Ricardo Kotsho: Marina não é “Lula de saias”, mas Jânio e Collor


Por Ricardo Kotsho

Advertência necessária: quero deixar bem claro, antes de começar a escrever este texto, no qual venho pensando desde que Marina Silva explodiu como candidata favorita a presidente da República, após a tragédia aérea que matou Eduardo Campos, para que ninguém entenda errado o título: não se trata de uma comparação entre pessoas e suas trajetórias de vida, mas entre fenômenos políticos.

Nos últimos dias, apareceram muitos comentários na mídia comparando Marina a Lula, ambos com origens bem humildes e histórias de vida comoventes, que acabaram construindo seus próprios caminhos, os dois fundadores do PT e vitoriosos em suas caminhadas. Por diferentes caminhos, eles agora se encontram frente a frente em mais uma disputa pela Presidência da República do Brasil, e há quem chame Marina de "Lula de saias", a mulher que desafia Dilma Rousseff, candidata de Lula.

Marina Silva: vida e morte da política


Por Luciana Ballestrin

Entender as razões que levam uma pessoa a votar em outra é uma das preocupações mais clássicas da 
Ciência Política. Nas democracias representativas-liberais-ocidentais, entender a cabeça do eleitor(a), decifrar os seus anseios e jogar com suas intenções de voto orientam as máquinas do marketing eleitoral e das pesquisas de opinião pública. São várias as possibilidades da racionalidade do voto e sua conquista pelos partidos políticos depende de muitos fatores, circunstâncias e contextos.

Em tempos de campanha eleitoral, mais do que programas de governo, os discursos políticos têm o objetivo de interpelar fatias do eleitorado potencial e indeciso, criando uma cadeia de equivalência de significados capaz de mexer com nossa razão e nossa emoção. A campanha de Marina Silva do PSB tem se esforçado para equivaler duas noções personificadas pela candidata: a “nova” e a “boa” política para o país. Esta lógica aposta que a política atual, bipolarizada pelo PT e PSDB, é “velha”, “ruim”; encurralada, pois, entre duas vias.

Cartum: Certo dia em um feed de notícias


Autor: Rafael Salimena
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Candidatura Aécio virou pó. Financiadores vão debandar?


Aécio Neves virou pó. Ele vai reagir?

Por Altamiro Borges

A boataria corre solta na política e indica que a candidatura de Aécio Neves pode virar pó rapidamente. A mídia oposicionista, que transformou o velório de Eduardo Campos num megacomício e incensou ao máximo a ex-verde Marina Silva, agora dá sinais de preocupação.

O seu objetivo era forçar o segundo turno da eleição, viabilizando o cambaleante candidato do PSDB. Mas as sondagens internas dos vários partidos apontam que o dose do veneno foi exagerada e pode até resultar na morte prematura de Aécio Neves.

Marcio Pochmann: A política externa e a nova partilha do mundo


Por Marcio Pochmann

Com 7,2 bilhões de habitantes e mais de 200 países, o planeta Terra contabiliza Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 75 trilhões. Se repartido equivalentemente, cada habitante receberia US$ 10,5 mil em 2013 (R$ 23,6 mil). Infelizmente, a repartição da renda no mundo não é bem assim. Como diria G. Shaw: “A estatística é uma ciência que demonstra que se meu vizinho tem dois carros e eu nenhum, nós dois temos um, em média”.


Atualmente, o PIB global encontra-se repartido em quatro grandes blocos de países. De um lado, as economias ricas que se associam à Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE),­ operando em dois grandes blocos distintos de economias. Um na América do Norte, outro sob o comando da União Europeia. De outro lado, a parte restante dos países fica com 49% do PIB, dividindo-se também em dois grandes blocos de economias.  O primeiro atende pelo nome de Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e o segundo bloco compreende os demais países restantes.

