Racismo, machismo e uma pitada de nazismo no trote do direito da UFMG

Por Erick da Silva

As imagens acima são de um trote realizado na última sexta-feira (15/03) por estudantes de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). São imagens grotescas o bastante para falarem por si.

Em uma foto,  um grupo de estudantes de direito fazem a saudação nazista, tendo um deles inclusive usando um bigode postiço similar ao de Adolf Hitler, ao redor de um estudante preso com fita adesiva a uma pilastra. Na outra foto, um estudante de direto puxa uma mulher acorrentada, pintada de preto e com um cartaz escrito "Chica da Silva". 

Não são situações que deixe alguma dúvida quanto ao racismo e machismo escancarados no trote em questão. Pelo contrário, podem significar até mesmo que o dito trote pode ter sido usado para, de forma não explicita, ser uma demonstração de força de grupos extremistas. Nazistas não são apenas "carecas vestidos de preto", eles podem assumir outras formas menos "estereotipadas".

Trotes sempre foram um terreno fértil para todo o tipo de despropósitos  Como "brincadeira", muitas agressões desmedidas foram praticadas contra estudantes calouros. Em nome de uma "iniciação", para fazer parte da "galera legal do curso" estudantes são humilhados e colocados em situações que em nada colaborara para uma integração e ingresso na vida universitária. 


As imagens do trote dos estudantes do direito da UFMG simbolizam um pouco do vazio cultural que assola diversos cantos do país. A idiotia passa a ser idolatrada como "irreverência". Usando o nome de "politicamente incorreto", palavra que serve como um guarda-chuva para converter todo o tipo de preconceito em algo "irreverente", passa-se a cometer todo o tipo de absurdo. Tudo em nome de dois ou três minutos de risadas imbecilizadas e desprovida de algum sentido para além do ato imbecil em si.

Não dá para aceitar que, mais uma vez, classifiquem esse trote como uma "brincadeira polêmica". Não é aceitável que cenas como estas sejam naturalizadas e que nada ocorra, caindo no corriqueiro esquecimento que situações como estas, inúmeras vezes, acabam caindo no Brasil.
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10 comentários:

Anônimo disse...

Lembrando que publicar fotos desses jovens indevidamente também é crime.

ERick disse...

As fotos foram disponibilizadas publicamente nas redes sociais, logo, o caráter privado delas deixou de existir no momento que foram publicadas desta forma.
Por se tratar de fotos uma ação tipificável na legislação brasileira como crime, essa inviolabilidade da imagem deixa de ser uma premissa válida, haja visto a jurisprudência sobre o tema em situações similares.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Pois avise aos mesmos, senhor (sra) anônimo. Quem vc acha que divulgou as fotos? Eu ou o autor do texto?

Anônimo disse...

Não interessa se o cara publicou as fotos na internet. Se tu distorcer e publicar comentários e textos denegrindo a imagem de quem aparece nelas, quem está errado é você. Tem que estudar mais um pouco sobre direito digital.

Anônimo disse...

Esses playboys estudantes de direito devem reponder por seus atos.
Racismo no Brasil é crime!
César

ERick disse...

Caro Anônimo, as imagens falam por si. Comentei apenas o que as fotos demonstram, não há distorção alguma.
Se queres defender o indefensável, use argumentos que entrem no mérito da questão.

Unknown disse...

Acho que não passou de uma brincadeira. Uma critica. A Globo faz isto todo sábado e ninguem diz nada.

Apelido disponível: Sala Fério disse...

A medida do aceitável poderia ser a consensualidade ou não do trote entre os que o aplicaram e os que a ele estiveram submetidos. De qualquer forma, mexer com certas cicatrizes sociais ainda abertas poderia ofender terceiros, já que, conforme dizem, publicizaram as fotos na internet.

Anônimo disse...

Não interessa se houve consentimento ou não. Se foi uma "piada" ou não.
A forma como foi exposto reforça uma ideia de inferioridade racial e de gênero que é inaceitável que ainda exista em pelo século XXI.