedo. Uma coisa é certa, tal como aconteceu nas últimas duas eleiçoes que o Brasil elegeu Lula, o Brasil mais esclarecido, mais culto e mais educado vai votar no Serra e o Brasil menos esclarecido, menos culto e menos educado vai votar na Dilma. Mas o Brasil não é nem dos mais e nem dos menos cultos, ou educados ou esclarecidos. O Brasil é de todos, e ganha quem tiver mais votos. Os votos de Dilma estarão concentrados no nordeste brasileiro, região que constumava votar na Arena e no PDS. Os votos do Serra virão do centro sul do Brasil. Por isso uma pergunta que não pode nunca sair do ar: a quem interessa a ignorância, a falta de educação, a alienação? Ora, aqueles que se beneficiam com ela.
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