Boaventura: a extinção do Estado de Israel


Acusemos Israel
Podem simples cidadãos de todo o mundo organizar-se para propor em todas as instâncias de jurisdição universal possíveis uma ação popular contra o Estado de Israel no sentido de ser declarada a sua extinção, enquanto Estado judaico, não apenas por ao longo da sua existência ter cometido reiteradamente crimes contra a humanidade, mas sobretudo por a sua própria constituição, enquanto Estado judaico, constituir um crime contra a humanidade? Podem. E como este tipo de crime não prescreve, estão a tempo de o fazer. Eis os argumentos e as soluções para restituir aos judeus e palestinianos e ao mundo em geral a dignidade que lhes foi roubada por um dos atos mais violentos do colonialismo europeu no século XX, secundado pelo imperialismo norte-americano e pela má consciência europeia desde o fim da segunda guerra mundial.

Organização lança campanha “não vote em ruralista”


Por Repórter Brasil

A organização 350.org lançou nesta semana a campanha “não vote em ruralista“, que pretende chamar a atenção o papel que parlamentares da Frente Parlamentar da Agropecuária, a chamada Bancada Ruralista, têm desempenhado no Congresso Nacional. 

Teologia, necrofilia e sustentabilidade



Por Wanderley Guilherme dos Santos

Em 16 de agosto, a então candidata a vice-presidente Marina Silva declarou ao jornal Estado de S. Paulo que não estava no jatinho em que morreu Eduardo Campos, segundo a reportagem, “por providência divina”. Foi sua primeira declaração sobre o acidente, repetida, com variantes, em todas as suas declarações posteriores.

Filosofia em charges: Slavoj Zizek - Da Tragédia à Farsa






Vídeo com legendas em português, mas tem que clicar em CC






Terrorismo econômico


Por Cornelius Buarque

Diversos analistas “independentes” tem praticado diversos atos de terrorismo econômico. Usam expressões como bomba-relógio, passivo estrutural e alguns mais assanhados usam os termos "fim do Brasil".

Analisando friamente os diversos fundamentos das teses apresentadas, vemos que o único consenso entre os diversos “analistas” é a existência de uma inflação represada de mais ou menos 2% para 2015.

Cartum: Pesquisa de "Boca de Túmulo"


Já estávamos habituados as famosas pesquisas de "boca de urna", nesta eleição se inaugurou a pesquisa de "boca de túmulo".

Autor: Vítor Teixeira
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O ator sueco e a sonegação da Globo


Por Paulo Nogueira

Stellan Skarsgard é um ator sueco.

Aos 63 anos, um dos favoritos do cineasta Lars von Trier, tem uma carreira vitoriosa que lhe trouxe fama e dinheiro. Recentemente, ele concedeu uma entrevista na qual reafirmou seu amor pela Suécia.

“Vivo na Suécia porque o imposto é alto, e assim ninguém passa fome. A saúde é boa e gratuita, assim como as escolas e as universidades”, disse ele. “Você prefere pagar imposto alto?”, lhe perguntaram. “Claro. Se você ganha muito dinheiro, como eu, você tem que pagar taxas maiores. Assim, todo mundo tem a oportunidade de ir para a escola e para a universidade. Todos têm também acesso a uma saúde pública de qualidade.”

Eleições no RS: em 6 dias, duas pesquisas muito diferentes


Por Marco Weissheimer

Seis dias depois de publicar uma pesquisa Ibope apontando um empate técnico na disputa eleitoral no Rio Grande do Sul, o grupo RBS publicou uma nova pesquisa, do Datafolha, com um resultado bem diferente. A diferença entre Tarso Genro e Ana Amélia Lemos, que no Ibope era de apenas um ponto, pulou para nove pontos, seis dias depois, no levantamento da Datafolha.

Como o instituto do Grupo Folha não revelou os critérios da amostragem realizada no Estado, é impossível analisar o significado desta diferença tão grande em tão pouco tempo. Ainda mais quando o único fato político novo neste período foi favorável a Tarso, a saber, o anúncio feito pela presidente Dilma de que o projeto de renegociação da dívida do Estado será votado em novembro deste ano.

