1º de Maio é dia internacional de luta!
Por Expedito Solaney
No dia 1º de Maio de 1886, em Chicago, nos Estados Unidos, o Congresso Operário de Baltimore decreta greve geral pelas 8 horas de jornada diária de trabalho. Dois dias depois a polícia reprime as manifestações e seis operários são mortos. A greve continua nos dias seguintes e a repressão aumenta com dezenas de mortos, sindicatos incendiados e milhares de trabalhadores são presos. Dois anos depois, oito dirigentes sindicais são condenados, sendo cinco à forca, dois à prisão perpétua e um a quinze anos de prisão. Em 1889, a central sindical AFL convoca nova greve geral para o 1º de Maio. Em 1890, como forma de homenagear esses trabalhadores, a II Internacional resolve convocar para o dia 1º de maio manifestações a favor da redução da jornada de trabalho que, a partir daí, tornou-se uma tradição para o movimento operário internacional. Em 1892, o processo contra os oito sindicalistas é anulado por comprovada fraude.
Em 2011, em Wisconsin, estado do centro-norte dos Estados Unidos assistimos atualmente uma onda de mobilizações impulsionadas, principalmente, pelos trabalhadores do serviço público. O governador Scott Walker, com a justificativa de contar o déficit fiscal do estado, iniciou uma série de medidas de corte no orçamento (U$ 1,6 bi) e ações antissindicais como a proibição de organização sindical e acordos coletivos para o funcionalismo público do estado. Em resposta, trabalhadores e trabalhadoras saíram às ruas em grandes manifestações de repúdio que culminaram na ocupação do palácio do governo. Essas medidas governamentais se reproduziram em vários estados, gerando também manifestações sindicais e populares que estão em curso.
Também em 2011, na Tunísia, depois que um jovem vendedor de frutas colocou fogo no próprio corpo por ser impedido de tentar ganhar o sustento de sua própria vida, veio à tona revoltas populares que se estenderam pelo norte da África e em diversos países do Oriente Médio que desvelaram as duras condições de vida e de trabalho em países sob ditaduras protegidas pelos países capitalistas centrais exploradores de suas riquezas. Neste sentido, a primavera árabe veio com muita força popular e insurrecional.
Na Europa, greves gerais explodiram na Grécia, Espanha e em Portugal contra as medidas de ajuste fiscal neoliberal. Na França, ondas de manifestações ocorreram contra o aumento da idade mínima para aposentadoria.
Ainda que estejamos num momento histórico distinto do final do século XIX, a voracidade do capital é parecida. Tanto lá como cá, a exploração dos trabalhadores é intensa. Essas ondas de manifestações que ocorrem por distintas partes do mundo são prova disso. Se durante boa parte do século XX a existência de bloco socialista serviu de contraposição ao avanço do capital e o obrigou a “ceder os anéis para não perder os dedos” com as políticas de bem estar social na Europa, agora, sem a “ameaça comunista”, esses direitos são paulatinamente retirados e a sanha neocolonial ronda o mundo novamente. Nos Estados Unidos a repressão sobre qualquer tipo de organização sindical e popular também continua, enquanto a pobreza nessa potência econômica mundial atinge seus maiores patamares.
Na América Latina, há mais de uma década movimentos de contestação às políticas neoliberais foram traduzidas em eleições de governos de esquerda e centro-esquerda, contribuindo para a melhoria das condições de vida e de trabalho de suas populações, ainda que em graus diferenciados. A grande questão ainda não respondida e que devemos apostar todas as fichas é se esse processo contribuirá para o avanço na perspectiva da transformação socialista. A existência e o fortalecimento de setores socialistas no interior desses países são de fundamental importância. Portanto, a batalha a ser travada pelos socialistas é dupla: defender o processo em curso e pressionar os governos para ampliação dos direitos dos trabalhadores, por reformas estruturais que alterem as relações de propriedade e riqueza e ampliação de políticas públicas e sociais.
No Brasil, nesse 1º de maio, a CUT organiza sua manifestação com o lema Liberdade e Autonomia Sindical, reforçando a campanha pelo fim do imposto sindical. Infelizmente, parte do movimento sindical pelego no Brasil sobrevive apenas desse recurso que, junto com a estrutura sindical existente, colabora para sua burocratização. A Convenção 87 da OIT, a única convenção fundamental não ratificada pelo Brasil, é pauta de luta prioritária da CUT. Além da mobilização junto às categorias cutistas, faremos uma forte pressão para que o governo finalmente atenda essa luta histórica. Defendemos que a organização da classe trabalhadora deve ser obra da livre iniciativa dos trabalhadores, sem tutela de patrões nem de governos.
Vamos à Luta!! Viva a Classe Trabalhadora!!
*Expedito Solaney é Secretário Nacional de Políticas Sociais da CUT
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