Maconha: ¼ dos turistas que visitam a Holanda consomem a erva em coffee-shop

Wálter Fanganiello Maierovitch

A carta-aberta do prefeito de Amsterdã, Job Cohen, surpreendeu os conservadores. Estes em luta por uma mudança na política holandesa sobre a maconha.

Enquanto os conservadores, - por membros do partido democrático cristão e de pequenas agremiações não governativas que atuam junto à sociedade civil -, pedem a proibição da venda de maconha para turistas nos cafés autorizados à comercialização, o prefeito Cohen aponta para outro e diverso caminho.

Parêntese: os conservadores só pretendem a proibição de venda para estrangeiros e, com isso, falam em acabar com o que chamam de “turismo da maconha”.

Cohen quer a liberação do plantio de maconha em toda a Holanda. Fala em produtores nacionais, sob fiscalização do Estado. Eles, forneceriam as suas ervas canábicas para os coffee-shops.

O prefeito Cohen destaca que 4 milhões de turistas visitam a sua cidade anualmente. Desses, pelo menos ¼ freqüentam os cafés a fim de fumarem maconha, ressalta Cohen: pela legislação, os cafés licenciados podem vender a erva para consumo no próprio local e para maiores de 18 anos.

Em tempos bicudos, Cohen sabe que a proibição de venda de maconha aos turistas afetaria drasticamente o PIB holandês. E com os donos de cafés a comprar dos próprios agricultores holandeses, Cohen objetiva buscar novas fontes de arrecadação.

Na Holanda, atualmente, pode-se cultivar até 4 pés de maconha nas residências e para uso terapêutico. Nos cafés, por noite, pode ser vendido até meio-quilo de maconha.

O prefeito Cohen já recebeu apoio dos partidos trabalhista, liberal e verdes.

Mais ainda. Cohen sustenta não haver lógica no fato de os cafés poderem vender maconha, mas os seus proprietários não possuírem liberdade para comprar. Ou melhor, para reabastecer os seus estabelecimentos comerciais por meio de compra da erva canábica de produtores agrícolas holandeses. A criminalidade organizada, diz Cohen, se reabastece com compras, sem fiscalização do Estado. Compram de agricultores que, se surpreendidos, serão criminalizados.

Pano Rápido. Não se sabe a opinião de Fernando Henrique Cardoso a respeito. Depois de passar oito anos como presidente e sancionar uma lei de criminalização e imposição de pena de prisão a usuários de drogas, FHC levanta, só agora, a bandeira do “liberar geral”. Como não tem proposta e só quer aproveitar palanques, propõe debates e não diz como imagina liberar.

Se saísse de cima do muro do oportunismo, poderia propor uma política igual a holandesa. Na Holanda, desde 1968, admite-se a venda de maconha em cafés e para consumo no próprio local. Essa foi a maneira de afastar usuários de maconha dos traficantes, estes a serviço do crime organizado.

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