As bizarras e absurdas reações a morte de Eduardo Campos


Morte de Campos: a tentativa ignóbil de transformar a tragédia em piada 

Por Leonardo Sakamoto

Nem bem a morte do candidato à Presidência da República Eduardo Campos em um acidente aéreo, nesta quarta (13), foi confirmada e surgiram comentários com afirmações de mau gosto ou inferências políticas bizarras nas redes sociais.

Pessoas pedindo para que, no lugar de Campos, naquele jatinho, estivesse Aécio ou Dilma. Ou colocando a culpa em um ou em outro pelo acidente.

Não, isso não é piada. Muito menos revolta contra a política.

Eduardo Campos morre em acidente aéreo


O presidenciável Eduardo Campos (PSB-PE ) morreu na manhã desta quarta-feira em um acidente aéreo em Santos. O jato em que estava o político caiu na altura do número 136 Rua Alexandre Herculano, nas imediações do Canal 3, a cerca de sete quadras da praia. Não houve sobreviventes.

É lamentável a morte de Eduardo Campos. Toda a nossa solidariedade aos amigos e familiares.Uma tragédia que não deve ser usada politicamente, mas sim tratada com respeito e condolências.
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Hiroshima e Nagasaki 69 anos depois


Por Amy Goodman

“Odeio a guerra”, afirmou Koji Hosokawa quando nos encontrávamos junto ao Memorial da Paz de Hiroshima, Japão. Num extremo do Parque Comemorativo da Paz erige-se o esqueleto de um edifício de quatro andares. O edifício foi um dos poucos que ficaram em pé após os Estados Unidos terem lançado a bomba atómica em Hiroshima a 6 de agosto de 1945 às 8.15 da manhã. Três dias mais tarde, os Estados Unidos lançaram uma segunda bomba em Nagasaki. Centenas de milhares de civis morreram, muitos no momento da explosão e outros tantos lentamente como consequência de queimaduras graves e do que mais tarde passou a ser conhecido como doenças provocadas pela radiação.

O mundo observa horrorizado os diversos conflitos militares da atualidade, que só deixam atrás de si mais destruição. Na Líbia e em Gaza, na Síria, no Iraque, no Afeganistão e na Ucrânia. Não muito longe dos mortos e dos feridos desses conflitos, os mísseis nucleares aguardam alertas, à espera do terrível momento em que a arrogância, um acidente ou a falta de humanidade provoquem o próximo ataque nuclear. “Odeio a guerra”, reiterou Hosokawa. “Odeio a guerra, não os norte-americanos. A guerra torna as pessoas loucas”.

Emir Sader: Obama bombardeia o Iraque, mas alvo é outro


Por Emir Sader

Barack Obama é o quarto presidente consecutivo dos Estados Unidos a bombardear o Iraque. Antes, os dois Bush – pai e filho, republicanos – e o democrata Clinton, já o tinham feito, no que parece ter se tornado hábito dos primeiros mandatários dos EUA

As razões podem ser militares ou políticas, internas ou externas, o certo é que as bombas que caíram sobre o Iraque nas ultimas décadas fazem do país o alvo preferido dos presidentes norte-americanos. No caso de Obama, ele enfrenta a um obstáculo atualmente intransponível para uma nova aventura militar, a população norte-americana, na imensa maioria, não quer participação do país em  guerras.

Como seria o Rio Grande do Sul governado pela RBS?


Por Erick da Silva

Imaginem a seguinte cena: o governador do Rio Grande do Sul, alegando um cenário de dificuldades financeiras por queda na arrecadação, anuncia através de uma videoconferência, que mais de uma centena de servidores seriam demitidos. Sem anunciar previamente quais os funcionários e nem as áreas que viriam a ser afetadas pelos cortes, mas antevendo-se ao clima de incertezas e aflição que tal decisão provocaria, recorre a uma frase de estímulo onde sugere que os demitidos encarem a nova realidade de desempregados com "coragem, energia e desapego para deixar de fazer coisas que não agregam e investir no que pode nos fazer crescer".

