Nicolás Maduro e a vitória da Revolução Bolivariana


Por Erick da Silva

Nicolás Maduro venceu as eleições presidências na Venezuela. Neste domingo (14), Maduro, o candidato da Revolução Bolivariana, venceu o direitista Henrique Capriles por 50,66% a 49,07%. A diferença é de cerca de 200 mil votos. O comparecimento às urnas foi de 78,71% dos eleitores.
Foi uma vitória apertada, muitos acreditavam que Maduro poderia ampliar (ou igualar) a vantagem obtida por Hugo Chávez de 12% (56 a 44%) das eleições de outubro do ano passado, quando Capriles enfrentou Chávez em sua última disputa. Esta vitória, por uma pequena margem, foi um tanto quanto inesperada. Pode ter sido uma vitória apertada, mas ainda sim foi uma vitória de inegável legitimidade.
Maduro terá agora o desafio de dar continuidade as mudanças político-sociais desencadeadas pela Revolução Bolivariana. Desafio complexo e que terá barreiras talvez ainda maiores que a de Chávez para enfrentar.
O primeiro e óbvio desafio será de manter coesa e unificada as forças políticas que conduziram os governos de Hugo Chávez. No primeiro teste, a disputa eleitoral, a unidade manteve-se firme em torno de Maduro. Cientes do desafio que estava posto após o falecimento de Chávez, a unidade interna era um pressuposto fundamental para a reorganização política na esquerda venezuelana. Tendo uma construção política que tinha na liderança de Chávez um elemento central de sua força e condução, inegavelmente teremos pela frente um período de mudanças internas. Algumas dessas mudanças são de extrema necessidade para a própria continuidade do projeto político bolivariano.

O sorriso do garoto sintetiza a alegria da maioria do povo venezuelano pela vitória de Nicolás Maduro.
Já em seu discurso como presidente eleito, Maduro afirmou a disposição de enfrentar temas como a corrupção e ineficiência estatal. Este processo de renovação pós-Chávez, pode propiciar uma nova etapa na politica interna do governo, enfrentando algumas questões que talvez antes não fossem possíveis.
Outro grande desafio será a própria oposição. Capriles passa agora a ter um respaldo e legitimidade que antes não tinha. Poderá ser uma voz forte do conservadorismo latino-americano e ser muito mais que apenas uma "pedra no sapato" de Maduro. Não podemos esquecer a forte tendência da direita venezuelana para adotar expedientes golpistas para bloquear a vontade democrática de sua população. A série de golpes  e tentativas de golpes que ocorreram na história recente da Venezuela atestam este perigo.
O caminho a ser percorrido pelo governo Maduro, a partir das conquistas herdadas pelos governos de Hugo Chávez, deverá ser de busca de ampliação das inúmeras e inquestionáveis avanços sociais para o povo venezuelano. Desde o início da revolução bolivariana, em 1998, o índice de pobreza caiu de 70% da população para 28%; foi alcançado fim do analfabetismo; a taxa de mortalidade infantil diminuiu de 27 por mil a praticamente a metade: 14 por mil. O acesso a água potável subiu de 80 a 92% da população; a saúde caminha para uma universalização do acesso público e etc.
Sem dúvida ainda existe grandes desafios a serem superados, como o tema da segurança e da violência urbana, mas as condições políticas para isto, na Venezuela, serão muito mais promissores que em outros países.
Como corretamente aponta o editorial da Carta Maior, " A Venezuela, hoje, é onde a AL ousa ir mais longe no aprendizado para o socialismo. Não é um caminho de flores. Nunca será. Temos todos a aprender com os avanços e tropeços dessa experiência. Por isso, entre outras razões, é preciso defender o seu direito de prosseguir. "
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