As Olimpíadas de 2016 e o desespero da direita


A vitória do Brasil na escolha para sediar as Olimpíadas de 2016, na cidade do Rio de Janeiro, foi comentada e comemorada por muitos. Como era esperado, temos diferentes avaliações e opiniões a respeito disso, e essas avaliações variam conforme os interesses e posições destes na sociedade brasileira.
No geral todas e todos são obrigados a reconhecer o símbolo político importante que tem esta escolha na nova projeção e atuação internacional que o Brasil tem assumido nos últimos anos. Antes um mero reprodutor do Consenso de Washington, agora busca uma recolocação do país no cenário internacional.
A elite brasileira, ainda que comemore as enormes possibilidades de negócios e lucros que podem se abrir com a realização dos jogos olímpicos, mal conseguem disfarçar o incomodo de ver mais uma vitória simbolizada na figura do Presidente Lula, que entrou em campo e garantiu a vitória na disputa com os outros países que estavam no páreo.
Com a proximidade das eleições de 2010, mais esta vitória, que deveria ser entendida como do “país”, é vista por eles, como mais um trunfo da gestão petista contra o candidato da direita, José Serra, que vê sua candidatura já entrar precipitadamente em um processo de acelerado declínio e perda de apoio. Efeito este que só era esperado pelos “especialistas” em pesquisas e marketing político com o inicio oficial da campanha eleitoral. Onde naturalmente haveria um crescimento das outras candidaturas, com a exposição proporcionada pela entrada dos programas de TV e a campanha nas ruas.
A perda de “fôlego” já nesse momento acionou o sinal de alerta quanto a viabilidade do Serra contra a Dilma. Sem saber o que fazer, e com os constantes erros políticos dos tucanos e demos, constantemente errando o alvo nos ataques ao governo, o desespero já assola a elite. E mais uma vez, o grande monopólio mídiatico assume o papel de dirigir os rumos da reação conservadora, frente a incapacidade dos partidos da oposição em reduzir os altos índices de aprovação do presidente e do governo.
Este final de semana, dois fatos exemplificam bem esta reação conservadora. O jornal O Globo deste domingo passado, publicou na página 17 um artigo do governador/candidato José Serra comentando a vitória na escolha do Rio nas Olimpíadas. O fato, que de largada para qualquer leitor com um mínimo de discernimento, causaria estranheza, afinal, um jornal distribuído no RJ, ao invés de publicar coluna do Lula, Sérgio Cabral, ou Eduardo Paes (os três diretamente envolvidos na escolha), preferiu publicar coluna do governador de São Paulo José Serra. Num claro exemplo de tentar dar alguma visibilidade ao candidato “natimorto” Serra.
A Folha de SP, por sua vez, partiu para uma ofensiva ainda mais explicita, como coloca o jornalista Fernando Carvalho na Carta Maior, “Temendo a derrota de seu candidato José Serra, que não decola nem nas pesquisas de seu instituto particular, Otavinho Frias partiu de vez para o tudo-ou-nada. Na edição deste domingo, a Folha de São Paulo estampa como manchete o resultado de uma pesquisa produzida por seu instituto questionando a legitimidade dos resultados das eleições no Brasil. Segundo a pesquisa, estaria provado que nada menos do que 17 milhões de brasileiros venderam seus votos, pelo menos uma vez. A consagração do presidente Lula pela conquista das Olimpíadas Rio 2016, pode ter sido a gota d’água para a operação tudo-ou-nada.”
Prevendo a eminente derrota nas urnas, partem para uma linha de deslegitimar o próprio processo democrático. Não sei se esta será uma postura generalizada da direita, mas não seria de surpreender, afinal o golpe em Honduras pode ter dado um surto de saudosismo na elite brasileira, acostumada a recorrer a força quando vê seus interesses privados ameaçados, onde a democracia para eles sempre foi e será descartável para a manutenção de seu poder.

2 comentários:

Unknown disse...

Por Deus, deslegitimar o processo democrático. Isso mostra a sua falta de conhecimento do que vem a ser direita e esquerda política, não estou aqui para te ensinar conceitos, mas faço questão de distar sobre o pensamento revolucionário de esquerda e o legalismo de direita. Falemos de realidade, essa olímpiada será utilizada como oportunidade de superfaturamento. A realização do projeto será adiada até as proximidades da olímpiada para que o governo seja obrigado a disponibilizar mais dinheiro e as olímpiadas de 30 bi custarão 100 bi, leia as minhas palavras e lembre-as quando o que eu disse acontecer. Ao invés de nos preocuparmos com os três pilares de sustentação de uma sociedade: saúde, segurança e educação, nos preocupamos com um refinado pão e circo. Tudo bem se houver um projeto sério que desenvolva o esporte como uma base da formação educacional, mas produzir meia dúzia de atletas de alta performance está muito longe de ser a solução. Só discuto o fato de ter de haver disculpas como a olímpiada para se fazer algo, que se faça no Brasil uma política séria em que o presidente não chore pelo esporte, mas pelas reais necessidades socias que visam a um estado de bem estar social.

ERick disse...

Será que sou eu que demonstro desconhecimento?
Quem deu o golpe em 64, foi a esquerda? Foi só os milicos malvados, ou estes tiveram um amplo apoio dos setores conservadores da sociedade civil? Nesse momento, quem está praticando um golpe de estado em Honduras?
A defesa da legalidade não é algo inquestionavel para a direita ao longo da historia. Isso é fato!