Raul Pont
No dia 10 de fevereiro de 1980, no auditório do Colégio Sion, em São Paulo, foi fundado o Partido dos Trabalhadores.
A ata de fundação mesclava nomes de dirigentes sindicais com intelectuais e históricos dirigentes de várias gerações, que surgiram nas lutas de resistência ao regime militar em crise e nas conquistas por liberdade sindical, direito de greve e de livre organização partidária.
Os nomes de Lula, Jacó Bittar, Olívio Dutra, Djalma Bom, Paulo Skromov, José Ibrahim, Wagner Benevides e Manoel da Conceição misturam-se com Mário Pedrosa, Sérgio Buarque de Holanda, Antonio Candido, Hermínio Sacchetta, Francisco Weffort, Francisco de Oliveira, Vinícius Caldeira Brandt e Apolônio de Carvalho.
Essa identidade não era casual, mas fruto da luta histórica de militantes políticos e intelectuais que havia décadas perseguiam o sonho de organizar no Brasil um partido de trabalhadores que não estivesse atrelado ao pensamento dominante.
Em seu Manifesto de Fundação, o PT surgia “pela necessidade de representação política dos trabalhadores”. Nascia das lutas sociais, por um partido de massas e pela real participação na vida do país, pela democracia plena e por um sindicalismo independente do Estado como obra dos próprios trabalhadores, por uma sociedade igualitária, sem explorados nem exploradores.
Passaram-se 30 anos. O PT afirmou-se como um dos grandes partidos do país. Profundamente democrático, com seus organismos de base, com o direito de tendências internas e proporcionalidade de suas representações – mínimo de 30% de mulheres em todas as direções – e a incorporação à política partidária das questões ambientais, do combate ao racismo e na defesa da livre orientação sexual.
As políticas de democracia direta e participativa foram inspiradoras de movimentos internacionais, como o Fórum Social Mundial.
Governamos municípios, Estados e chegamos à Presidência da República com o companheiro Luiz Inácio Lula da Silva. Inauguramos um novo período histórico no país, de inclusão social, desenvolvimento econômico e soberania nacional como nunca tivemos em nossa história.
Confiamos, nestes 30 anos, que o principal antídoto que desenvolvemos foi nossa democracia interna e, através dela, a capacidade de reagir a equívocos e erros e continuar avançando.
*Deputado e presidente do PT-RS
3 comentários:
José Eduardo Dutra, futuro presidente do PT e Ricardo Berzoini, atual presidente, escrevem, em conjunto, artigo na Folha comemorando os 30 anos do PT.
Os 'companheiros' fazem questão de destacar três pontos: a) militância, b) luta e c) o PT como canal de representação disso tudo.
Diz o artigo:
Ao longo de sua trajetória, o PT soube usar essa característica para, com seus militantes, mobilizar e conquistar. Empunhamos bandeiras históricas, como a da luta pela terra, pela saúde, pela educação, pelo emprego, pelos direitos humanos, pela integração continental, pela defesa das minorias e contra a discriminação. Assim, superamos o dilema de ser partido de massas ou de quadros e nos fortalecemos como canal de representação e de participação de milhões de brasileiros.
Esse parágrafo sintetiza muito bem o que o PT acha de si mesmo. O PT é um narciso que se admira diante do espelho. PT é o partido que tem a melhor militância, defende a luta mais justa e canaliza tudo isso na sua atuação politica e parlamentar. Ou seja, o PT representa a massa, os excluídos, os tadinhos do Brasil e é dono das melhores idéias para um Brasil melhor e seus membros são os mais bem aventurados. Se isso não é narcisismo, o que é narcisismo?
Não é narcismo não. É a dura realidade para todo o pensamento conservador brasileiro.
O PT é o único partido que realmente possue uma vida orgânica interna, um programa minimamente coerente e representação social.
Possui defeitos e falhas sim, mas em nossa débil democracia brasileira, não existe nem um partido com o grau de organização e democracia interna que o PT tem no país.
Me cite apenas um partido de direita que possua alguma, apenas uma, dessas virtudes do PT.
Não gosto dos conservadores e nem da direita e não me alinho com o PT. Só acho que o PT se acha -- e não é - o rei da cocada.
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