A estatização da GM
A antes poderosa General Motors (GM), um dos grandes ícones do desenvolvimento econômico norte-americano, foi a bancarrota. E a solução para evitar um eventual "desastre" na economia interna dos EUA foi a "estatização" pelo governo.
Em um processo de lento e contínuo declínio, a outrora maior gigante automobilístico, passou a perder espaço no mercado mundial e no próprio mercado estadunidense (de 45% em 1980 passou a 22% em 2008). Além da perda de espaço no mercado, operações desastrosas no mercado financeiro acumularam um elevado processo de endividamento na empresa, estima-se que o valor chegue US$ 79 bilhões.
Outro fator complicador para a GM são as pensões pagas aos funcionários. Antes recheadas graças a sólidos investimentos, os fundos que abrangem 500.000 americanos, foram drenados pelo declínio no mercado acionário e pela decisão da empresa de aumentar o pagamento de pensões para compensar a redução dos benefícios de saúde e "estimular" os funcionários mais antigos a aposentar-se mais cedo. Política muito corriqueira no receituário neoliberal para "sanar uma empresa".
Bem, os resultados falam por si só. Com a avalanche que atingiu o centro do império, abalando os principais pilares do modelo neoliberal, o caso da GM é simbólico sobre como a financeirização da economia abalou e compromete profundamente a chamada "economia real".
Saídas "por dentro", que tentassem restabelecer o curso das coisas a sua "normalidade" foram todas fracassadas. Bilhões foram alocados pelo governo dos EUA para tentar manter a "competitividade" da empresa, mas todo dinheiro despejado não surtiu efeito, pois o problema que se apresentava é de natureza estrutural. Até mesmo a demissão do Executivo-chefe da GM foi feita em um das enumeras tentativas do Governo Obama em tentar resolver o impasse. Sempre hesitante em construir uma solução fora do receituário ortodoxo do mercado.
Por fim, não restou outra saída que não a estatização. O governo dos EUA irá passar a controlar 60% das ações, o sindicato dos trabalhadores irá ter 17.5%, o governo do Canadá 12,5% e os 10% restante da GM irá ficar com os credores.
No entanto, as intenções iniciais do governo Obama é de sanar as finanças da "nova GM" até o final do ano, através da venda de algumas das marcas (Opel, Pontiac, Saturn, etc), demissões e fechamento de unidades de produção. Para posteriormente "re-privatizar" a empresa, tudo patrocinado pelo dinheiro público.
Restringindo-se a este plano de ação, inevitavelmente a GM, em um médio prazo voltara a apresentar os mesmos problemas, pois é da natureza do sistema.
No entanto, a pressão popular advinda pelas demissões e pelo dinheiro público gasto, a permanência da crise financeira, as dificuldades de implementação da recuperação econômica da empresa, podem vir a retardar esse plano por um tempo muito maior que o previsto. A permanência da GM como uma empresa estatal não pode ser descartada no horizonte próximo, ainda que difícil de ocorrer. O que não deixaria de ser irônico, que justamente no centro irradiador do receituário neoliberal, serão as políticas estatizantes que recuperarão a economia norte-americana. O erro fatal será um retorno as mesmas em um médio prazo, quanto a isso não nos resta dúvida.
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4 comentários:
Tudo errado neste post. A GM não foi à bancarrota e nem foi estatizada. Ela está em recuperação judicial, em concordata. Muita empresa que está hoje bem vivinha passou pelo instituto da concordata. E o governo dos EUA não vai estatizar a GM. Os EUA não tem essa filosofia estatizante dos países latinos.
Como boa parte dos seguidores do mito pósmoderno, sofre do mal de uma visão eurocentrica. Onde tudo que vêm do norte é superior, e o que é dos país do sul (America Latina, Africa, etc) é inferior.
Perpetuando-se uma visão colonizada do mundo, onde além de achar que tudo que "vem de lá" é superior, tende a acreditar que nada de errado se passa por lá.
O estado americano passar a controlar 60% das ações da GM não é intervenção estatal na economia?
Realmente isso é muito duro para os neoliberais aceitarem, afinal o mercado deixou de resolver com sua "mão invisivel" mais uma vez. De tão invisivel que é essa mão do mercado, ela acabou por sumir.
Essa é uma intervenção momentânea. Não vai ser definitiva. A GM ou vai se recuperar pela concordata ou vai ser negociada com outra empresa ou com outro grupo. Os EUA não têm essa característica estatizante. O caso GM é sim intervenção estatal, mas o governo dos EUA não vai manter a GM como estatal. No mais, não sou e nunca fui liberal e nem neoliberal. O fato de eu não ser socialista e não acreditar nessa religião, não me transforma em liberal. Eu me considero um social democrata que acredita no mercado regulado e fiscalizado pelo Estado que deve administrar também, de forma eficiente e transparente, o bom e necessário funcionamento do serviço público.
E em Papai Noel e Coelinho da páscoa tu também acredita?
A social democracia no Brasil, representada pelo tucanato do PSDB foi justamente o governo que financeirizou a sociedade e desregulou o que pode no minimo e fragil controle que o estado tinha sobre a economia.
Mas enfim, tu e a tua turma vão ter em 2010 a chance de tentar iludir o povo de que o Serra e cia podem ser uma alternativa. E na minha opinião essa alternativa é o precipício que vai afundar o Brasil.
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