A queda de Bacci: repercussões

No dia seguinte a queda do Secretário de Segurança Ênio Bacci, é grande a repercução sobre quais seriam os motivos que levaram a sua queda. Há uma série de versões e informações que dão conta de problemas graves envolvendo o tema da corrupção na segurança pública gaúcha.

Hoje (12/04), em entrevista coletiva, Bacci se defendeu argumentando ter entregue um dossiê à governadora Yeda Crusius (PSDB) com detalhes sobre essas denúncias. Bacci pediu desculpas às corporações policiais por ter utilizado o termo “banda podre” dias atrás, mas, logo em seguida, mencionou episódios que confirmariam a existência, de fato, de uma banda podre nas polícias gaúchas.

O blog RS Urgente, noticia ainda que: o ex-secretário afirma que “Não existe banda podre. O que existe é policiais compactuados com o crime organizado”, declarou. Ou seja, disse: não existe o seis, o que há é o meia dúzia.

A entrevista de Bacci foi contraditória em vários pontos. Em um dado momento, ele disse ter afastado o delegado Luiz Carlos Ribas, que trabalhava como chefe de gabinete informal da secretaria, ao tomar conhecimento de acusações contra o mesmo. Destacou que fez o mesmo em relação ao seu motorista, um PM que está preso em Lajeado, investigado por envolvimento com tráfico de drogas. Indagado sobre sua ligação com tais assessores desde o início do governo, disse que o fato de alguém estar sendo processado não era razão para não assumir um cargo. O próprio comandante da Brigada Militar sofreu um processo, exemplificou. Ora, se o fato de alguém estar sendo processado não é razão para demissão, por que o é o fato de alguém sofrer uma acusação, algo que vem antes do processo? Se o maior (o processo) não é razão por que o menor (a acusação) é? A lógica do “parecer honesto” deveria valer então principalmente para alguém que está sofrendo um processo.

O secretário demitido bateu forte em Yeda. Insinuou que ela foi desleal (durante a campanha teria oferecido um cargo à neta de Brizola, Juliana, no Palácio Piratini; “até hoje ela não está no palácio”), vaidosa e autoritária. Além disso, levantou suspeitas sobre dois contratos mantidos pelo governo do Estado. Um que contratou uma empresa de segurança privada para trabalhar na vigilância do prédio da Secretaria da Segurança (um contrato que custa R$ 2 milhões por ano ao Estado). E outro que contratou uma empresa privada para fazer a limpeza em delegacias (no valor de R$ 6 milhões ao ano). Segundo Bacci, policiais do interior declararam que eles mesmo são obrigados a fazer a limpeza nas delegacias. Diante de tais acusações, aguarda-se a resposta do Palácio Piratini, que tem em mãos muito mais informações sobre a crise que derrubou Bacci do que aquelas que vieram á tona até agora. O ventilador está ligado. Há uma bomba-relógio armada, prestes a explodir."


Qual o envolvimento (ou conivência) do ex-secretário com atos envolvendo corrupção e qual a participação (ou conivência) do Governo Yeda, apenas as investigações irão nos dizer. Mas um acontecimento de ontem, no anúncio da demissão de Bacci não deixa de guardar um simbolismo curioso. Em foto publicada na Zero Hora de hoje, um militante do PDT beija a mão de Bacci, numa atitude que não deixa de guardar sua semelhança com o gesto de respeito e reverência das famílias mafiosas italianas aos chefes das "famílias". Coincidência apenas?

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