Cartum: Para entender o conflito na literatura


Autor: Grant Snider
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Compartilhar conteúdo que você não gosta, mesmo que para criticar, legitima o veículo


Compartilhar para falar mal. Apenas parem

Por Lino Bocchini 

“Que capa absurda! Vou denunciar pra todo mundo que a revista X é mentirosa!”

“Ridícula essa reportagem da Tv Y, é muito tendenciosa! Vou descer o pau!”

“Esse colunista fulano é um imbecil! Vou acabar com ele no meu perfil!”

Pode apostar: a revista X, a Tv Y e o colunista fulano agradecem de coração a sua divulgação. Graças a atitudes assim eles seguem firmes no centro do debate. Tanto faz se quem divulgou os aprova ou critica. A cada clique no “compartilhar” do Facebook eles pautam mais gente, inclusive você e a sua rede de conhecidos.

Os brasileiros pagam muitos impostos?



Depende de qual brasileiro se está falando. O brasileiro pobre paga, sim, muitos impostos. O rico? Não. Explica-se. Há diversos tipos de impostos, mas pode-se resumi-los em dois grupos: impostos indiretos, cobrados sobre mercadorias e serviços, e impostos diretos, cobrados sobre a renda e patrimônio.

Jean Jaurés: um século de pensamento socialista


O centenário do assassinato do socialista francês Jean Juarés foi um episódio que simboliza a radicalização política européia do inicio do século XX. Naqueles sombrios anos que seguiram-se a sua morte, ao ter se colocado notadamente por uma oposição à Primeira Guerra mundial, algo raro entre social-democratas europeus, o tornaria amplamente reconhecido ao redor do mundo. O pacifismo de Juarés era mais amplo que a crítica ao belicismo imperialista. A sua concepção socialista, embora reconhecesse a Luta de Classes, propunha uma revolução social democrática e não violenta. O artigo de Eduardo Febbro resgata alguns elementos do pensamente e legado de Juarés.

Por Eduardo Febbro

Poucos defensores da humanidade contra o capitalismo foram tão expoliados como o líder socialista francês Jean Jaurés, cujo assassinato ocorrido em 31 de julho de 1914, no Café do Croissant, em Paris, completou um século. O Café Croissant segue existindo. Resistiu ao voraz apetite financeiro de um capitalismo que o fundador do socialismo francês considerava, no início do século XX, como um ente "contrário à ideia da justiça e, por princípio, da humanidade".

Seu pensamento hoje ecoa entre a direita, a extrema direita, o socialismo autoritário moderno e os românticos sem partido. Jaurés é um homem de uma modernidade surpreendente. Suas ideias definem com uma precisão cirúrgica o combate que a cínica avidez da oligarquia financeira reatualiza a cada semana.

Artistas palestinos transformam fumaça das bombas em imagens de resistência


Enquanto o conflito na faixa de Gaza parece não encontrar o caminho da paz, artistas locais se mobilizam através da arte. A fumaça de explosões vista em algumas imagens de guerra na Palestina ganhou um toque de criatividade e foi transformada em outras figuras, por meio de desenhos feitos por Tawfik GebreelBushra Shanan e Belal Khaled.
As sobreposições respondem às crises no país e procuram enviar uma mensagem humanitária universal, com o uso de símbolos de esperança e outros desenhos, que prestam homenagem aos mortos durante o conflito, à resistência e rebeldia.
Sabe quando ficamos olhando as nuvens em busca de figuras? A ideia partiu disso, seguindo os contornos exatos das fumaças. Só que, neste caso, a busca por conforto e até uma certa fantasia é ainda maior, servindo como um refúgio em meio à guerra e um grito de esperança.