DCE da UFRGS: um troféu para elite


Miguel Idiart Gomes

O resultado das eleições de 2009 para o DCE da Ufrgs gerou um troféu para elite. No movimento estudantil sempre houve o debate sobre a partidarização e o aparelhamento das entidades estundantis. Nesta discussão, muitas vezes hipócrita, desgastaram-se gestões e desmobilizou a base. É sabido que estamos vivenciando uma nova etapa de lutas e formas de organização, mas não podemos deixar de mencionar que a maioria da militância estudantil está ligada a partidos políticos e isso não é ruim, pelo contrário, demonstra a liberdade do pensamento e de posicionamento e fortalece a democracia.

A ideia de grupos conservadores como a RBS e partidos tradicionais de direita sustenta um discurso baseado na despolitização, ou seja, tenta desvincular o DCE das lutas gerais que estão permanentemente em disputa na sociedade.

É assustador presenciarmos numa universidade pública o crescimento do discurso da direita da ideologia do anti-esquerdismo, também trabalhado várias vezes pelo Psol, como anti-petismo.
O papel da zh neste episódio ficará registrado na história do movimento estudantil, pois sempre foi destacado pela colunista política somente os encontros das juventudes partidárias de direita, as novas composições e lançamento de candidaturas com direito a fotos.

Hoje a matéria da página 08 da zh estampava o título: Guinada à direita – Esquerda perde hegemonia no DCE. Em Cadernos do Cárcere, Gramsci coloca que as práticas de construção e manutenção da hegemonia das classes dominantes, a importância das questões ligadas à direção cultural e moral que essas classes imprimem ao todo social. Esse estudo engloba as estruturas do Estado, enriquecendo-se com um novo conceito: o de aparelhos de hegemonia.

Para conquistar a hegemonia é necessário que a classe fundamental se apresente às demais como aquela que representa e atende aos interesses e valores de toda sociedade, obtendo o consentimento voluntário e a anuência espontânea, garantindo assim, a unidade do bloco social que, embora não seja homogêneo, se mantém, predominantemente articulado e coeso. Significando que a classe hegemônica deve ser capaz de converter-se em classe nacional, no caso estudantil capaz de envolver todos os estudantes em um mesmo projeto histórico e, capaz de assumir, como suas, as reivindicações das classes aliadas, devendo ficar bem claro, a incompatibilidade existente entre hegemonia e corporativismo.

Nesse sentido, o desenvolvimento da contra-hegemonia será necessário para desenvolver uma nova cultura no movimento estudantil, representado por lideranças de esquerda, em oposição à hegemonia da direita. Para isso a conscientização de que a superestrutura, tanto no campo dos valores e normas, como na visão de mundo, é o terreno da disputa, pois é na "arena da consciência" que as elites utilizam os seus intelectuais orgânicos para manter a dominação.

*Direção da JPT, ex-presidente do grêmio estudantil do Julinho, ex-vice-sul da UBES e ex-presidente do CASTA PUCRS.

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