Globo tenta dar rasteira no Brasileirão 2008

Humberto Alencar

Em um artigo publicado na quarta-feira (5) no site da revista Placar, da Editora Abril, sobre a possível renegociação de direitos de imagem entre Globo e Corinthians, motivada pela queda do time paulista para a segunda divisão do campeonato em 2007, o diretor da TV Globo Marcelo Campos Pinto, afirma erradamente que o formato antigo de disputa rende mais aos clubes.


Antes de 2003 o campeonato brasileiro era disputado em dois turnos, no fim dos quais as oito equipes mais bem classificadas disputavam partidas eliminatórias até se apurar o campeão. A fórmula era benéfica, óbvio, à Rede Globo, que faturava alto nas fases decisivas do torneio, já que negociava publicidade exclusiva para as partidas a partir de valores bem mais elevados que os usuais. Ao longo da fase de classificação, os estádios dificilmente abrigavam um bom público.
"Em um campeonato com turno e returno, classificando oito equipes para um playoff em jogos de ida e volta de quartas-de-final, semifinais e finais, pelo menos 14 clubes teriam chegado à última rodada com chance de classificação e brigando pelo título. Além disso, a competição teria mais 14 jogos com casa cheia e rendas relevantes para os clubes”, disparou o diretor da TV Globo.

Mas os dados publicados em outros sites esportivos desmentem o argumento de Campos Pinto. A própria Rede Globo desmente o seu diretor. Com o título "O maior público em duas décadas", o site Globo Esporte faz um levantamento do público do campeonato recém encerrado e o compara ao das 20 edições anteriores, chegando até o torneio de 1987.

"O Campeonato Brasileiro de 2007, que ficou marcado pela festa à moda antiga nos estádios, termina com a melhor média de público em duas décadas. Foram 17.424 pessoas por partida, um número superior a todos os campeonatos desde a Copa União, como foi chamada a competição em 1987", diz o artigo do Globo Esporte.

A boataria em relação à edição do ano que vem continua nas páginas dos jornais, já que a Rede Globo não gosta do sistema de pontos corridos por não ter o apelo publicitário que o sistema eliminatório supostamente detém. Esta semana, alguns comentaristas projetaram que o torneio teria um sistema parecido ao de 2002, sendo que acesso e descenso seriam "reestudados", algo desmentido pela CBF.

Com o direito de exibir os jogos das duas principais divisões do futebol brasileiro, a Rede Globo estabeleceu ao longo das últimas duas décadas horários esdrúxulos para os jogos de futebol. Antes iniciados às 21 horas, os jogos passaram a ser iniciados às 20h, até a Rede Globo deter o monopólio da transmissão para afastar a concorrência com as suas novelas.

Por conta disso, os jogos foram postergados para as 21h45, logo após o capítulo da novela das 24h , tornando a presença do público nos jogos noturnos cada vez menor, forçando muito torcedores a comprarem pacotes de transmissão da sua empresa de televisão por assinatura.
O sucesso da fórmula fez com que as equipes tradicionalmente mais berm organizadas, como o paulistano São Paulo, tivessem mais êxito que seus adversários. Aqueles que não mantiveram regularidade correram riscos, alguns foram rebaixados e outros tiveram de mudar radicalmente de atitude em relação ao campeonato, já que o rebaixamento implica em menor remuneração por parte da TV.

As 8 últimas rodadas do campeonato recém encerrado levaram público recorde aos estádios e envolveram as 20 equipes em disputas que variaram do título de campeão ao rebaixamento. Comparadas com as rodadas de um sistema eliminatório proposto por Campos Pinto, houve mais disputa e mais público. O carioca Flamengo levou em sues últimos 3 jogos no Maracanã um público médio superior a 65 mil pessoas.


Fonte: Vermelho

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