Derrotada nas urnas, direita venezuelana tenta golpe de estado


Por Erick da Silva

Menos de 24 horas após a divulgação do resultado oficial das eleições venezuelanas que elegeu Nicolás Maduro presidente com 50,66%, derrotando o candidato da direita Henrique Capriles, por uma diferença de cerca de 200 mil votos, grupos armados ligados a extrema-direita venezuelana  cometeram uma série de 
atendados violentos e tentam criar um clima de "terror" na Venezuela.

O prenúncio do golpe  começou em uma coletiva realizada na manhã de segunda (15), onde o derrotado Capriles afirmava não reconhecer o resultado das eleições, exigindo a recontagem dos votos. Anunciou uma série de ações, como atos e "panelaços", para rechaçar a cerimônia de posse de Maduro.

O histórico golpista da direita venezuelana não é uma novidade, ao longo de todo o século XX, foram muitos os períodos ditatoriais e golpes, o próprio presidente Hugo Chávez foi vítima de uma tentativa frustrada de golpe em 2002 (veja mais aqui). Assim como em 2002, o cenário para um novo golpe conta com a "inspiração" dos EUA.

Os EUA, preparando o terreno para a legitimação de futuras ações "golpistas", declarou ser "necessária e prudente a recontagem de votos na Venezuela", devido a "diferença acirrada" na votação entre os candidatos. Argumento que desconsidera uma eleição legitima, transparente, dentro das regras previstas na Constituição da Venezuela e que contou com mais de 200 observadores internacionais. Quantos aliados "democráticos" dos EUA podem dizer o mesmo de suas "eleições"?

As ações golpistas da extrema-direita já começaram durante o processo eleitoral,. como por exemplo a
tentativa de sabotar o fornecimento de energia elétrica. Ainda mais grave, alguns dias antes da eleição, o governo da Venezuela prendeu mercenários colombianos e salvadorenhos, que haviam entrado no país com armas e explosivos militares. Seria absurdo supor o envolvimento da CIA na contratação destes mercenários?

Após chamado de Capriles, outras lideranças da direita venezuelana adotaram discursos ainda mais exacerbados e abertamente incitando ações extremadas, que não demoraram a acontecer. Além do "panelaço"  em bairro rico de Caracas, uma série de ações violentas se sucederam.


Grupos armados atacaram carros e prédios do Governo de Barinas, estado onde nasceu Hugo Chávez. Duas casas que servem de sede para o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) foram queimadas por pessoas ligadas à oposição. As casas ficam nos estados Táchira e Anzoátegui. Em Caracas e no interior, casas de autoridades foram alvo, algumas delas sendo queimadas. 

Centros de saúde foram atacados, principalmente onde se concentram médicos cubanos. As sedes da VTV e da TeleSur  foram cercadas por grupos violentos. Foram atacados integrantes da Guarda Nacional que faziam segurança no bairro nobre de Altamira, em Caracas, dominado por antichavistas. Civis ligados a coletivos bolivarianos foram atacados e intimidados, já havia registro de pelo menos sete vitimas fatais.

Maduro denunciou a tentativa de golpe e alertou “Maioria é maioria e a democracia deve ser respeitada. Não podem buscar emboscadas, invenções para deixar vulnerável a soberania popular (...) isso só tem um nome: golpismo. Quem pretende deixar vulnerável a maioria da democracia o que está é chamando um golpe. Um golpe está a caminho”. Maduro fez um chamado a pacificação, alertando sobre uma tentativa de desestabilização. “Não tenha dúvidas de que nós vamos defender o resultado, a democracia, a Constituição e o legado de Hugo Chávez”, “não caiam nesse chamado à confrontação”, pediu à população.

O apoio popular para uma tentativa de golpe é reduzida, as forças armadas já declararam seu apoio ao processo democrático. No entanto, quais serão os desdobramentos desta ação golpista ainda é difícil de prever, como alerta Maduro, "a direita que há na Venezuela é capaz de tudo".
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6 comentários:

Carlos Eduardo da Maia disse...

Chávez chamava a oosição venezuelana de "os esquálidos". E, de fato, a sonolenta oposição demorou a acordar. Fez, inclusive, a grande burrice de não participar de uma eleição, deixando o chavismo tomar conta das instituições que controla hoje o executivo, o judiciário e o legislativo. Ninguém poderia imaginar, após a morte do grande líder, que Henrique Capriles, candidato oposicionista fosse perder com diferença de menos de 2% dos votos. Nenhuma pesquisa indicava isso. A vitória folgada de Maduro, candidato do chavismo, era dada como certa e por razoável margem.


Os esquálidos, os descontentes, os opositores estão mostrando sua força numa Venezuela dividida, inflacionada, com problemas graves de abastecimento e de gestão, onde a corrupção e a violência tomam conta. Maduro não vai ter folga, os esquálidos estão atento e eles estão aumentando. E o chavismo pode virar história.

WANDERSON MENDES disse...

Ué!, mas em uma "ditadura"pode a oposição se manifestar? Pode seus meios de comunicação fazer campanha contra o governo diuturnamente? Os episódios lamentáveis protagonizados pela oposição venezuelana demonstra apenas que a "direita" não consegue atualizar nem seu "modus operandi". Continua golpista lá, como cá!

Anônimo disse...

Não existe nos anais da história mundial que um governo extremamente corrupto e/ou sanguinário tenha entregado o poder de forma espontâneo e/ou democrático, todos, sem exceção, foram derrubados por uma revolta popular (exemplo, Tunísia, Egito etc), intervenção externa (ex, Iraque, Panama, Líbia etc), desmonte interno (ex, Argentina, URSS etc) ou acordo com a oposição( ex, Chile, Brasil etc).
A Venezuela não será exceção na história, os chavistas sabem que não podem entregar o poder, pois a corrupção foi tanta, mas tanta, que se a oposição tomar o poder, milhares de chavistas irão presos por corrupção, daí a tentativar de vencer o pleito na marra.
Idem com o Brasil, engana-se quem pensa que Dilma perderá a eleição em 2014, o PT jamais entregará a presidência de forma limpa e democrática, pois eles farão de tudo, inclusive, caso necessário, adulterando as urnas eletrônicas pra vencerem, pois o PT roubou tanto, mas tanto, que hoje praticamente seria impossível Lula e sua turma sair ileso de uma investigação isenta da PF.
O problema do PT é que eles não tem como adulterarem milhares de urnas eletrônicas no dia da votação, só uma pequena parte, daí o desespero de Lula em começar a campanha eleitoral em 2013.
Enfim, o ministro Patriota precisa apoiar Maduro, pois ele sabe que o PT poderá precisar do apoio deles em 2014, caso a oposição no Brasil tenha o mesmo desempenho de Capriles nas urnas.

Anônimo disse...

Viva a Revolução bolivariana!
Fora direita golpista!

Anônimo disse...

A direita golpista venezuelana de fato nunca apostou nas eleições. Para essa classe de tradicionais privilegiados o critério democrático é irrelevante, posto que não admitem em hipótese alguma um representante dos trabalhadores no poder. Para esses parasitas, o golpe de estado está na ordem do dia, porque só importa servir aos interesses imperialistas. Que os trabalhadores venezuelanos continuem lutando pela sua independênciaQ

Apelido disponível: Sala Fério disse...

É uma direita safada e antidemocrática. Ontem um cara estava postando um vídeo fajuto no Youtube, uma montagem que sugeria fraude eleitoral, queima de votos por militares. Eles usam todos os expedientes baixos possíveis, mas quem é chamado de sujo somos nós.