RBS assume o papel de partido da direita e lança Fogaça candidato


Na edição desta segunda-feira (09/11) o jornal Zero Hora resolveu “calçar as chuteiras e entrar em campo” na disputa sucessória ao governo do estado de 2010.

Assumiu para si o papel de definir quem será o candidato do PMDB, retirando desta legenda a função que deveria ser dela própria e lançou o Fogaça como candidato. A forma escolhida para fazer este “lançamento” do seu ex-funcionário e atual prefeito de Porto Alegre foi um encontro da Juventude do PMDB, onde durante o evento ocorreram manifestações do plenário “lançando o Fogaça” como candidato.

O destaque dado pelo jornal a este encontro da JPMDB(e ao Prefeito/candidato Fogaça) é no mínimo desproporcional e mostra um tratamento diferenciado deste veículo de comunicação com outras siglas. Não houve, nos últimos anos, uma cobertura tão ampla da ZH com relação a um encontro de juventudes partidárias. Foi destinada uma matéria de quase uma página com direito a chamada principal e foto de destaque (reproduzida acima) além de uma ampla repercussão na Página 10. Em geral, este veículo tradicionalmente não oferta espaço algum para encontros e atividades deste caráter. No máximo reserva uma notinha de canto de página. Se for de um partido de esquerda, nem isso.

Outro elemento que desvela a “malandragem” da ZH é que esse encontro, além de não ser o fórum que deliberaria sobre a candidatura do PMDB, o fato em si não foi o centro do encontro. Se alguém tem alguma dúvida, basta verificar os outros jornais diários de POA para verificar que nenhum faz menção ao “lançamento do Fogaça”.

O que demonstra cabalmente a manobra da RBS, que diante de um PMDB fragmentado entre as disputas do Padilha e Simon, sem política alguma para o RS e com dois candidatos (o que na prática é nenhum) resolveu “parir a fórceps” a candidatura do Fogaça.

Essa decisão se dá diante de uma conjuntura incerta, em que seus interesses estão em jogo. Com o fato dado de que a reeleição da Yeda não tem a menor viabilidade e que uma “terceira via” com o Beto Albuquerque possui chances reduzidas de emplacar, a opção por apoiar Fogaça não chega a ser surpreendente. O que surpreende (ou não) e merece uma analise mais crítica é a antecipação do “anúncio” desta opção.

O que realmente importa nestas matérias de hoje da ZH é que talvez estejamos presenciando o “tom” que se dará a cobertura da RBS nos próximos meses. Não se surpreendam com a freqüência com que matérias como esta irão pipocar. Como que em “passe de mágica”, um Prefeito apagado como o Fogaça irá freqüentar os noticiários com recorrentes aparições positivas, construindo uma imagem que o viabilize como candidato.

Isso só ocorre devido a própria RBS já se atentar para que sem a sua participação ativa na campanha, ela não conseguirá manter um candidato alinhado aos seus interesses, haja visto a desenvoltura e o crescimento que se verificam na candidatura de Tarso Genro. Os próximos meses, ao que tudo indica, deverão ser de uma cobertura cada vez mais parcial e distorcida da realidade gaúcha por parte do grupo RBS, o que não chega a ser uma novidade.

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