O futuro das nossas bandeiras

Miguel Rossetto

Sair de casa para votar nas eleições diretas do PT neste domingo, 2 de dezembro, é uma decisão que importa ao destino de todos nós. E também é uma decisão que importa para que as nossas bandeiras, muitas delas hoje enroladas, possam, mais uma vez, ganhar as ruas de nossas cidades. Porque não é, nem nunca foi, para sermos gestores mais ou menos eficazes de crises estruturais, organizadores de alianças com a direita e desorganizadores do imaginário popular que disputamos o poder político no país, estados e cidades. É para mudar a nossa sociedade, fazendo do poder um instrumento de transformação e nunca um fim em si mesmo. Mais do que uma renovação de direção partidária, o que está em jogo neste dia 2 de dezembro é um projeto de partido, um projeto de futuro. Um projeto não só para 2010, mas para os próximos 10, 15 anos do PT.

A grande crise de 2005 não pode e não deve servir de mote para uma briga de torcidas. Política séria não é futebol; nós não devemos nos mirar nos nossos adversários, e nas condutas que os fizeram nossos adversários para regular nossas ações e ética e políticas. Rejeitamos o argumento que diz que, para derrotar nossos adversários, precisamos utilizar as mesmas armas que eles empregam. Devemos mirar em nós mesmos, nos nossos companheiros, na nossa história e na nossa consciência. Muitos erros foram cometidos e o partido precisa assumir responsabilidades perante o povo brasileiro. Não se sai de casa, desenrola a bandeira e constrói um partido de esquerda como o PT jogando a poeira para debaixo do tapete. A nossa história não é às escondidas. Temos orgulho do significado, da força e da transformação na Política brasileira que foi e queremos que continue sendo, o Partido dos Trabalhadores.

No Rio Grande do Sul, o PT, juntamente com outras forças políticas aliadas, construímos políticas que nos dão autoridade e confiança para lutar por essa agenda. O trabalho que realizamos em vários municípios e que tem em Porto Alegre a sua principal referência nos dá confiança nessa capacidade inovadora do partido. Construímos junto com a população, ao longo dos 16 anos que governamos Porto Alegre, a maior experiência de democracia participativa em escala mundial. Os resultados desse trabalho, em termos da melhoria da democracia, da qualidade de vida da população e da gestão pública, tornaram Porto Alegre uma referência internacional e capital do Fórum Social Mundial. O que acumulamos é motivo de muito orgulho e nos anima para a grande batalha eleitoral que teremos no ano que vem para recuperar a prefeitura Porto Alegre e devolver a esperança ao nosso povo.

O PT nasceu da luta e do exemplo de que é possível fazer diferente, não se espelhando na direita, não jogando com a consciência de ninguém. Fortaleceu-se apostando na verdade; cresceu realizando a transformação; ganhou o país provando que ter esperança faz sentido. Aqui em Porto Alegre, o que fizemos foi motivo de atenção no mundo inteiro. E, principalmente, instrumento de melhoria da qualidade de vida do nosso povo. O Orçamento Participativo, o Fórum Social Mundial, os 16 anos consecutivos governando Porto Alegre, os 4 anos de governo do Estado: as nossas bandeiras ganharam as ruas dessa terra, com orgulho e certeza de que era possível fazer diferente e ousar. Hoje, muitas dessas bandeiras estão enroladas, guardadas no canto de um armário. Elas ainda estão lá, aguardando um sinal para sair.

Neste domingo queremos dar esse sinal. Neste dia, decidiremos a reafirmação do PT como o grande partido de esquerda e o exemplo democrático de que este país precisa. Também decidiremos a luta para que o PT não se confunda de vez com o museu das grandes novidades que povoam, para a tristeza e diminuição do sentido da Política, o jogo eleitoral do Brasil. Escolheremos entre ser o que somos e levar o poder a sério, para que a esquerda brasileira não se desmoralize, ou fazer de conta que não temos problemas a resolver. Neste domingo teremos a chance de dizer que há limite para a negociação do futuro da esquerda brasileira; que há limites para o coração apertado, a consciência machucada e a garra acanhada. E que não há, nem deve haver limites, para a nossa urgência em transformar, em criar, solidarizar e mobilizar o que há de melhor em nós, que é o que há de melhor, ainda, na Política brasileira.

Queremos enviar um sinal muito claro à sociedade brasileira, mudando a direção do PT nacional, superando a agenda de crise política que nos deixou na defensiva e preparando o partido e nossos militantes para as eleições de 2008. Essa é a tarefa das candidaturas da Mensagem ao Partido. Com o José Eduardo Cardozo na presidência nacional do PT, Olívio Dutra na presidência estadual e Marcelo Danéris na presidência do PT em Porto Alegre, queremos mudar a cara do partido, queremos enviar um sinal claro e forte que sacuda as nossas bandeiras que andam enroladas por aí. Façamos jus ao PT, estejamos à altura de nosso povo, da nossa história e das nossas vitórias. Vamos sacudir nossas bandeiras vermelhas neste domingo.

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